Capítulo Cinco

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Caleb era um homem envolvente demais e poderia subjugá-la totalmente num abrir e fechar de olhos. Não se sentia corajosa o suficiente para enfrentar um breve envolvimento amoroso porque não suportaria perdê-lo pela segunda vez. Estava claro que ele ainda a desejava, porém os sentimentos não iam além da luxúria. Ou pior, talvez não fosse nem mesmo uma questão de paixão e sim de algo mesquinho, como sede de vingança, por exemplo.

Felizmente não tardaria a voltar par Nova York. Na verdade quanto mais cedo saísse de Wichita melhor. Depois dos beijos trocados minutos atrás, mal tivera forças para ficar de pé. Se Caleb a cortejasse com insistência, não teria forças para resistir. O desejo que experimentava agora era uma emoção intensa e descontrolada. Não podia negar a si mesma que agira como uma mulher adulta, sensual e apaixonada. Pena que o único homem capaz de excitá-la fosse o único a quem não ousaria se entregar. Se Caleb realmente ainda não a perdoara pelo rompimento do noivado, entregar-se a ele seria o caminho mais curto para o sofrimento e a amargura.

O jantar transcorreu numa atmosfera tensa e silenciosa. Luana estava calada e Caleb melancólico. Gustavo, coitado, tentava manter a conversa sozinho.

- Será que vocês dois não podiam dizer alguma coisa? Apenas uma ou duas palavras de vez em quando não faria mal a ninguém. Ainda não tive sossego para degustar esta deliciosa carne assada. Por acaso brigaram de novo? - Indagou, encarando ambos.

- Não estávamos brigando. - Luana respondeu inocentemente. - Estávamos, Caleb? -

Ele fixou os olhos no próprio prato e começou a cortar um pedaço de carne evitando responder de maneira deliberada, apenas para embaraçá-la. Gustavo atirou as mãos para o alto dando-se por vencido.

- Nunca serei capaz de entender vocês dois. Acho que vou dar um pulo na cozinha e ver o que temos para sobremesa -

- Eu não quero nada - Luana avisou, vendo o irmão sair.

- Sim, ela quer sobremesa sim. - Caleb a fitou fixamente, os olhos azulados dando a impressão de querer lhe desvendar a alma. - Você está muito magra. Se perder mais um ou dois quilos ficará tão leve quanto uma pluma. -

- Já se esqueceu de que sou bailarina? Seria impossível dançar se fosse gorda e tivesse um corpo pesado. -

- Muito bem. Discuta comigo, eu gosto. -

- Alguém precisa mesmo discordar de você - ela respondeu com uma alegria forçada. - Ser tão paparicado pelas mulheres acabou deixando-o mimado. Sua mãe me contou que onde quer que vá, há sempre alguém interessada em ser sua namorada. -

- Ela lhe contou isso? - Caleb parecia distante e ausente, o café esfriando na xícara sem que se desse conta.

- Sua mãe também contou que você jamais leva mulher alguma a sério. Por acaso nunca pensou em se casar? -

- Claro que sim, uma vez. - O tom de voz seco e hostil era cortante como aço.

- Não teria dado certo. - Luana murmurou sem jeito. - Eu não dividiria você com ninguém mais, mesmo sendo tão ingênua na altura dos meus vinte anos. -

- Então acha mesmo que eu séria capaz de manter uma esposa e uma amante ao mesmo tempo? -

- Ashley era linda e sofisticada sabia como fazer um homem cair aos seus pés, enquanto eu não passava de uma moça inexperiente e totalmente inibida. Sei que costumava envergonha-lo. -

- Jamais. - A intensidade contida naquela única palavra a perturbou, despertando uma curiosidade natural.

- Não é preciso tentar ser delicado. Sei que o envergonhava. Seu pai me contou que esse era o motivo pelo qual você não gostava de aparecer em público ao meu lado. -

A BailarinaWhere stories live. Discover now