Narrado por Ricardo

252 11 0
                                    

Cheguei ao aeroporto, fiz meu check-in e logo me dirigi a sala de embarque. Quase não dormi essa noite pensando na besteira que fiz com Helena ontem. Mas ainda tinha esperanças que ela viria pra essa viagem. Tomei um café na sala de embarque e li meu jornal. Quando o som do aeroporto anunciou pela primeira vez o portão do meu vôo, logo entrei. Acomodei minha bagagem e sentei em meu assento, continuei lendo meu jornal. Passaram-se 10 minutos e o assento ao meu lado continuava vazio, era a última chamada do vôo. Foi automático: cruzei os dedos. Quando o avião já estava saindo, perdi as poucas esperanças que me restavam. Veio uma mulher e sentou-se ao meu lado, no assento que dava pro corredor.

xxx: Com licença? – a moça que estava ao meu lado levantou-se para que outra pessoa passasse. Fechei meu jornal e direcionei o rosto para ela, era Helena!
H: Senhor, por favor, com licença. – ri e levantei pra que Helena passasse
R: Claro, He-le-na. – pronunciei em pausas o nome dela, que se acomodou no assento ao meu lado, na janela, ela sempre gostou de ir olhando o que se passava lá em baixo. Depois, me acomodei em meu assento e a moça no seu.
R: Então quer dizer que você veio?
H: Vim! Não por mamãe, não por você mas, por mim. – disse ela, com o rosto virado pra janela. Depois, olhou pra mim – E faça de conta que nem me conhece nessas poucas horas de vôo que se tornarão infinitas, por favor.
R: Eu também vim por você...
H: Pensei que fosse à trabalho.
R: Também. Mas a prioridade não é essa.

Ela se calou. Eu fiquei quieto olhando pra ela de lado, tentando disfarçar. O avião decolou. Eu sorria de ponta a ponta! Não deu muito tempo e Helena dormiu, descansando a cabeça em meu ombro. Entrelacei minha mão na dela e dormi também. Viemos acordar quando estávamos há 20 minutos de Curitiba. Helena, quando se deu conta de como estava, logo se saiu de meu ombro e de minha mão. Eu comecei a rir e passei as duas mãos no rosto.

R: Helena, deu por hoje, ok? – falei rindo pra ela e percebi que ela também queria rir – Pode rir! Ah, me poupe... de verdade.
H: Tá vendo, Ricardo? Tá vendo porque eu não deveria ter vindo pra essa viagem? – ela falava em um tom de modo como se quisesse gritar, mas estava em um local inapropriado pra isso.
R: Não fui eu quem lhe trouxe, Helena. Você veio porque quis.
H: Pior que foi! Foi eu mesmo que quis vir! Mas pra ver minha mãe, pra espairecer... E não pra passar um tempo com você!!!
R: Então siga sua viagem, Helena. Da forma como você quiser!
H: O problema é justamente esse... Eu não vou conseguir! Do mesmo modo que nessa hora de voo eu já enfraqueci. Tá entendendo?
R: Não precisa forçar, Helena. Não precisa fingir, você sabe. Deixe esse seu orgulho de lado pelo menos dessa vez... – ela fechou os olhos e colocou as duas mãos na cabeça
H: Ricardo, tudo bem. Vamos seguir nossa viagem, ok? Eu vou sair desse aeroporto e vou pra casa de minha mãe, você vai pro seu hotel.
R: Eu tava aqui pensando, vai ser solitário demais eu naquela cama de casal imensa... – falei, colocando a mão no queixo e cerrando os olhos, depois, sorri
H: Ricardo, por favor! Tá vendo??? – eu virei os olhos

Anunciaram as portas em manual, o avião havia pousado. Retiramos os cintos e pegamos nossa bagagem de mão que estava acomodada no compartimento acima de nossos assentos. Saí atrás dela pelo corredor do aeroporto, a deixei ir na frente sozinha. Ela parou um pouco a frente para me esperar.

R: Siga sua viagem, Helena. Não é isso que você quer?

Ela apenas pegou na minha mão, entrelaçou seus dedos nos meus e me deu um selinho.

H: Quero. Mas você não deixa!

Sorrimos e seguimos até a esteira para pegar nossas bagagens, peguei minha mala e em seguida veio a dela, coloquei-as no carrinho e ela saiu empurrando ao meu lado.

Paralelas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora