Capítulo Quatorze

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Bem mais tarde, depois de tomar um banho refrescante, Luana foi para cama sentindo-se exausta. Apesar do cansaço, mal conseguiu dormir, pensando em tudo que acontecera nas últimas horas e em como sua vida mudara.

Na manhã seguinte, durante o café, Gustavo não cessava de fitá-la, parecendo bastante curioso.

- Você dá a impressão de não ter pregado os olhos a noite inteira.-

- É, não consegui dormir, Caleb e eu ficamos noivos ontem. - Gustavo sorriu com prazer, feliz com o desenrolar dos acontecimentos.

- Então meu amigo finalmente entregou os pontos. -

- Não de uma maneira muito delicada. - ela murmurou desanimada.

- O que importa é que ele deu o primeiro passo. Não se pode esperar que um peixe graúdo se deixe fisgar sem lutar. -

- Só que esse peixe graúdo é um tubarão. Caleb continua muito amargo. Acho que nunca me perdoou por tê-lo abandonado apesar de ter tanta culpa quanto eu. -

- Então ele virá nos visitar hoje à noite? -

- Provavelmente não, duvido que Ashley o libere, os dois vão jantar juntos. - Embora soubesse a verdade sobre a relação de Caleb e Ashley, nada podia dizer à irmã sob pena de revelar certos segredos que acabariam colocando-a em perigo. Melhor aguardar até que Wilmer saísse do país.

- As coisas nem sempre são o que parecem. -

- De qualquer forma, não tem importância. - Luana murmurou resignada. - Eu o amo, nunca deixei de amá-lo, os últimos dois anos foram tão vazios, mano. Estou cansada de tentar me enganar, dizendo a mim mesma que sou feliz. Pelo menos Caleb ainda me deseja. Talvez eu não vença a guerra, mas farei com que Ashley passe uns maus momentos. -

- Isso mesmo querida, cada um precisa lutar pela própria felicidade. Mas pense bem no que vou lhe dizer: Se Caleb não se importasse com você de verdade, por que iria pedi-la em casamento? - Sabendo-se incapaz de contar ao irmão o que acontecera na noite anterior, Luana achou melhor mudar de assunto. Falar sobre a política local era muito mais seguro.

Ela passou o resto do dia num estado de quase torpor. Se não fosse pelas evidências em seu corpo, não conseguiria acreditar que finalmente se tornara mulher. As lembranças eram tão doces que gostaria de varrer Ashley de seus pensamentos para sempre. Gostaria de não se sentir ameaçada pela existência da rival. Entretanto, o que a preocupava era a possibilidade de Caleb vir a sofrer um novo atentado. Será que as autoridades não iriam fazer nada para impedir? E quanto a Wilmer?

Sentindo-se tensa e agitada, Luana procurou consolo nos exercícios de barra, porém já não se empenhava com a mesma energia de antes. Dançar fora a coisa mais importante de sua vida durante anos, mas agora só pensava em amar Caleb e gerar um filho dos dois. De repente o medo do parto pareceu diminuir e o desaponto com o ferimento no tornozelo perdeu a importância. Balé era apenas um hobby, nada mais do que um hobby. Imagens de roupinhas de bebê, berço e brinquedos espalhados pelo chão dominavam sua mente, inundando-a de prazer. De repente, tudo se tornara possível. A vida era mesmo bela.

Caleb passou a noite em claro, virando-se na cama de um lado para outro. Ao chegar no escritório, tinha os olhos vermelhos e a expressão cansada. Sem que esperasse, sua vida mudara da água para o vinho. Havia feito amor com Luana e nada voltaria a ser o que era. Se antes ela já o encantava, agora depois de tê-la conhecido de uma maneira tão íntima, sentia-se totalmente enfeitiçado. Não tinha certeza se conseguiria trabalhar.

Ashley lhe trouxe a correspondência e estranhou a expressão preocupada.

- Alguma coisa errada? - ela perguntou solícita. - Posso ajudar? -

A BailarinaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt