Capítulo Quatro

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Luana prendeu a respiração, sem saber como reagir. É claro que estivera apenas brincando, porém ele parecia falar sério.

- Caleb... -

- Seus lábios são macios como pétalas de rosas. Houve uma vez em que estive perto de possuí-la, lembra-se? - Indagou.

- Mas você não me quis - ela murmurou num fio de voz.

- Eu tive que me controlar! Será que depois de todos este tempo você ainda não entendeu nada? É impossível alguém ser tão ingênua assim, tão cega diante da verdade! -

Silêncio.

- Lua! - Chamou-a pelo apelido carinhoso. Caleb suspirou fundo e afastou-a para longe, metendo as mãos nos bolsos para disfarçar a intensa emoção.

- Não, você continua sem entender, não é? Pensei que voltaria mais amadurecida depois desta estadia em Nova York. Que conversa era aquela então, sobre o homem que propôs sustentá-la? - Franziu o cenho.

- Trata-se do zelador do meu prédio. Ele queria me adotar. - Disse na inocência.

- Meu Deus! - Suspirou.

Ela tocou-o de leve no ombro antes de abraçá-lo, o prazer de sentir aquele corpo musculoso de encontro ao seu a ponto de sufocá-la.

- Realmente fui sincera quando disse que não há espaço na minha vida para complicações. Mesmo se a pessoa envolvida fosse você. Não seria sensato da nossa parte. - Luana se esforçou para sorrir e apagar a tristeza do olhar. - Além do mais, estou certa de que você já tem todas as mulheres de que precisa. - O atacou.

- Claro. - Apesar da aparente indiferença, Caleb estava atento às mínimas reações da ex-noiva, os sentidos alertas. - Entretanto não posso negar que a tenho desejado anos a fio. Começamos algo e jamais tivemos a oportunidade de terminar. Preciso tirá-la da minha cabeça de uma vez por todas. -

- Por acaso já levou em consideração a ideia de pedir ajuda a um exorcista? - Melhor lançar mão do humor do que demonstrar os verdadeiros sentimentos. - Que tal colar uma foto minha numa de suas mulheres? -

- Pare com isso. - ele sussurrou apertando-a com delicadeza.

- De qualquer forma, se dormíssemos juntos e eu ficasse grávida, haveria um escândalo na comunidade empresarial de Wichita. Minha carreira levaria um baque descomunal e minha reputação ficaria arruinada. Tudo por causa de um bebê indesejado. - Estranho, mas a ideia de engravidar já não a aterrorizava como antes.

- Estamos no século vinte e um. Mulheres não costumam engravidar nos dias de hoje, a menos que queiram, é claro. -

- Você realmente fala como um homem sofisticado e experiente. Imagino que tenha um estoque de preservativos sempre à mão. -

- Acertou! - Caleb caiu na risada.

- Pare de tentar me convencer. Se dormirmos juntos, vamos acabar estragando uma bela amizade. Temos sido amigos há tanto tempo, apesar de nossos temperamentos desconfiados. -

- Amigos, inimigos, companheiros de discussões... Sim, é verdade. - De repente o ar ficou carregado de emoção.

Era como se uma corrente elétrica os envolvesse, despertando sentimentos que prefeririam ignorar. Ele a apertou de encontro ao peito firmemente, os olhos fixos nos lábios carnudos e entreabertos.

- Caleb, não... - Implorou.

- Só um beijo. Será que é pedir demais? - Suplicou.

- Nós não devíamos... -

- Eu sei. - Os dois se beijaram com saudade, esquecidos do mundo lá fora. Nada mais importava a não ser os corpos colados um no outro, ardentes de desejo.

Luana gemeu de prazer, incapaz de raciocinar. O apelo sexual de Caleb era ainda muito mais potente do que dois anos atrás. Ao sentir a língua imperiosa à procura da sua, ela correspondeu com igual paixão, entregando-se à boca ávida sem qualquer pudor.

De repente só conseguia pensar em saciar a fome daquele homem envolvente e viril, cujas carícias a estavam enlouquecendo.

- Se você não parar agora, vou arrancar as suas roupas e possuí-lo aqui mesmo sobre o tapete. -

Apesar do desejo brutal, Caleb não resistiu à piadinha de Luana e sorriu. Nunca mulher alguma conseguira fazê-lo rir depois do fim do noivado. Somente ao lado dela se sentia vivo de corpo e alma.

- Por que você não fica calada pelo menos uns cinco minutos? -

- Simples, questão de autodefesa. você sabe mesmo beijar. Mais um segundo e eu não responderia por mim. -

Hesitante ele a soltou, o membro ereto sob a calça evidenciando o estado de crescente excitação.

- Desculpe - Luana murmurou envergonhada

- Tudo por sua causa. - As palavras carinhosas escaparam de sua boca sem que conseguisse evitar. Para disfarçar o embaraço, acendeu um cigarro.

- Este tipo de reação imediata não costuma acontecer comigo. Em geral, quando estou com outras mulheres, preciso de algum tempo para ficar excitado. Com você sempre foi diferente. -

Nos últimos dois anos Luana não pensara no assunto, entretanto o que acabara de ouvir era a mais pura verdade. Caleb tinha razão. Bastava ser acariciada para ficar úmida, ansiosa. Durante muito tempo tentara se convencer de que ele não a desejava, porém as lembranças dos momentos tórridos que haviam partilhado deviam ter sido suficientes para convencê-la do contrário.

As ereções de Caleb costumavam ser tão potentes que chegara a ter um pouco de receio. Contudo ele fizera questão de tranquilizá-la, afirmando que ambos eram perfeitamente compatíveis, em todos os sentidos. Pensar no passado continuava sendo doloroso porque ainda não conseguira esquecer a maneira cruel e inesperada como tudo terminara. Olhando para trás, parecia impossível que ele tivesse procurado Ashley depois da discussão, a menos que...

Naquela noite, Caleb a quisera com uma intensidade que beirava o desespero. E talvez fosse o desejo insatisfeito que o atirara nos braços de outra.

- Caleb... -

- O quê? -

- Aquilo que me disse momentos atrás, sobre como foi difícil se conter quando éramos noivos. É verdade? -

- Sim, aparentemente. - O sorriso zombeteiro tinha o poder de magoá-la mais do que quaisquer palavras duras. - Só espero que não resolva reconsiderar sua posição, é tarde demais para voltar no tempo. -

- Eu sei, Não teria coragem de mudar de idéia. Tenho minha carreira. -

- Sua carreira, tem razão. -

- Acho que vou até a cozinha dar uma olhada na carne assada. -

Caleb a fitou fixamente, apreciando os contornos suaves do rosto delicado.

- É melhor corrigir o batom, a menos que prefira ouvir os comentários maliciosos de Gustavo. -

- Não se preocupe, meu irmão tem medo de mim. Certa vez, quando éramos crianças, eu lhe dei uma surra na frente dos colegas de escola. -

- Ele me contou. Mas agora é diferente. Afinal Gustavo já está bastante crescidinho -

- Nem tanto - Deslizou os dedos devagar sobre a boca máscula, numa carícia terna e suave. Depois de dois anos de separação, jamais imaginara que pudesse ser beijada daquela maneira voraz e apaixonada.

- Eu a machuquei com meu beijo violento? - Caleb perguntou num tom baixo e intenso. - Não tive a intenção -

- Você sempre foi impetuoso e exigente quando nos acariciávamos. Mas nunca me importei. Muito pelo contrário. - Antes que se entregassem de novo ao desejo, Luana saiu as presas para a cozinha.

A BailarinaWhere stories live. Discover now