D u a n t d u

8.1K 412 170
                                    

Capítulo 22

Enlouquecendo: Ficar louco, perder a razão.

🌑

Que estranho, agora a pouco estava ensolarado, ficou nublado de repente, olho para o céu e vejo nuvens de chuva se formando, sinto o vento forte sobre meu rosto, estamos na rua de frente da nossa casa, papai está conversando com o tio e Suely está brincando de bola com o Ávrey, nosso primo de 8 anos, observo o final da rua e de longe, vejo uma grande tempestade de poeira e folhas vindo em nossa direção, uma caminhonete vira e praticamente voa e um caminhão enorme fica desgovernado pelo impulso da tempestade.

- Suely, Suely - grito - corram pra dentro de casa, rápido, vamos!

Pego o pequeno Ávrey nos braços e o levo para dentro de casa, e Suely em seguida entra também, o vento agora é ensurdecedor, meu cabelo voa conforme a direção do vento.

- Pai, paaai, vamos, entra logo - então ele corre atravessando a rua, mas não consegue, a tempestade o atinge, fico desesperada, meu coração dispara, é complicado enxergar no meio da poeira, a tempestade o joga na parede do outro lado da rua.

Eu só posso gritar, e gritar, e gritar, e gritar. Então vejo o caminhão surgir rapidamente e os pneus passam por cima do meu pai.

- NÃAAAAAO, PAAAAAAAAAI, PAAAAAAAAAI! - grito horrorizada e chorando, na esperança que ele esteja vivo - PAAAAAAAAAI.

- Filha, Filha, calma, calma, eu to aqui, eu to aqui.

Abro meus olhos e vejo meu pai me segurando nos seus braços, foi um pesadelo, mais um pesadelo.

Tem sido assim desde a Chácara Sangrenta. Sonhando mortes e mais mortes. O rosto do meu pai preocupado, tentando me acalmar, meu coração acelerado, toco em seu rosto para me certificar que era real, meu rosto está úmido, eu estava chorando.

- Pai, pai, você...

- Shiiiu, foi só um sonho.

Ele diz me abraçando na cama e eu respiro fundo tentando me acalmar, consigo ver Suely na porta do quarto, deve ter acordado com meus gritos.

Pego meu celular, que sempre fica de costume ao meu lado na cama, e vejo as horas, 3:37am.

- Mamãe?

- Não se preocupe com ela, irá ficar bem - ele diz me dando um copo de água que Suely trouxe, apesar dessa cama e esse quarto não serem meus, sinto como se fosse, talvez por eu ter dormido várias vezes com meus pais, mas agora é diferente, sabemos o que sentimos um pelo outro e é melhor não arriscar dormindo na mesma cama, ele foi dormir no sofá da sala, mesmo eu insistindo para que eu dormisse lá e ele aqui.

- Eu tenho uma amiga que é psicóloga, vou marcar uma consulta para você.

Ele diz sentado ao meu lado  cama e seus olhos fixos me analisando.

- Gabe está precisando é se afastar de tudo isso, porque vocês não viajam, só vocês dois?

- Só nós dois? - digo observando ela encostada na porta - e você não vai?

-Eu tenho que resolver umas coisas da faculdade, e posso trazer a Amanda para ficar aqui enquanto vocês estão fora.

Suely diz visivelmente excitada.

- O que você acha? Podemos ir para Alagoas.

Papai pergunta, eu sei que ele deseja só o melhor para mim, os dois me observam esperando uma resposta, dou um sorriso de canto nos lábios.

Tal Pai, Tal Filha [ Reescrevendo ]Where stories live. Discover now