Narrado por Ricardo

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Deu a hora de ir até à clínica, me levantei, tomei um banho, me arrumei e segui caminho até lá. Chegando lá, Susana já estava. A recepcionista nos apresentou como era feito o exame de DNA antes mesmo do bebê nascer, que era o procedimento que iríamos fazer. Depois, Susana entrou na sala. Enquanto ela estava lá dentro, tentei ligar pra Helena. Caixa postal. Ela estava recusando minhas ligações. Mandei uma mensagem de áudio via whatsapp.

R: Eu tô te ligando mas você tá recusando minhas chamadas, então resolvi te falar por aqui. Nesse momento eu tô aqui na clínica pra fazer o DNA, quero isso o mais rápido possível. O resultado sai assim que terminarmos. Pelo sim e pelo não, passo na sua casa ainda hoje para lhe mostrar. Se sim, saiba que não anula, nem diminui o amor que sinto por você e Laura, vocês são minha família e sabem disso. Não quero lhe perder mais uma vez e você também sabe. Um beijo, meu amor.

Helena logo viu a mensagem e a ouviu, mas não respondeu. Depois de alguns minutos, Susana saiu e eu entrei. Logo também saí, ficamos aguardando na área da recepção. Eu não parava de andar de um lado para outro, estava ansioso. Demorou mais ou menos meia hora, mas a atendente chamou pelo nome de Susana e a entregou um envelope. Ela veio diretamente até a mim sem abri-lo. Me entregou.

S: Toma. – estendeu o braço com o envelope na mão
R: Abre! Pode abrir.
S: Não preciso, essa resposta eu já sei.

Tomei o envelope da mão dela e o abri. Sim, eu era o pai da criança. Meu mundo não desmoronou naquele momento, mas foi quase.

R: Parabéns pela sua certeza. Ela é real.
S: Eu já sabia. Você quem duvidou.

Saí sem dizer uma palavra, com o envelope na mão e engoli à seco aquele resultado. Entrei no carro e parei por um momento. Encostei a testa no volante e ali fiquei por uns 5 minutos com tudo o que Helena me disse em Curitiba ecoando na minha cabeça. Deixei o envelope no banco do passageiro e segui caminho até a casa de Helena. Quando cheguei, Laura quem me atendeu à porta.

L: Oi, pai! - a abracei e beijei sua testa
R: Oi, minha filha! E aí, como você tá?
L: Tô bem... E o senhor?
R: Tô bem na medida do possível.
L: Porque? Aconteceu alguma coisa?
R: Várias, na verdade. Preciso falar contigo... Mas depois, tudo bem?
L: Na verdade acho que até já sei o que é. Mas tudo bem.
R: Então, cadê sua mãe? - falei olhando em volta
L: Ih, tá lá no quarto. Desde que chegou ontem de viagem se queixa de dor de cabeça, nem foi trabalhar. Acho melhor você nem ir falar com ela, hein.
R: Vou falar sim. Falo com você depois que falar com ela. – subi as escadas com pressa
L: Eu hein... Vocês dois...

Entrei no quarto silenciosamente e Helena estava dormindo de bruços e toda enrolada. Automaticamente abri um sorriso, cheguei perto da cama, tirei meus sapatos, me sentei ao lado, passei um braço por cima de suas costas e rocei minha barba em seu rosto.

R: Helena... – sussurrei em seu ouvido

Ela se mexeu como quem fosse acordar. Dormia tão linda que naquele momento, mais que nunca, fui grato por tê-la comigo. Linda por dentro e por fora, é clichê dizer isso, mas é o que ela é.

R: Deixa eu ficar aqui, dormindo com você... Cuidando de você... – dei um beijo em seu rosto – Deixa? – eu sussurrava, ela sorriu.
H: Ricardo... Só você! – ela disse ainda de olhos fechados e entrelaçou seus dedos em minha mão que estava ao lado de suas costas.
R: Você não está sonhando... Eu estou aqui e até vim pra conversar com você, mas depois dessa cena, eu não tenho estruturas pra mais nada. – ainda falava baixo, ela abriu os olhos.
H: Eu sei que não estou sonhando. E mesmo se estivesse, eu pediria para não me acordar.
R: Ué? Cadê aquela raiva toda? Aliás, não devia nem ter perguntado, vai que ela volta... – Helena gargalhou.
H: Você sabe que de cabeça quente eu não sirvo pra nada... Deixa pra lá. – ela virou e me abraçou
R: Helena, não queria estragar o momento, mas eu tenho que falar com você...
H: Sobre o DNA? Sim, me conte.

Eu fiquei espantado. Não parecia a mulher que há pouco me esnobava e não queria nem falar comigo! Mas eu sabia que Helena era assim, às vezes sim, às vezes não. Só queria aproveitar aquele momento nosso ali, naquele quarto que por tanto tempo foi o nosso ninho. Mas tinha que contá-la.

Paralelas [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now