Capítulo 5 - " Como Kriptonita"

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TRABALHAR NO MESMO AMBIENTE QUE a tentação se tornava cada vez mais torturante. A cada dia, a cada hora que esbarrávamos no corredor do hospital, ele fazia questão de jogar suas indiretas indecentes e descabidas para mim. Se ele estava assim durante poucos dias de trabalho, imaginem dois meses. Até doía só de pensar nisso.

Com meu plantão e algumas horas a mais de trabalho cumprido, lá estava eu novamente, sentada no meu cantinho de sempre no bar no Allan. Estar ali era com um ritual pós-trabalho. Podia ver coisas acontecerem; ser tratada como Whitney e não como a Dra. Hale.

Nem todas as vezes que eu ia ao bar do Allan eu transava com alguém, e embora eu amasse o sexo, talvez esta noite eu só quisesse beber. Eu era assim, quando eu tava a fim eu logo conseguia um parceiro para me satisfazer, mas também quando eu não estava, eu simplesmente desfrutava da minha bebida predileta e rumava para meu cantinho do tédio.

Eu já havia tomado três drinques e decidi parar por ali mesmo. Virei-me e me pus a observar as pessoas dançando. Talvez nem todos ali fossem casais, e sim pessoas que iriam atrás de uma diversão como eu. Tinha a certeza de que eu não era a única a fazer isso! Abaixei minha cabeça com um meio sorriso enquanto pensava nessas coisas, e quando voltei a levantá-la, a porta do bar sendo aberta chamou a minha atenção e, involuntariamente engoli em seco quando vi o Dr. Green entrar por ela, olhando para os quatros lados do bar, como se tivesse procurando alguém.

Ele estava trajando uma calça jeans um pouco justa naquele corpo bem definido, uma camisa cinza por dentro do seu blazer preto, que lhe dava mais charme, um sapato social, e para fechar, ostentava um cachecol em volta do seu pescoço. Parece que essa era a sua marca, e ele estava longe de parecer um médico.

— Não... — Resmunguei fazendo careta. O que ele estava fazendo ali?

Assim quando seus azuis reluzentes encontraram os meus castanhos, seus lábios se moveram para o lado em um sorriso sem mostrar os dentes.

Apressei-me logo para virar-me e fazer de conta que nem tinha notado a sua presença. Batuquei com os dedos no balcão esperando ele chegar perto de mim, eu sabia que ele iria fazer isso.

— Olha só quem está aqui. — Seu bafejo aqueceu a pele do meu pescoço, e meus cabelos do mesmo lado esvoaçaram.

— Dr. Green. —  Pronunciei-me , virando-me para encará-lo. — Que surpresa você por aqui.

— Surpresa? Para mim ou para a doutora? — Indagou com um tom subjacente em sua voz.

— Desculpe, eu não entendi. — Tentei me fazer de tola, mas ele sabia que eu estava longe de ser isso. Tanto que sorriu ao se acomodar na banqueta ao lado. — O que está fazendo aqui, doutor?

— O que todos estão. — Arqueei as sobrancelhas em conjunto. — Procurando diversão. — Completou em um sussurro, frisando a frase. Entendi a mensagem oculta.

Balancei minha cabeça e sorri sem humor.

— Posso fazer uma pergunta à doutora? — Seu sorrisinho sínico misturado com presunção estampou-se nos seus lábios novamente.

— Acabou de fazê-la.

— Outra. — Insistiu.

— O doutor disse uma.

— Por que sempre tenta fugir quando me vê? — Perguntou mesmo assim, e automaticamente, desviei meus olhos e pisquei-os num nervosismo constrangedor. O que ele queria com isso? O que havia de errado comigo?

— Eu não vou responder a essa pergunta, Dr. Green.

— Eu sou o seu diretor. Deve me responder toda vez que eu fizer uma pergunta. — Fez questão de me lembrar, esbanjando sua prepotência.

Resistindo às Tentações - COMPLETOWhere stories live. Discover now