Capítulo 12 - "Dia de Ação de Graças"

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QUANDO EU ERA CRIANÇA, O dia de Ação de Graças era um dos feriados que eu mais gostava no ano. Primeiro: porque era feriado — lógico. Segundo: porque era o dia de encher a barriga com comidas calóricas e deliciosas que a minha mãe fazia. — Os adultos enchiam a cara, é claro, e esqueciam que tinham vidas normais, os que não tinham simplesmente enchiam a cara mesmo. E terceiro: porque era o único dia que a casa ficava movimentada por conta dos parentes distantes que apareciam. Tios, tias, primas, primos... Ah... Primos... Nesse dia eu só não enchia a minha barriga de comida, mas também enchiam os meus olhos com os primos delícias... Essa era a melhor parte. — Ah... Como o tempo passa rápido.

Lembrar sobre o dia de Ação de Graças, lembrava muito os meus pais, e todo ano eu esperava ansiosamente que essa data chegasse para que eu pudesse vê-los. Era um dia legal e muito importante para eles, que faziam questão de ir para a minha casa. E ai de mim se protestasse. Mas esse ano seria diferente. Logo cedo recebi uma ligação deles dizendo que esse ano não iriam poder passar comigo, porque o voo do Texas tinha sido cancelado por conta do tempo. Esse seria o meu primeiro Ação de Graças sozinha. Por isso passei o dia trabalhando e só voltei para casa à noite. Pretendia assistir o especial de Natal e depois dormir, porém, assim que me joguei no sofá e liguei a TV, o som da campainha soou, assustando-me. Franzi o cenho. Meus pais não viriam, Sandy estava com os pais dela, e eu não tinha mais amigos.

Levantei-me e me pus a andar para abrir a porta, e ao fazê-lo, piquei três vezes freneticamente ao encher meus olhos com Michael parado na minha porta, com uma expressão serena nunca vista por mim antes. 

Queria saber a razão de ele estar ali. 

Algo na sua mão me chamou a atenção. Ele segurava uma bolsa térmica.

Comida!

— Oi. — Pronunciou-se.

— Oi. Ãh... O-o que você está...? — Balbuciei, ainda descrente de que era ele mesmo.

— Feliz dia de Ação de Graças. — Disse, interrompendo-me e estendendo a bolsa térmica para mim.

Eu não tive o que falar, porque a ficha ainda não havia caído de que ele estava ali, na minha frente; lentamente, sem tirar os olhos da cara sínica que ele estava agora, peguei a bolsa.

— Não vai me convidar para entrar? — Perguntou.

— Ãh... En-Entrar? — Perguntei me sentindo perdida, tropeçando nas palavras. O que eu iria fazer se ele já estava mesmo na minha porta? E foi pensando assim que abri espaço para ele entrar.

Uma vez já dentro da minha casa, ele não deixou de observá-la, olhando para tudo quanto era lado. Aproveitei para abrir a bolsa térmica para ver o que tinha dentro, ele havia trazido torta de morango.

— Sua casa é legal. — Comentou, virando para mim.

— Obrigada!

Seus olhos desceram descaradamente, sem pudor para o meu corpo. E ele sorriu de lado. Eu estava vestindo um short cinza e uma camisa de manga longa branca folgada. Vestia porque era confortável para dormir.

Ele voltou a olhar para os quatro cantos da minha casa, e franziu o cenho.

— Está sozinha?! — Perguntou, parecendo surpreso.

— Estou. — Foi a minha resposta.

— Passa sempre o dia de Ação de Graças sozinha?

— Não.

— Então...?

Rolei os olhos. Ele estava perguntando demais. Rumei para a cozinha, ele me seguiu.

Resistindo às Tentações - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora