Prólogo

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Inquieto, com a energia de sempre, Caleb andava de um lado para o outro no escritório da Torres & Lopez Air, o cigarro esquecido entre os dedos se transformando em cinzas.

De repente um capítulo de sua vida, que julgará encerrado dois anos atrás, fora reaberto expondo as feridas da alma e sentimentos sufocados que preferia esquecer.

Luana estava de volta à cidade.

Quase não conseguia reconhecer o próprio medo diante da situação.

Aliás, medo era o tipo de emoção que jamais associaria a si mesmo. Entretanto as coisas haviam mudado com o passar do tempo.

É claro que atravessara um período de profunda depressão depois que Luana o deixará para se dedicar a carreira de bailarina em Nova York. Embora tivesse buscado consolo nos braços de dezenas de mulheres, nunca fora capaz de esquecer completamente certas lembranças amargas.

A mágoa continuava em carne viva, portanto a culpa era de Luana. Queria obrigá-la a sofrer como havia sofrido. Queria ver aqueles lindos olhos cor de mel se encherem de lágrimas, o rosto delicado, emoldurado por cabelos castanhos e macios, transtornado pela dor. Ah, iria fazê-la pagar por tê-lo abandonado sem dizer uma única palavra, quando haviam decidido se casar.

Caleb apagou o cigarro com raiva. Fumar era um péssimo hábito, assim como amar quem o desprezara. Nunca antes uma mulher lhe dera o fora, tampouco chegará a pedir qualquer outra em casamento. Sempre se julgará um solteirão convicto, até que Luana lhe dera um beijo para agradecer um presente de aniversário. Então sua vida virará de ponta-cabeça.

Os pais de ambos haviam se tornado sócios nos negócios quando Luana tinha 14 anos e o irmão, Gustavo, era um pouquinho mais velho.

As duas famílias acabaram desenvolvendo uma grande intimidade e embora ele se tornasse o melhor amigo de Gustavo, apenas tolerava a irmã.

Com o passar do tempo, aquela garota chata se transformará numa bela mulher, a única capaz de derreter o gelo ao redor de seu coração. Sem pensar duas vezes, oferecerá tudo o que era, tudo o que possuía a ela. Mas ainda assim não fora suficiente. Não podia perdoá-la por tê-lo desprezado.

Não tinha coragem de admitir nem para si mesmo que quase enlouquecera ao ser abandonado. E agora queria vingança. Queria Luana. Precisava encontrar uma maneira de fazê-la pagar por tanto sofrimento.

Pelo que ouvirá dizer, ela machucara o tornozelo e fora proibida de dançar temporariamente. Também escutará certos rumores de que a companhia de balé andava enfrentando sérios problemas financeiros.

Se agisse com astúcia, talvez ainda conseguisse tê-la em seus braços por uma única noite e realizar seu sonho adiado durante todos esses anos. Só que desta vez não seria uma noite marcada pelo amor e pelo desejo, mas sim pela vingança.

Luana estava de volta à cidade, e  ele estava disposto a fazê-la pagar por tudo o que sofrerá.

A BailarinaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant