Narrado por Helena

295 11 0
                                    

No momento em que Ricardo me deu a carta, só me vinha a mente os momentos maravilhosos que passei ao lado dele. Deixei de lado o meu orgulho e tentei, por um momento, seguir meu coração. Ele era a minha felicidade e eu sabia disso, tomei na mente que Susana queria mesmo ver eu me afastar dele, mas daquela vez, ela não teria isso. E depois até pensei na possibilidade dessa criança ser bem vinda em minha casa, eu adoro crianças! Por mim, teria tido 3 filhos! Ricardo também gosta e com certeza isso o faria muito feliz, mais um ponto para que eu parasse de pensar só em meu lado, para que eu deixasse qualquer rastro de egoísmo que houvesse em mim. Sem falar em Laura, que tenho certeza que vai adorar a ideia, até hoje ela lamenta ser filha única, Susana era simpática com ela, com certeza não a negaria a aproximação do bebê.
Não dormimos, ficamos abraçados na cama conversando sobre Laura, sobre o quanto ela é compreensiva e o quanto deve ter ficado feliz ao nos ver juntos novamente...

R: Você fez um bom trabalho, Helena!
H: Eu? Por acaso você deixou de ser pai da Laura, Ricardo? - fiz uma cara séria
R: Não, Helena, não é isso... É que eu saí cedo de casa, Laura era pequena. Dediquei pouco tempo a ela, sempre viajo a trabalho, você sabe. Sinto que não fui um pai presente. - coloquei meu dedo indicador em sua boca
H: Shhhhh! Não diga isso, Ricardo, nem brincando. Se você não tivesse sido um bom pai, não seria nítida a preferência de Laura por você. Ela te ama, Ricardo! Sempre te defende com unhas e dentes, reza pela sua proteção quando viaja, se preocupa... Nós fizemos um bom trabalho. Eu nunca neguei sua aproximação com ela, você vinha quando quisesse aqui em casa, contanto que avisasse antes ou não passasse da sala, para que eu não lhe visse. - sorri
R: Ih, é verdade. A Jô quem me atendia a porta sempre. - gargalhamos - Muito obrigada pela mulher que você é, Helena. Eu te amo. - ele me deu um selinho demorado
H: Eu também te amo, Ricardo. - sorri passando o dedo indicador sob sua barba
R: Ok, agora vamos levantar que eu preciso falar com a Laura, sem contar na janta impecável que Jô deve ter preparado.

Nos levantamos, vestimos nossas roupas e descemos as escadas, Laura estava estudando na mesa da sala de jantar, nos sentamos com ela.

L: Olhaaaa! Então quer dizer que os pombinhos acabaram? - nós três gargalhamos - E dona Helena não está nem um pouco estressada? Ih, tô gostando de ver...
H: Ai, Laura! Você é uma comédia...
R: Filha, lembra da nossa conversa? Então, poderia ser agora?
L: Claro, pai.
R: Então, quero deixar as cartas na mesa. Mais do que elas já estão. Para que você não ache que eu e sua mãe mentimos pra você ou algo do tipo... Nos reaproximamos após aquele dia que fomos à praia, lembra? Tivemos um encontro, mas sua mãe e eu não quisemos lhe contar por causa que não era nada certo. Mas depois, eu acabei com Susana.
L: Você terminou com a Susana??? - Laura se espantou
R: Sim, achei que tivesse comentado com você... Então, depois fomos para Curitiba, visitamos sua avó...
L: Tia Virgínia me contou! Eu não falei nada por não querer estragar o momento, mesmo me sentindo traída!
H: Traída? Ai, Laura...
R: Tudo bem, Helena. Mas ela tem razão. Omitimos isso pro principal motivo de nossa felicidade. E bem, Laura, agora, segundo tópico: eu e sua mãe tivemos uma briga feia em Curitiba porque você vai ter um irmãozi...
L: QUE? A mamãe tá grávida??? Vocês não ficaram felizes com isso???? - eu e Ricardo nos olhamos e começamos a rir
H: Não, Laura! Eu não estou grávida, mas Susana está.
L: Mas é mesmo do papai?
R: Sim, já fizemos um teste de DNA.
L: Tô passada! Nessa altura do campeonato, vou ter um irmão...
R: Pois é, minha filha. Era isso que queríamos lhe dizer. Tudo certo?
L: Tudo. Mas, vem cá, mamãe aceitou mesmo essa da Susana grávida?
H: Laura! Aceitei, depois de muita briga, você sabe...

Depois da conversa, fomos jantar. Naquela noite, Ricardo dormiu lá em casa, vimos um filme junto de Laura, nos deitamos na cama, nós três. Como nos velhos tempos! Ficamos surpresos em saber que a cama ainda cabia nós três, ali, daquele jeitinho de sempre: Ricardo à esquerda, Laura no meio e eu à direita. Cobertos pelo edredom, comendo a pipoca de Jô, comentando sobre o filme e rindo até doer a barriga. Naquele momento, eu me dei conta do tempo que eu havia perdido longe de Ricardo. De quantos sorrisos eu não dei e nem permiti que Laura desse, de quantos filmes podíamos ter assistido, das viagens que podíamos ter ido... E dormimos ali mesmo, nós três, agarrados um ao outro, como nas noites em que Laura ainda era bebê e sentia cólicas na madrugada, então tínhamos que colocá-la na cama junto a nós.

Paralelas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora