D e c i u n

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Capítulo 11 - Transcendente.
(Parte II)




Admitir: Permitir, concordar. Aceitar algo que antes você discordava.

*

- Você não está morta - Ela responde de costas para mim.

- O que? - Falo assustada.

- Como você sabe? Eu não disse isso pra você, consegue ler mentes?

- Eu sei disso... Porque eu sou você.

Ela diz e se vira pra mim e eu fico horrorizada olhando pra mim mesma, só que com o cabelo curto, um pouco mais alta e mais velha tipo uns 10 anos. Caio de joelhos, com as minhas mãos na boca, ela está nua e eu... estou nua... O que está acontecendo?

- Estou aqui pra te revelar uma coisa.

Ela responde novamente a pergunta que fiz na minha mente.

- Já que você é tapada demais pra conseguir ver ou admitir sozinha.

- Você não sabe nada sobre mim. Eu quero sair desse lugar.

- É claro que eu sei.

Porque eu sou você.

Sou sua mente.

Sou sua razão.

Sou o que você quer evitar.

- Aaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaa - Dou um grito fino e agudo cortando o silêncio - EU QUEROO SAIR DAQUI, ME TIREEEM DAQUIII, AAAALGUEM?

Ela se aproxima de mim.

- Fique longee de mim. - Dou passos pra trás.

- Você se pergunta a tanto tempo porque nunca se apaixonou de verdade, porque nunca teve um namorado sério.

- Por quê nunca achou alguém que realmente você ama?

- Por quê você ainda é virgem? - Ela diz se aproximando de mim

- Por... Porqueee eu ainda não encontrei a pessoa ceerta. - Falo agressivamente, cortando sua voz, sinto vontade de chorar, minhas bochechas estão quentes.

- Você procurou, procurou e nunca achou. Sabe por quê ?

Balanço meu rosto dizendo que não.

- Porque ele sempre esteve com você.
- Ajudando você.
- Cuidando de você.

- Não, não, não... De quem você está falando? - Falo assustada e curiosa.

- Você sabe. - A expressão dela muda, ela está séria e fria, parada já bem perto de mim.

- Não. Não é ele. Não pode ser. - Falo mexendo a cabeça ao dizer não.

- Fala logo, quem é ele Gabriela? - Ela segura no meu braço esquerdo.

- Eu nãooo seeei. - Falo agressiva tentando me soltar, ela me segura o outro braço me fazendo ficar de frente a ela, só a nos duas completamente nuas nessa imensidão branca.

- Quem é ele? - Ela pergunta firme usando um tom de voz baixo.

- Eu não sei. - Digo me segurando pra não chorar.

- Qual é o nome dele? - Ela começa a me apertar enquanto tento me afastar. Viro meu rosto pra ela não me ver chorar.

- Eu não sei quem é - Falo baixinho.

- VOCÊ SABE QUEM É ELE SIM, FALA LOGO SUA IDIOTA, POR QUEM VOCÊ ESTA APAIXONADA? DO QUE VOCÊ TEM MEDO DE ADMITIR? QUEM É ELE?

Ela me segura com força e nossos rostos quase colados.

Abaixo a cabeça e fecho meus olhos admitindo.

- Papai.

De repente não ouço mais nada, não sinto ela me segurando, abro meus olhos e vejo o teto da minha casa.

Estou na minha cama, quer dizer, na cama dos meus pais. Olho pro lado, Suely está sentada na cama de costas pra mim junto com a Amanda, dividindo o fone de ouvido e meu pai está ao meu lado deitado, segurando a minha mão, ele deve ter esperado eu acordar até pegar no sono.

Sensação é de paz, até eu lembrar, um desespero começa a tomar conta de mim, solto sua mão e ele acorda, me levanto, sinto uma pontada na cabeça. Suely se vira pra mim e diz:

- Dormiu bem Bela-Adormecida?

Tal Pai, Tal Filha [ Reescrevendo ]Where stories live. Discover now