Capítulo Quinze

887 66 5
                                    

Ele a seguiu até a cozinha, sorrindo ao vê-la tão chateada. Apesar de estar proibido de lhe contar toda a verdade, devia-lhe ao menos uma explicação. Assim que Luana ligou a torneira da pia para encher a cafeteira elétrica, ele a puxou para junto de si e se inclinou para beijá-la junto à orelha, murmurando:

- Há aparelhos de escuta instalados na casa. -

- Como é? - Luana ficou rígida, um rubor intenso se espalhando pelo rosto delicado.

- Não fique aflita, eles instalaram apenas hoje. -

- Oh, graças a Deus! - De repente a porta da cozinha se abriu e Chace entrou. Antes que pudessem esboçar alguma reação ou dizer qualquer coisa, o agente levou um dedo aos lábios, pedindo silêncio. Então ele pegou um bloco e escreveu rapidamente um bilhete, entregando-o a Luana e Caleb:

"Nosso time não foi o único a instalar aparelhos de escuta nesta casa hoje à tarde. Cuidado com o que falam."

- Eles instalaram câmeras de vídeo também? - Caleb escreveu de volta.

O agente balançou a cabeça numa negativa firme e sorriu. Logo depois, deixava o casal a sós. Caleb desligou a torneira e se aproximou da janela. Lá fora, encostado no tronco de uma árvore, Ian parecia muito à vontade. Ao vê-lo, o agente levantou o polegar direito, parecendo bastante tranquilo.

Luana procurou se ocupar com o preparo do café, tentando não se sentir presa numa verdadeira vitrine. Era horrível saber que estar sendo vigiada, cada palavra ouvida por estranhos. Infelizmente aquela invasão de privacidade continuaria até que os responsáveis pelo ataque na porta do restaurante fossem pegos.

- Açúcar? - Caleb perguntou servindo duas xícaras de café.

- Deixe que eu mesma me sirvo.

- Não posso me demorar muito.- ele avisou sem entusiasmo.
- Tenho um encontro. -

- Já sei, com Ashley é claro. -

- E Wilmer, nós três vamos nos encontrar no Sheraton. O assunto sera simplesmente sobre negócios. -

- Será que eu posso ir também?-

- Não. -

- Mas gosto dele, e ele também gosta de mim. -

- Claro que ele a aprecia, não é segredo que meu amigo árabe gosta de morenas. -

Silêncio.

- Além de morena, você é bonita.

Silêncio.

- E também muito, muito doce. - Caleb sorveu o café devagar, os olhos fixos na mulher à sua frente. - A propósito, onde vamos morar depois de casados?

- Gosto do Alasca. -

- Estou falando de Wichita querida, eu não trabalho no Alasca e nem pretendo me mudar pra lá. A empresa está solidamente fincada nesta cidade. -

- Qual é o problema com a sua casa? Tem espaço suficiente para um casal. -

- Sim, porém o quintal e o jardim não são muito grandes, vamos precisar de espaço para instalar balanços e outros brinquedos para as crianças. -

- Verdade. - Ela corou e desviou o olhar.

Caleb fitou-a compreensivo. Segundos depois estavam nos braços um do outro, beijando-se com avidez, como se a fome que os consumia jamais pudesse ser saciada. Quando finalmente se separaram, estavam ofegantes, os olhos brilhando de excitação.

- Preciso ir agora ou vou chegar atrasado. - Luana pensou em protestar, mas sabia que de nada iria adiantar. Melhor evitar desentendimentos.

- Você vem me ver amanhã? - perguntou num fio de voz.

A BailarinaWhere stories live. Discover now