Capítulo 10 - "Um homem de timing impecável"

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— AH, SANDY, EU TE MATO! — Resmunguei, enquanto aqueles dois aproximavam-se para perto da gente.

— Qual é o problema? — Indagou ao olhar para mim.

Esbugalhei meus olhos e comprimi meus lábios em um aviso interno.

Eu não sei o que a Sandy tinha na cabeça para convidá-los a juntar-se conosco. Talvez ela precisasse de uma cirurgia nos neurônios. Colocar um parafuso a mais naquele cérebro para ver se ela tinha a noção do que acabara de fazer.

Sandy fez careta para eu parar de reclamar, e ali começamos a entrar em atrito através dos nossos olhos, até eles nos interromperem.

— Sempre no refúgio de vocês. — Pronunciou-se Marcelus, sorrindo.

— Pois é. Seria bom se não tivesse ninguém para atrapalhar. — Manifestei-me com calma e cinismo, sem olhar diretamente para o rosto dos dois.

— Whitney! — Sandy rosnou para me repreender, com um sorriso para disfarçar. — Meninos, por que vocês não se sentam? — Sugeriu em seguida, fazendo-me olhar para eles na expectativa de que eles dissessem que não, que tinham outra coisa para fazer.

Os dois se entreolharam.

— O que você acha, Dr. Green? — Marcelus perguntou a Michael, este que olhou para mim e meneou a cabeça.

— Pode ser. — Respondeu, sem tirar seus olhos de mim.

Sentaram-se nas banquetas ao lado da Sandy e logo foram atendidos por Allan. Começaram uma conversa aparentemente agradável, mas aquela atmosfera estava tensa demais. Primeiro porque a Sandy pedira um tempo a Marcelus e ficaram meio que sem assunto, e eu e o Michael tínhamos que fazer de conta que nunca tínhamos ficado, o que se tornava cada vez mais difícil de esconder dos olhos de quem estava por perto. Sandy até tentou me arrastar para o assunto, mas eu me recusei a me aprofundar na conversa, apenas concordava com o que ela falava com um sorriso falso e desconfortável.

Enquanto bebericava o meu refrigerante, ouvi o Marcelus fugir da conversa e chamar a Sandy para conversar do lado de fora por um segundo. — Típico dele. — Sei que ela tentou ser resistente, mas ele era um homem esperto e charmoso, — diga-se de passagem — e estava obstinado a conversar com ela. Seria o fim do tempo que ela pedira a ele. E foi como previsto. Uma vez que ele fez uma carinha fofa e de coitado, já se encontravam porta a fora do estabelecimento, deixando a sós eu e a tentação personificada.

Tanto que eu temi...!

Olhei para Michael, que estava de perfil, e balancei minha cabeça, desviando o meu olhar.

— Parece que só sobramos nós dois. — Disse ele, quebrando o silêncio que se instalara.

— Que sorte a minha, hein! — Retruquei sarcástica.

Ouvi seu sorrisinho.

— Talvez eu tenha que mostrar meu verdadeiro método de pôr ordem em um hospital. Afinal, relações íntimas entre os funcionários não são permitidas, não é mesmo? — Insinuou, em seguida virando o rosto para olhar para mim bem devagar.

Pois é. Nessa altura do campeonato não tinha como dizer que a relação da Sandy com o Marcelus era outra a não ser de um homem e mulher, até porque estava na cara que os dois estavam juntos — aparentemente.

— Mas é proibido, e você como diretor sabe muito bem disso.

— É, eu sei, mas não quer dizer que eu concordo.

Resistindo às Tentações - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora