Capítulo 4 - "Tentação personificada"

55.9K 3.1K 811
                                    



— DROGA! — MURMUREI INCRÉDULA E DE olhos arregalados, olhando para aquele homem diante de mim que agora possuía uma postura imponente e de superioridade. Ele me fitou dos pés a cabeça; constatei que também estava surpreso ao saber que eu era a líder cirurgiã. Mas logo tratou de disfarçar, esticando sua mão para me cumprimentar.

— Dra. Hale, eu sou o Dr. Green. Diretor substituto do Private Health. — Disse firme com uma pose impecável de um líder.

Eu estava movida pela surpresa, tanto que minha mão parecia estar em câmera lenta até chegar à sua, apertando-a. Tenho certeza que a minha cara era a mais embasbacada do ano, até que me lembrei que havia um interno e uma residente no mesmo ambiente olhando para nós. Tive que procurar palavras onde não tinha para poder respondê-lo.

— Prazer, Dr. Green. — Respondi, tentando demonstrar que não havia nada fora do normal naquele ambiente.

Soltamos as mãos e ele passou uma nos cabelos, esbanjando seu charme enquanto virava-se para o paciente.

A sala ficou em silêncio por alguns instantes enquanto ele olhava as informações no prontuário. Pegou duas luvas de dentro de uma caixa, em cima da mesa ao lado, e vestiu suas mãos. Segurou a cabeça do paciente e puxou as pálpebras do mesmo para verificar seu reflexo.

Aproximei-me dele e respirei o ar de profissionalismo, deixando de lado o que acontecera entre nós dois.

— Coma? — Perguntei.

Ele ergueu o olhar para mim sob aqueles cílios grossos e depois voltou a examinar o paciente.

— Parece que sim. — Respondeu ele. — Mas ele está medicado, certo?

— Sim. — Respondi.

— Ok.

Fui até o negatoscópio e tirei os raios-X.

— Ah, Dra. Hale, ele vai para a cirurgia? — Perguntou a residente com empolgação. Eu e o Dr. Green a olhamos. Com certeza ela estava querendo participar da cirurgia, sei disso porque quando eu era uma residente eu também ficava ansiosa.

— A radiografia apresenta mediastino alargado, Dra. Mota. Claro que ele precisará ser operado caso o cérebro dele volte a funcionar. — Respondi e ela pareceu um pouco confusa.

O Dr. Green tirou as luvas e pegou o prontuário do paciente, assinou e em seguida me entregou para que eu fizesse o mesmo.

— Entes de obter qualquer consentimento dos familiares, levem-no e façam os testes confirmatórios. Se ele não responder em doze horas, declare morte cerebral. — Disse bem sério, dirigindo-se aos outros dois.

Ah não, isso não era bom. Suspirei em lamentação e o interno e a residente se entreolharam.

— Você está dizendo para declararmos o óbito? — Perguntou a residente.

Olhei para o Dr. Green de soslaio antes de ele responder.

— Sim. — Sua resposta foi essa, curta e simples.

Os dois pareciam aterrorizados com a informação.

— Mas ele ainda respira e apresenta batimentos cardíacos. — Argumentou. Olhei para o seu crachá e procurei paciência para respondê-la.

— Sim, Dra. Mota, mas se o cérebro dele não funciona, praticamente ele é um homem morto. Até porque o coração dele também irá parar de funcionar. — Expliquei, entregando-lhe o prontuário. — Levem-no para fazer os exames imediatamente.

Resistindo às Tentações - COMPLETOWhere stories live. Discover now