Capítulo 9 - "Perdida em desejos obscenos"

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DUAS SEMANAS, EXATAMENTE DUAS SEMANAS que o Michael não fazia menção de sequer me tocar. E eu não entendia, era para eu estar feliz com isso, não é mesmo? Logo eu que sempre quis que ele me deixasse em paz. Só que todos os dias desde que ele chegara ao hospital, fazia questão de me infernizar, vivia me rodeando, esbanjando seu charme para cima de mim, que era difícil resistir àquela tentação personificada. Mas agora que finalmente ele tinha acabado de me deixar em paz — aparentemente — eu me encontrava perturbada. Nem me perguntem o porquê, pois eu não sei explicar.

Vê-lo todos os dias andando elegantemente dentro daquele uniforme cirúrgico, jaleco por cima e delegando tarefas, não estava ajudando em nada. Sem contar no seu cheiro embriagador que invadia minhas narinas todas às vezes que ele passava raspando por mim com uma finalidade: fazer-me perder a cabeça — é claro!

Eu não sei o que estava acontecendo comigo, eu adorava o sexo e nunca tive vergonha de dizer isso, e exatamente quando fez dez dias que o Michael não investia, eu conheci no bar do Allan um loiro lindo, olhos claros, corpo malhado... gostoso, — diga-se de passagem — provavelmente. Só que, quando o levei para a minha casa, na hora de transarmos alguma coisa falhou... Era até vergonhoso me lembrar disso. Eu falhei. Isso mesmo, eu não consegui transar com o cara. Não fiquei excitada porque simplesmente o meu desejo era mesmo de estar transando com o Michael. Aquele bastardo tentador!

No estado de abstinência que eu estava, apenas um toque dele seria capaz de me causar um orgasmo.

* * *

Em mais um dia de trabalho estava eu, uma correria só. Fiz duas cirurgias e ainda não estava satisfeita. Sei que parece insensibilidade da minha parte eu almejar paciente para operar, mas eu necessitava de mais, só assim para tirar meus pensamentos disparados sobre meu estado de seca. Colocando meu trabalho em ação era como se eu me desligasse do mundo, e necessitasse apenas daquilo. Não havia lembranças sobre qualquer tipo de sexo. Era apenas eu, meu bisturi e o paciente.

Bom, como eu estava desejando por mais uma cirurgia para fechar o meu dia, meu celular tocou no meu bolso, e quando olhei a mensagem, era uma emergência cirúrgica. Levantei minhas mãos em um gesto de agradecimento e sussurrei um "obrigada" para o céu antes de sair correndo para atender ao chamado.

Quando abri a porta da sala onde o paciente estava, dei de cara com a minha interna, com o Marcelus e claro, para o meu azar, com o Michael também, que me olhou profundamente com uma cara de safado que me fez estremecer por dentro.

Mas o que ele estava fazendo ali? Perguntei-me em silêncio.

Engoli seco para me concentrar no caso.

— Qual é o caso? — Indaguei séria. Pelo menos foi essa atmosfera que tentei transmitir.

— Cirurgia combinada, Dra. Hale. — Michael pronunciou-se com a voz firme. — Este paciente é uma transferência para nós de um dos hospitais público da cidade. Ele agora é nossa responsabilidade. Sofreu um acidente enquanto dirigia um caminhão com problemas na embreagem. Então a empresa se comprometeu em cobrir tudo que for preciso. [...] — Ele narrou minuciosamente o estado do paciente, enquanto eu fiquei bastante atenta, tentando manter 100% da minha atenção apenas no que ele estava falando. 

Foi difícil viu!

Minha interna me entregou os exames que foram feitos no outro hospital e eu os estudei por longos minutos. Conferi que o caso era cirúrgico, pelo menos na área em que eu atuava. E não era só isso. Lembrando que o meu querido diretor ressaltou que era uma cirurgia combinada. Isso significava que nós dois iríamos operar o paciente ao mesmo tempo. Eu já havia feito esse tipo de procedimento antes, mas foi há muito tempo. Dois cirurgiões operando o mesmo paciente ao mesmo tempo. Como o Michael era neurocirurgião, claro que seria ele a operar. — Para o meu azar.

Resistindo às Tentações - COMPLETOWhere stories live. Discover now