1º Capítulo

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-Ana, acorda!-uma aberração pulava sobre mim me fazendo soltar gritos abafados. Eu precisava dormir.-Hoje é o primeiro dia de aula! Finalmente abri os meus olhos, era a minha irmã mais nova; Maria Cecília, que tinha apenas doze anos de idade. -Eu estou acordada, Maria!-gritei jogando uma almofada nela.-Que história é essa de primeiro dia de aula? -eu perguntei ainda sonolenta. -Você esqueceu mesmo? Hoje é o primeiro dia de aula. Estou ansiosa!-ela bate palmas pulando de felicidade. -Posso lhe dizer que: graças ao bom Deus você e eu não estudamos na mesma escola!-eu me levantei agradecendo e minha irmã reclamou. -Veste logo seu uniforme. O papai vai te enlouquecer se você se atrasar! -E ele está em casa? -Mas está quase saindo...-ela deu de ombros.-A Josefina nos espera pra tomarmos o café, eu vou indo! Bem, eu sou apenas uma menina de dezesseis anos que não se da bem com escola; quer dizer, com as pessoas da escola. Eu tenho os cabelos loiros e tenho os olhos azuis, uso óculos e não tenho amigos. Além de ser filha de um dos empresários bem mais sucedidos da cidade, minha mãe ter morrido e eu morar com minha irmã de doze anos de idade e meu pai;além de ter uma "babá" que cuida de mim, bem, babá é um termo meio esquisito; melhor gorvenanta. Coloquei meu uniforme, que era uma saia um pouco acima dos joelhos, uma blusa meia social com uma gravata e um colete nada agradavel. Fiz um rabo de cavalo em meus cabelos, e coloquei meus óculos. E logo em seguida meus tênis e peguei meu material indo direto á cozinha para tomar meu café. -Bom dia...-eu disse me sentando na mesa e colocando um pouco de café na xícara que eu usara.-O papai já saiu? -Acabou de sair. Você se atrasou! -Maria Cecília... Deixe sua irmã!-Josefina sorriu colocando uma salada de fruta sobre a mesa.-E bom dia, Ana! -Você sempre prefere a Ana do que eu!-Maria, a pessoa mais dramática que conheço, revirou os olhos e fez um bico maior do que a sua cara.    -Para com isso Maria! -O motorista já espera? -Sim, terminem logo o café de vocês! Eu e minha irmã tecnicamente não estudamos na mesma escola. Eu como já estou no ensino médio é outra escola em outro local, sendo assim; o mesmo nome. Então é mais fácil pra mim dizer que não estudamos no mesmo colégio, já não basta em casa; ainda bem que não a vejo na escola! -Vão logo.-Josefina nos jogou beijo e lhe dei um tchau, e minha irmã fez o mesmo. Entramos no carro e o Tobias(nosso motorista), nos aguardava. Colocou as chaves do carro e acelerou. -Coloca um pouco de música.-minha irmã pediu com uma delicadeza. -Eu estou lendo, Maria.-eu implorei continuando a ler o meu livro. -Perdão, senhorita Ana. Mas soube que ler dentro do carro lhe trás problemas de visão.-Tobias disse envergonhado.                                       -Foi mal. Eu não sabia.-eu sorri guardando meu livro em minha mochila.-Apesar de eu já ter problemas de visão...-resmunguei baixinho, e eu odiava isso. Por eu ainda gostar de estudar todo mundo me zoava, principalmente o menino mais popular da escola; por incrível que pareça ele sabe o meu nome e adora me zoar com isso! -Que música a senhorita quer?-Tobias perguntou passando as músicas e parou em uma que eu adorava. Estava tocando "Cola em mim-Nathan Barone"; que é tão linda. Eu e minha irmã tínhamos algo em comum: adorávamos a música e tocávamos vários instrumentos.Cantávamos com as mãos que fingiam serem microfones. Era incrível quando começava uma música o tanto que nos animava. Foi quando o meu conto de fadas acabou: Tobias parou em minha escola que era primeiro que a de Maria Cecília. -Boa sorte...-ele cochichou e sorriu e eu agradeci em um sussurro. Assim que pisei os pés fora do carro avistei as pessoas que eu menos queria ver hoje; Albert e seus amigos.       Eles vieram até mim, tentei passar despercebida; mas era impossível.          -Olha quem continua estudando aqui.-Caio disse mordendo os lábios.                  -Vocês não cansam mesmo de pegar no meu pé?-eu perguntei chateada.                   Os meninos pegaram minha mochila e como meu tamanho não é agradavelmente alto; colocaram a bolsa lá em cima me fazendo não pegar. Albert a pegou e eu jurava que me devolveria. Mas ele a pegou e abriu; jogando tudo no chão. E saíram...                 -Que droga!-eu xinguei e logo depois bati na minha boca:-Perdão, essa minha boca suja.-eu disse tentando guardar todas as minhas coisas novamente.                                                         Assim que guardei resolvi ir pra dentro da escola. Assim que entrei todos começaram a apontar e cochichar; odeio quando isso acontece, que no caso é sempre!                                                    Foi quando uma menina se aproximou, ela era alta, ruiva e usava óculos parecidos com os meus.                                    -Desculpe, estou procurando o segundo ano do ensino médio. Pode me dizer onde se encontra?-ela concertou os óculos e me olhava atentamente.                   -Estou indo para lá agora. Talvez queira me acompanhar...-eu disse corada, eu estava vermelha.                        -Pode ser. Sou nova aqui e não tenho nenhum amigo.-ela deu de ombros feliz.                                                                        -Nem eu...-eu sorri e ela me olhou atentamente.-Não quero falar sobre isso, desculpe!                                                  -Tudo bem. Eu que sou um pouco enxerida.-ela sorriu e continuou a andar.-Sou a Renata.-ela estendeu a mão me cumprimentando.                           -Ana Júlia, prazer...-eu estendi a mão para a mesma que assentiu com a cabeça.                                                            Chegamos na nossa sala, que estara uma bagunça. Meninas gritando e conversando sobre garotos e dando cantadas neles, garotos jogando bolinhas de papel um nos outros; inclusive Albert e aquele bando de zé manés.                                                              O garoto dos cabelos castanhos e olhos penetrantes veio até mim, pela primeira vez na vida sendo "gentil"...           -Nova amiguinha, Ana nerdzona?-ele cruzou os braços bem na minha frente, pude sentir sua respiração.                           -Não é da sua conta!-eu retruquei, até parece que minhas palavras o iriam atingir.                                                                   -Sou a Renata...-concertou seus óculos que estavam um pouco folgado e estendeu a mão ao mesmo que não se mexeu, então fingiu que coçara a cabeça.                                                                      -Não liga pra ele! Aprenda: ele não presta!                                                                 -Para com isso, você me ama que eu sei!                                                                 -Na boa Albert, eu preciso me sentar e esperar a professora chegar. Lamento se você não quer nada com a vida!          Foi quando os amigos daquele "moleque" chegaram. E começaram a falar as mesmas baboseiras que sempre me dirigem.                                                     -Deixem ela!-Renata insistiu gritando.     -Quem é ela?-João Pedro disse rindo.       -Sou uma aluna, assim como todos somos.                                                                 -Para com isso. Você não sabe com quem está se metendo.-eu pedi cochichando.                                                                         -Vai logo, adianta!-Albert cedeu.                Sai e me sentei na primeira carteira; como sempre. E Renata se sentou na carteira ao lado. Seria uma longa manhã...

A menina que ele zuavaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora