Narrado por Ricardo

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Apertei a campainha e aguardei abrir a porta, Jô quem a abriu pra mim, a cumprimentei com um sorriso que logo foi desfeito.
J: Senhor Ricardo! Bom dia! – ela sorria
R: Oi, Jô! Bom dia! – sorri de volta enquanto entrava
Passei pela porta e corri até às escadas, mas quando eu estava subindo, Jô me parou.
J: Ela não está lá em cima, já está na cozinha.
Dei meia volta em passos pesados e largos, com uma cara nada agradável. Eu estava furioso e isso não era segredo. Quando cheguei à cozinha, Helena já estava sentada à mesa.
H: Bom dia, Ricardo!
R: Bom dia? Bom dia, Helena? Bom dia pra quem? Só se for pra voc... – ela interrompeu
H: Han, han! Primeiro, vamos almoçar. Depois, discutimos sobre o que você queira.
Fiquei mais vermelho do que já estava! Helena sabia mesmo onde e como tirar minha paciência. Apenas me sentei à mesa e entrei no papel dela: me fingi de doido, fingi que nada aconteceu, só por enquanto. O almoço se deu com um verdadeiro silêncio.
R: E agora? Podemos?
H: Lá em cima! Você sabe! – disse ela, saindo da cozinha e subindo as escadas enquanto eu a seguia.
Chegamos no quarto, ela fechou a porta e se sentou na beira da cama. Passei as duas mãos no meu rosto e na parte de trás da nuca enquanto ela olhava pra mim.
R: Helena, onde você dormiu? Na casa da Marília não foi, já perguntei pro Olívio...
H: E por acaso eu tenho só a Marília de amiga, Ricardo? Eu só queria saber, Deus, que que esse homem tem a ver com o que eu faço ou deixo de fazer!!! Olívio também deve ter lhe dito todo o resto.
R: Às vezes eu acho que você é louca, Helena. Outras, eu tenho certeza. A gente tá tentando se ajeitar, temos uma viagem amanhã e você faz isso?
H: Temos uma viagem amanhã? Você tem, eu tenho apenas a passagem. Ainda estava pensando, mas se não quiser que eu vá, ótimo!
R: Tá vendo? – eu dizia andando de um lado pro outro – É louca mesmo! Então tá, Helena. Você não vai mais pra viagem, fica aí com teu funcionário. Tô super contente! Parabéns! – bati palmas e soltei um riso irônico
H: Ricardo, coloca uma coisa na tua cabeça: há dias atrás você tinha uma ruiva de olhos claros com você o tempo todo, era o teu gigolô! Eu simplesmente "aceitei". – ela disse fazendo as aspas com as mãos
R: Helena, eu poderia ter ido atrás da Susana? Poderia! Mas, – aumentei o tom de voz – entenda, por favor! – segurei em seus ombros – Eu não fui! Eu não fui porque a própria Susana sabia que não era isso que eu queria!!! E eu só não acabei com ela por você não me dar uma certeza, você sabe que foi isso. E eu sei que você dormiu na casa do Walter!
H: Se sabia, porque perguntou? Acontece que ontem Walter estava incapaz até mesmo de levantar do sofá e eu fiquei pra ajudá-lo. Marília e Olívio viram!
R: Já estou até imaginando a ajuda... Ah, Helena! Faça-me o favor! Se você disse que eu não tenho nada a ver com o que faz ou deixa de fazer, porque a mentira? Quer saber? Eu desisto! E faz muito bem em não ir nessa viagem amanhã.
Saí batendo a porta com força. Minha cabeça estava explodindo. Eu não suporto a ideia de ir essa viagem sem Helena, e mais, de ir e saber que Walter só está ganhando mais e mais pontos com ela. Pisava com peso no chão. Desci as escadas com pressa e até mesmo a despedida de Jô passou reto por mim.
J: Já vai, senhor Ricardo?? – saí do apartamento sem mesmo me despedir e bati, novamente, com força a porta da sala. – Eu hein... É cada uma!

*** Narrado por Jô***

Achei estranha a atitude de Ricardo, ele nunca foi de fazer isso comigo! Mas, certamente ele e Helena devem ter discutido, por isso preferi deixar quieto. Fui até o quarto pra ver se Helena estava bem. Subi as escadas e bati na porta.
J: Helena? ... Helena?
H: Entra, Jô. Pode entrar.
Helena estava aos prantos. Fiquei paralisada com a cena, por mais que já tivesse visto ela assim algumas vezes, sabia que era algo sério pra que ela estivesse assim.
J: O que houve, dona Helena? O Ricardo saiu daqui fumando uma quenga, como nós dizemos lá no Nordeste...

Paralelas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora