Paralelas [CONCLUÍDA]

Narrado por Laura

Eu continuo meu caminho até minha casa, que não estava muito longe, apenas subir mais dois quarteirões e eu encontraria a face de dona Helena sorrindo pra mim...
L: Mããe! Cheguei!
H: Oi, filha! – me abraça – Chegou tarde hoje, hein? O que aconteceu? Passou na praia? 
L: Passei sim e tive um encontro no mínimo... Imprevisto.
H: Huuuum! Com quem? Vai dizer que o Daniel estava por lá?
L: Daniel? Que nada, mãe! Era a Susana.
H: Susana? Em Ipanema? Então quer dizer que veio da Barra até aqui??
L: Isso mesmo! E me chamou pra buscar o velho no aeroporto amanhã...
H: E você?!
L: Mãe!!! Eu vou, né?! Faz um tempão que eu não vejo o papai, ele agora tá todo interessado nesses novos trabalhos, viajando, e acaba não tendo tempo pra nada...
H: Mas pra Susana ele tem – sussurra baixinho
L: Mãe, eu ouvi...
H: Han? Oi? Não, eu ia te perguntar a que horas ele desembarca... Se você vai com ela, vai querer que eu vá te deixar, enfim.
L: É as 12:10 e depois disso pensei em ir almoçar com eles, mas Susana falou que tinha um almoço de negócios mas que ele poderia aceitar, aí vou ligar agora aqui pra ele e ver no que vai dar. Eu falei que pegava teu carro emprestado, pode ser?
H: Vai me deixar almoçar sozinha mesmo?! Aliás, amanhã é sábado... Eu havia marcado um almoço. Perto ali do aeroporto mesmo.
L: Hummm! Com quem? Posso saber, dona Helena?
H: Pode sim, querida filha. Com o Walter, da tesouraria da empresa, Laura.
L: Ai, aquele grisalho, alto? Ih, mãe, ele é mó gato!
H: LAURA!!! É um almoço de negócios, tá?
L: Tá. Mas mãe, eu e o papai poderíamos ir almoçar nesse restaurante também, só assim a senhora me leva até o aeroporto.
H: Pra eu ter que levar teu pai também, Laura? Pra eu ter que vê-lo? Pra eu ver a Susana? Não, minha filha, melhor não...

No sábado, acordei as 9:30, quase em cima da hora pra quem ainda ia pegar o maravilhoso trânsito infernal do Rio! Me arrumei, e mamãe já estava pronta.
H: Filha! Vamos!!
L: Tô indo, mãe. Calma!
Entrei no carro, e logo mamãe começou a me encher de perguntas. Sabia! Ela se segurou desde ontem, isso é um recorde pra ela!
H: Filha, e o teu pai? Aceitou ir almoçar contigo?
L: Unhum – afirmei com a cabeça
H: Vão almoçar no mesmo restaurante que eu?
L: Provavelmente, mãe. Mas achei que você não fosse gostar e sugeri outro... Ele falou que Susana pode ir nos deixar, se a senhora preferir assim.
H: Não, não, filha! Podem ir! Andei pensando, acho que eu e ele já somos bem maduros pra não criarmos mais essas discussões bobas e desnecessárias, né? E a presença dele, creio que não me afeta mais... Só não quero ter que ver Susana.
L: Olha lá, hein, mãe! Então tá. Eu não vou comentar com a Susana que você quem vai nos deixar e que será no mesmo restaurante, daí só venho pro carro quando ela sair, você fica me esperando fora do aeroporto. Falo pro papai depois que ela sair, se ele não gostar da ideia, a gente pega um táxi. Beleza?
H: Fechado!