Capítulo Seis

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- Por que seu carro é sempre um Audi? - ela perguntou curiosa, já a caminho de casa.

- Gosto de Audi. -

- Imagino que sim. -

- A propósito, vou lhe dar um conselho: deixe Wilmer em paz.-

A frase inesperada, dita quase com raiva a pegou de surpresa.

- Ah, então resolveu me dar um aviso, pelo visto você me considera uma mulher acostumada a se meter em intrigas internacionais em busca de informações ultra-secretas para vender aos agentes inimigos. Pensando bem, quem são os inimigos nos dias de hoje?

- Você não é nenhuma dançarina exótica. -

- Não me insulte, tenho potencial. - Luana ergueu o queixo, o rosto perfeito parecendo desafiá-lo. - Depois de aprender um ou dois truques, poderia me tornar uma mulher fatal. -

- Depois de aprender um ou dois truques, você acabaria sendo encontrada num tambor de óleo, flutuando pelo rio Oklahoma abaixo. -

- Você não tem um pingo de senso de humor. -

- Não vejo graça em nada nos dias de hoje. Pelo menos não na minha vida. -

Luana recostou-se no assento, os olhos fixos em Caleb. Era estranho como se sentia tão segura ao lado dele. Segura e excitada além da imaginação. Só de fitá-lo, sentia-se trêmula, o sangue fervendo nas veias.

- No que está pensando agora? -

- No quanto me arrependo de não termos feito amor. - ela respondeu sem pensar.

- Não diga isso. - Caleb segurava o volante com tanta força, que os nódulos dos dedos estavam brancos e rígidos.

- Também não se arrepende? - Luana insistiu.

- Eu poderia me viciar em você. E não gosto de vícios. -

- É por isso que fuma tanto. -

- Não sou viciado em nicotina. Posso parar no momento que desejar. -

- E por que não para agora? -

Silêncio.

- O que foi? Tem medo de não conseguir viver sem fumar? -

Caleb atirou o cigarro pela janela e subiu o vidro outra vez.

- Aposto que em questão de segundos você ficará trêmulo - ela falou sorrindo. - Logo estará vasculhando o chão à procura de guimbas. Quem sabe abordando estranhos na rua para pedir um cigarro. -

- É pouco provável que esse absurdo aconteça, garota. -

- Algum problema? Por acaso estou lhe insultando? -

- Posso decidir procurar outra maneira de ocupar minhas mãos.

Luana fechou os olhos e atirou os braços para o alto num gesto puramente teatral:

- Vá em frente! Me possua! -

Caleb parou o carro de repente, fazendo-a abrir os olhos assustada e cruzar os braços sobre os seios num gesto instintivo de proteção.

- O que foi? Alguma coisa errada? - Ele parecia se divertir com a situação. - Só parei pra dar passagem à ambulância. -

- Que ambulân... -

O som estridente da sirene a impediu de completar a frase. Logo a ambulância desaparecia dentro da escuridão, deixando-a mais embaraçada que nunca.

- Seu comportamento era um blefe, não é? Eu não lhe avisei que de nada adiantariam seus joguinhos de sedução? Bem que lhe disse que acabaria se metendo numa encrenca caso insistisse em continuar me provocando. Não sou homem de ouvir insinuações sem tomar uma atitude. -

A BailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora