Capítulo Dezenove

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Na manhã seguinte, o escritório fervilhava de excitação, tudo por causa das notícias sobre a perseguição e captura dos agentes inimigos. Pelo visto, Ashley já havia contado a história para a metade do pessoal, porque Caleb não parava de receber olhares de simpatia e aprovação.

Wilmer chegou mais tarde, rodeado de guarda-costas. Apesar da palidez e da aparência cansada, fazia questão de trazer um sorriso nos lábios. Ashley começou a dizer alguma coisa e de repente mudou de ideia, levando-o diretamente para a sala de Caleb.

- Luana está bem? - Wilmer indagou, preocupado.

- Sim. - Caleb sentou-se e apoiou os pés sobre a escrivaninha.
- Mas tenho muito a dizer aos superiores de Chace sobre a maneira como ele a protegeu. Com um pouco de sorte, estou certo de que a CIA irá mandá-lo vigiar ursos polares no Alasca. -

- Sabe amigo, soube que ontem à noite houve uma certa agitação envolvendo o pessoal encarregado da segurança. Falavam alguma coisa sobre peixes carnívoros e gente dependurada em cordas em chamas. -

- Não dê importância a boatos. - Embaraçado, Caleb tratou de desconversar. - Quais são as ultimas novidades sobre a tentativa de golpe em seu país? -
O árabe recostou-se na poltrona de couro e cruzou as pernas. O porte elegante e o brilho orgulhoso dos olhos escuros lhe davam um ar de realeza impossível de ser ignorado.

- Ah meu amigo, eis aí uma história bem comprida. Para encurtá-la, vou direto ao mais importante. Os assassinos capturados ontem pelos agentes de seu governo eram o elo mais frágil da corrente. Tenho certeza de que através deles saberemos de muitas coisas importantes. -

Caleb sentiu um friozinho na espinha ao fitar a expressão dura e impiedosa de Wilmer. Embora fossem amigos há muito tempo, havia certos aspectos daquela personalidade que o deixavam inquieto. Mesmo não sendo muçulmano, Wilmer era árabe e como tal diferente dos ocidentais. Uma vez desencadeada, sua sede de vingança não conhecia qualquer limite.

- Quando é que pretende voltar para seu país? -

- Hoje se tudo puder ser arranjado, quanto mais cedo melhor. Não era minha intenção colocar você, Luana e Gustavo em perigo. Espero que saiba disso e compreenda que nada do que aconteceu foi culpa minha.-

- Claro que compreendo. -

- E quanto a Luana, você já contou tudo a ela? -

- Achei melhor esperar um pouco. Quanto menos souber, mais segura estará, pelo menos por enquanto. -

- Concordo. Luana é uma mulher como poucas, e se não pertencesse a você meu amigo, eu poderia me apaixonar com facilidade. -

- Você já está convidado para o casamento. -

- Seu convite é uma honra e eu gostaria de estar presente numa ocasião importante. Mas os riscos de voltar aos Estados Unidos imediatamente depois do atentado são muito grandes e não podem ser desprezados. -

- Entendo. -

- Desejo-lhe toda felicidade do mundo, Caleb. Obrigado por tudo o que fez pelo meu povo e por mim também. Espero que o futuro nos reserve projetos como o que acabamos de concluir. Com sua ajuda, meu país irá ter chances de ser invadido pelos vizinhos reduzido. -

- Cuide-se, está bem? Mesmo com os culpados presos todo cuidado é sempre pouco. -

- Sim, eu sei. - Wilmer ficou de pé e estendeu a mão, um sorriso largo iluminando o rosto moreno. - Cuide-se você também, dê lembranças à bela Luana e ao irmão. -

- Ela ficará triste por não ter tido a oportunidade de lhe dizer adeus. -

- Tenho certeza de que voltaremos a nos encontrar, amigo. - Caleb acompanhou Wilmer até a porta do escritório. Na sala da frente uma moça esguia e de cabelos escuros fitava o árabe disfarçadamente, por trás do monitor do computador. Ao perceber que fora notada, desviou o olhar na mesma hora. Ashley acenou para Caleb, pedindo-lhe que fosse atender ao telefone.

A BailarinaWhere stories live. Discover now