Narrado por Ricardo

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***na segunda-feira***

Os restos de dias que tínhamos em Curitiba foram em vão, Helena foi para um quarto separado no hotel e passava boa parte do dia na casa de sua mãe, onde eu nem se quer ousei em ir. Tentei inúmeras vezes bater na porta, algumas até bati, mas era em vão, ou simplesmente não era atendido ou ela gritava lá de dentro "não vou abrir". Fora as vezes que minha mão tentou bater mas não consegui. Nosso voo era às 10 da manhã, às 8 desci para tomar café, procurei Helena, mas não a vi, me dirigi até a recepção do hotel e fiz meu check-out. Perguntei a atendente se Helena já tinha feito o dela, e ela me disse que não. Subi pelo elevador para tentar ver o que havia acontecido e se ela lembra de nosso voo. Bati na porta do quarto.

R: Helena? - toc toc toc - Helena? Você está aí? - passei alguns segundos em silêncio tentando escutar algo, mas foi em vão - Helena! Você está me deixando preocupado...
H: O que foi, Ricardo? - ela respondeu lá de dentro - Você tem algo muito maior do que eu pra se preocupar. - Helena abriu a porta do quarto e saiu com sua mala e com um óculos de sol no rosto, trancou a porta com o cartão e foi bem a frente de mim, em passos apressados pelo corredor.
R: Custava ter me respondido? Eu fiquei preocupado!
H: Bom dia pra você também, Ricardo.
R: Ô criatura!

Descemos pelo elevador e tomamos nosso café da manhã, Helena sentou-se primeiro que eu em uma mesa, depois, sentei na mesma mesa, ela nem se quer olhava pra mim, apenas comia de cabeça baixa com aquele óculos tampando quase que seu rosto por completo.

R: Não dormi essa noite... - o silêncio reinava, eu olhava pra ela mas ela se quer levantava a cabeça - Tava pensando, a gente ainda nem sabe se essa criança é realmente minha e fica assim, se martirizando.
H: Uma mulher sabe o pai de seu filho. Apenas, Ricardo. Se ela lhe ligou, é porque sabe que é você.
R: E se for apenas pra conseguir o que ela quer? Você mesmo dizia que tudo que ela queria era meu dinheiro...
H: Ai, Ricardo, já chega! Esse assunto logo assim, às 8 da manhã? Faça-me o favor.

Acabamos nosso café e pedimos um táxi para o aeroporto, eu fui em uma janela do carro e Helena em outra. Continuava do mesmo jeito: olhando lá pra fora, sem nem se quer virar a cabeça pra mim. Quando chegamos ao aeroporto, ela sempre tentava dar passos mais largos para ir a minha frente e afastada, eu não fiz esforços para tentar acompanhá-la, mas estava sempre atrás dela. Fizemos o check-in e entramos na sala de embarque. Ela sentou-se em uma cadeira e eu sentei na cadeira posicionada atrás da dela. Passados uns cinco minutos, Helena recebeu uma ligação.

H: Oi, Walter! Bom dia, meu querido. - nessa hora, todo o meu café da manhã se embrulhou em meu estômago - Sim, estou voltando hoje. - Helena dizia com um sorriso no rosto, eu percebia só pelo seu tom de voz - Já estou no aeroporto, na verdade. Eu também, eu também estou com saudades... Tudo bem! Até, querido. Beijo!

A chamada para o nosso voo ativou, fomos entrar logo. Helena e eu estávamos em assentos lado a lado, entrei no avião, guardei minha bagagem de mão no compartimento acima do assento e me sentei. Helena, após acomodar sua bagagem de mão, foi falar com o moço que estava no outro lado do corredor, o assento dele não era na janela, e o dela, sim.

H: Oi! Será que você poderia trocar de assento comigo? É que o meu é na janela, eu não gosto... Entende?
xx: Entendo, mas infelizmente eu estou acompanhado, essa é minha namorada e eu queria ficar junto dela... Desculpa.
H: Ah, tudo bem. Muito obrigada.

Helena sentou-se no assento ao lado emburrada, e assim seguiu durante a viagem, permanecemos, os dois, calados. Mas, como sempre, Helena dormiu em meu ombro. Eu não disse nada quando nos acordamos, mas ela logo se recompôs. Ao chegarmos no Rio, Helena e eu fomos em táxis separados, desci do avião e a perdi de vista, pois liguei para Susana pedindo para que ela fosse até minha casa naquele momento. Peguei o táxi e fui para casa. Apenas deixei minhas malas acomodadas em um canto da sala e Susana chegou.

S: Boa tarde!
R: Susana, vem cá... Você tá louca, é? Só pode ser!
S: Ricardo, eu estou grávida, mas louca, não.
R: E esse surto de dizer que esse filho é meu?
S: E por acaso você agora acha que eu lhe traí? Ah, me poupe, Ricardo!
R: Quem garante que não, Susana???
S: Eu! Eu garanto e esse teste de DNA vai comprovar!
R: Ótimo! Era isso mesmo que eu queria.
S: Eu só quero que você aceite e assuma esse filho.
R: Se esse filho for meu, Susana, eu não vou fazer mais que minha obrigação: aceitá-lo e cuidá-lo. Quanto a isso, fique tranquila.
S: Tudo bem. As quatro da tarde, esteja na clínica Gutemberg.
R: O resultado sai ainda hoje?
S: Sim, o resultado é imediato.
R: Ótimo! Estarei lá.
Susana saiu e segui para a cozinha para almoçar. Depois, fui descansar um pouco até a hora de ir à clínica.

Paralelas [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now