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Capítulo 3 - Os Cabelos Brancos De Suely.

Cor: Significa a manifestação da luz ou até mesmo a própria luz.

*

Meus pais acordam cedo para trabalhar. Minha mãe é repórter de um conhecido canal em Teresina. E eu... Bom, eu faço o café da manhã antes de ir para faculdade com a Suely. Ah, não te falei? O meu pai é ginecologista.

Hoje eu acho legal, um pai ginecologista tem suas vantagens, tipo vários conselhos sobre higiene, cuidados e como... você sabe, aquilo. Então eu e a Suely nunca tivemos problemas aqui em baixo, mas quando eu era novinha sofria bullying na escola por causa do trabalho do meu pai.

Ele trabalha no turno da tarde, começando ao meio-dia até 8 horas da noite, mesmo assim ele tem costume de acordar cedo para fazer atividades físicas.

Coloca todos os pratos na mesa e me sento para comer. Por trás, sinto dois beijos carinhosos em meu ombro, faço um breve cafuné no cabelo do meu pai, ele puxa uma cadeira do meu lado direto e se senta, minha mãe se aproxima puxando a cadeira do meu lado esquerdo. Papai coloca seu celular ao lado do prato.

Ok, Google.

Plum!

Podcast das notícias de hoje.

Essas são as notícias mais recentes.

E ouço o assistente virtual do Google começar a reproduzir as notícias no celular do meu pai enquanto comemos. Vejo a Suely se aproximando da mesa e... Caramba! O cabelo da Suely está branco, tipo completamente branco.

Olho para o meu lado e o papai está com uma cara de "o que você fez?" Do meu outro lado, vejo a mamãe puxar o ar com um olhar que se ela fosse de Crypton, Suely já teria sido vaporizada por um lazer vindo direto dos olhos da minha mãe.

Não, não, não... Que cor é essa no seu cabelo Suely?

O que tem demais na cor do meu cabelo?

Está horrível!

Não, eu não acho que está horrível mas pra minha mãe sim, penso.

Você está parecendo uma bruxa!

Bruxa? — Ela sorri, ironicamente.

Tome seu café, porque vamos em um salão de beleza e pintar seu cabelo de uma cor decente —, mamãe diz.

Eu não vou a lugar nenhum, o cabelo é meu e faço o que quiser com ele.

 — Não enquanto você morar na minha casa e consumindo nossa comida. Não vê que isso está feio, parece uma bruxa.

Mãe como pode ser tão infantil? Isso não tem nada a ver e nem se quer pareço com uma bruxa.

Eu vou pelar sua cabeça se você continuar com essa cor.

Os olhos de Suely enchem de lágrimas.

Mãe, é só uma cor no cabelo. — Falo calmamente tentando amenizar a discussão.

Não se meta Gabriela, você é uma ótima filha que respeita os pais e é obediente. — Mamãe fala comigo, mas olhando pra Suely.

Suely... — De repente ouço a voz do meu pai, ele está tomando seu café calmamente. — Vá para o seu quarto até sua mãe se acalmar.

Tá pai, melhor mesmo, ainda tenho que ir pra faculdade. Prefiro lá do que continuar discutindo com uma brega.

Olha como você fala comigo, Suely. — Mamãe ameaça.

Suely se levanta e caminha para o quarto, ouvimos o som da porta bater.

Você está vendo isso, Gabriel? Essa menina está cada vez mais rebelde.

Olho para o papai e ele continua tomando seu café com um rosto calmo e angelical e diz: — É só uma cor, karina.

Você vai dar razão pra ela? — Mamãe pergunta furiosa.

Papai continua olhando para o café e comendo pão, mastiga e diz: — Você não está atrasada para ir ao trabalho?

Mamãe olha para as horas em seu celular e corre para se arrumar, pois já está arrasada. Eu e Suely nos vestimos para ir na faculdade. Suely se comporta como se nada tivesse acontecido, mas eu sei, eu sinto que no fundo ela está triste.

Estamos atrasadas, como de costume eu abraço o meu pai e o beijo no rosto, sinto o seu cheiro pós-banho, mas na correria acabo, sem querer, o beijando no cantinho da boca e fico envergonhada. Ele solta um pequeno sorriso. Olho pra ele e dou um sorriso tímido.

GABRIEEEELLAAA! — Suely grita me tirando daquele transe. — VAMOS ESTAMOS ATRASAADAAAS.

Até mais tarde papai —, digo e saio correndo atrás da Suely.

Suely dirigi o carro na maior velocidade, sinto medo, quero dizer, eu gosto de velocidade, ainda mais quando estou atrasada, mas ela não parecia bem.

A mamãe tem passado por muita coisa Sue, ela tem sentindo enjôos esses dias, passado muito estresse no trabalho. Apenas ignore, não bata de frente com ela. — Digo calmamente olhando pra ela que observa a pista fixamente.

Ela fica em silêncio por uns segundos e diz: — O que achou do meu cabelo?

Está lindaaaaa! A irmã mais linda do mundo. — Falo entusiasmada.

Estou, não estou? Eu sei que sim.

—  Aham, até mais do que a Lauren Jauregui.

Parou, agora você exagerou. Laurinha é insuperável.

Eu sabia que você iria dizer isso. Sabia. — Digo toda brincalhona.

Sorrimos juntas.

Tal Pai, Tal Filha [ Reescrevendo ]Where stories live. Discover now