Capítulo Três

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Depois de tomar banho e trocar-se, Luana voltou para a sala .Os cabelos castanhos e compridos estavam soltos e leves, apenas porque sabia que Caleb gostava de vê-los soltos. Ele já havia se trocado também.

As casa de ambos ficavam a apenas dois quarteirões uma da outra, facilitando as idas e vindas de seus moradores. Vestindo calça esporte e camisa branca, Caleb parecia mais elegante e inacessível do que nunca. Olhando aqueles ombros largos e braços musculosos, não podia ignorar a onda de lembranças que ameaçava sufocá-la.

A passagem dos anos jamais conseguira apagar a sensação deliciosa de acariciar o peito largo, de tocar a pele macia. Durante o breve namoro e noivado, quase enlouquecera de paixão ao descobrir os contornos do corpo viril e sensual, porém a intimidade total não chegara a acontecer. Embora Caleb soubesse que poderia possuí-la no momento que quisesse, sempre se controlava no instante final.

Bem no fundo de si mesma arrependia-se de não ter cedido ao desejo. Quem sabe sua vida seria menos vazia agora se tivesse ao menos se tornado verdadeiramente mulher? Há dois anos nenhum homem a tocava, exceto os bailarinos enquanto dançavam. Tampouco alguém a excitara. Somente Caleb soubera como acender o fogo em suas veias. Nas duas últimas visitas que fizera a Wichita, a fome que sentia pelo ex-noivo se tornara quase insuportável, deixando-a assustada. Bastava que Caleb a fitasse para ficar louca de paixão.

Ao ouvi-la entrar na sala, ele virou-se para fitá-la, um cigarro aceso na mão. De tempos em tempos decidia parar de fumar, infelizmente sem muito sucesso. Sendo impulsivo e inquieto por natureza, tinha a impressão de que o cigarro lhe trazia uma certa calma e ajudava-o a dominar a ansiedade. Por insistência da irmã, Gustavo mandara implantar um sistema de ar-condicionado central na casa, portanto não havia nenhum cheiro desagradável de fumaça.

- Hábito nojento - Luana comentou.

- Qual o problema? Sua tia-avó Henrietta não cheira rapé? -

- Sim, é verdade. Sabe, você se parece muito com seu pai. -

- Ele era mais baixo. -

- Mas igualmente sombrio, você nunca sorri. -

- Sorrisos não combinam com minha personalidade. -

- E que personalidade? certa vez vi um dos vice-presidentes da empresa se esconder num galpão para adiar o momento de enfrentá-lo. Esse andar despreocupado não engana ninguém e deixa claro quando está prestes a perder a calma. A tranquilidade aparente trai um interior decidido e implacável. -

- É assim que se obtém resultados. - Caleb respondeu calmamente, certo de que sem pulso firme é impossível liderar os empregados. - Por acaso você examinou o último balancete? Não tem interesse no que eu possa estar fazendo com suas ações? -

- Finanças não me interessam muito. Na verdade estou mais preocupada com a situação da companhia de balé da qual faço parte. Temos enfrentado sérios problemas. -

- Então por que não procura um outro grupo? -

- Porque passei o último ano trabalhando duro para conquistar meu lugar ao sol nesta companhia. Não posso me dar ao luxo de recomeçar. Em geral bailarinas têm carreira curta. Já não sou criança, vou fazer vinte e três anos. -

- E se considera velha nesta idade? pra mim você continua a mesma garota de quando tinha dezoito anos. Mais sofisticada, é claro. A garota que conheci teria preferido morrer a insinuar, para uma completa estranha, estar partilhando minha cama. - Ele falou sarcástico.

- Pensei que fosse uma de suas mulheres. Deus sabe que não lhe faltam namoradas. Aposto que você precisa manter um arquivo no computador com a ficha de todas elas para não correr o risco de confundi-las. Não é de se estranhar que Jane tenha pensado que eu fosse uma delas. -

A BailarinaWhere stories live. Discover now