Capítulo 18 - "Se saudade matasse..."

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JÁ HAVIA SE PASSADO DUAS SEMANAS que Michael havia ido embora. A princípio, pensei que esse sentimento novo que havia surgido desapareceria de vez de dentro de mim, desde que Michael estivesse longe. Mas ao invés disso, o sentimento de nostalgia me pegava cada vez que eu pensava nele. Mas era bem feito pra mim, era o preço que eu estava pagando por ter vivido momentos inesquecíveis.

Também pensei que, talvez, estivesse confundindo os sentimentos porque Michael me satisfazia sexualmente do jeito que eu gostava, mas com o passar dos dias esse tal de amor tomava conta do meu coração cada vez mais. Nunca havia pensado que um sentimento poderia durar tanto tempo. Michael realmente havia ficado na minha mente. Penetrou a amígdala do sistema límbico do meu cérebro, como uma rocha do espaço sideral, e ficou presa lá.

E sabe, gente... Assim como o amor, a tal da saudade também é uma droga e só serve para nos destruir psicologicamente e mostrar-nos o que realmente sentimos.

Se eu pudesse voltar atrás e atendê-lo nos quatro dias que ele ligara, eu atenderia. Era tarde demais para me lamentar, eu sabia. Talvez ele não houvesse ido embora, deveria ter uma explicação para ele ficar tanto tempo fora e ter desistindo de falar comigo após as minhas rejeições. Afinal, ele tinha os pais e também uma filha, não é mesmo? Vai saber o que havia o levado para longe.

Michael... A necessidade inextinguível que eu sentia dele era mais do que mera ânsia física. Eu entendi o que deveria expressar, e finalmente encontrei uma satisfação em estar junto de alguém que estava muito mais além da conexão de nossos corpos.

Eu estava com saudades dele. Quanto mais longe, mais perto eu sentia-o, como se os seus passos estivessem perto de mim, e eu pudesse segui-lo e dizer o quanto gostava dele... Não, o quanto eu estava apaixonada e com saudades, e que definitivamente o meu melhor presente de aniversário seria vê-lo. Pois é, naquele dia, 05 de novembro de 2013 foi a data que eu fiz 31 anos de idade, e pela primeira vez estava tendo uma das maiores tristezas da minha vida.

Meus pais haviam me ligado para me desejar um feliz aniversário e disseram que iriam me ver, mas eu insisti que eles não precisavam vir e que eu estaria de plantão naquele dia.

Caminhava pelo extenso corredor quando a infernal dor de cabeça voltou, dando uma única pontada duradora. Não me fez desmaiar, mas a tontura e a vontade de vomitar vieram em seguida. Corri, procurando desesperadamente um banheiro com aquela ânsia horrível vindo com mais força, e quando encontrei um, ajoelhei-me diante do vaso sanitário e vomitei tudo o que estava dentro de mim. Eu não estava bem e estava ciente disso. Isso aconteceu algumas vezes depois do acidente, e desde então não mais. Naquele momento havia se repetido, e eu sabia que se não consultasse um especialista seria displicência da minha parte, mas o fato era que eu sabia que algo de errado estava acontecendo comigo, mas eu não queria saber o que era. Eu estava sendo estúpida.

Joguei meus cabelos para trás e passei o dorso da minha mão em minha boca. Como já me sentia melhor, me levantei e lavei a minha boca e mãos, para tentar amenizar o cheiro do vômito.

Quando saí do banheiro fui surpreendida por Sandy, que vinha na mesma direção que eu, esta parou assim que me viu. Um sorriso surgiu nos seus lábios.

— Aqui está você. — Disse.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, encarando-a. Ela estava estranha.

— Na-não. Não aconteceu nada. É... Vem comigo que eu quero te mostrar uma coisa. — Disse toda desconfiada.

— Mostrar o quê?

Resistindo às Tentações - COMPLETOWhere stories live. Discover now