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Eu estava tendo um sonho muito bom. Eu cavalgava em um pônei para visitar um ET. Virava sereia quando entrava na piscina com ele.

Sou atrapalhada quando alguém entra gritando animada em meu quarto. Logo reconheço a voz, minha mãe.

- Mãe, hoje é sábado - murmuro indignada enquanto ponho o travesseiro na cara.

- Deixa de mau humor, menina. Você não vai acreditar o que eu tenho em mãos. - continua gritando, mas desta vez ela pula em minha cama. Acaba por tropeçar em minha perna e cair em cima de mim. Acho que quebrei algum osso. Ela começa a gargalhar e suspeito que esteja tendo um de seus ataques de alegria.

- Mãe, por favor, eu nunca te pedi nada. Me deixa dormir por algumas horas e eu lambo o chão desta casa para você - minha voz sai abafada pelo travesseiro. Ela o arranca de minhas mãos e começa bater em mim com ele, enquanto repete: acorda. Eu tenho minhas dúvidas de que minha mãe seja uma criança presa no corpo de uma adulta. Decido abrir os olhos e acabo por me arrepender no mesmo segundo quando a luz do sol me cega.

- Você recebeu uma carta!

- Quem, em pleno século 21, ainda manda cartas quando existem redes sociais? - resmungo.

- Julliard! - grita novamente e eu me levanto.

- O quê? Como?

- Talvez eu tenha enviado aquela gravação que fiz sua outro dia - ela morde seu lábio.

- Você o quê? - tento absorver a informação sem surtar.

- Eu sei, é maravilhoso! Escuta - ela pede enquanto rasga o envelope e abre a carta - Solicitamos a presença da senhorita Júpiter Peterson na Julliard School, para que seja realizada uma audição onde decidirá o seu futuro. Será julgada por nossos jurados e professores, para sabermos se é apta para estudar em nossa escola.

- Mãe, acho que...- não consigo terminar, pois apago e a última coisa que sinto é o meu corpo se chocando contra o chão.

(...)

Sinto o cheiro de algo forte invadir meus pulmões, fazendo com que eu abra os olhos e tussa fortemente. Observo minha mãe que está junta ao Alec, em minha frente e segurando uma garrafa de álcool. Eu estava em minha cama novamente.

- Está sentindo dor de cabeça?

- Um pouco, e o que você está fazendo aqui? - me dirijo ao Alec que sorri de lado.

- Isso é modo de falar com o rapaz, Júpiter? - me repreende - Eu tinha o chamado para me ajudar com o almoço especial e ele chegou na hora que você desmaiou.

- Almoço especial?

- Sua mãe o quer fazer para comemorar seu primeiro passo na caminhada para a Julliard. - Alec responde por ela e vejo seu olhar vacilar.

- Bom, vá tomar um banho porque suas amigas e seu pai estão chegando - avisa com um sorriso enquanto sai do quarto. Raciocino duas coisas: estou horrível na frente do Alec e minhas amigas vão ver ele.

- Ei - ele estrala seus dedos em meu rosto e rapidamente me cubro com meu edredom, domada pela vergonha. Escuto sua risada.

- Não creio, Júpiter Peterson com vergonha de mim?

- Ainda estou de pijama, com o cabelo nas alturas e com um bafo de matar um rinoceronte - respondo ainda debaixo das cobertas e o Alec as puxa.

- Vai logo tomar seu banho, e você não está tão horrível assim - ele puxa o telefone do bolso e bate uma foto minha antes que eu reaja - agora tenho uma arma contra você. Faça o que eu peço e não vai ter essa foto em todas as redes sociais.

- Você é um ser humano horrível - reclamo e ele sorri.

(...)

- Temos um grande problema - aviso enquanto saio do banheiro, já tomada banho e arrumada.

- Qual seria? - pergunta sentado em minha cama.

- Minhas amigas estão a caminho - então ele arregala os olhos, suponho que não tinha pensado nisso antes.

- O jeito é você contar - ele diz simplesmente.

- Elas vão ficar com raiva por eu não ter contado antes - rebato apreensiva enquanto mordo meu lábio inferior.

- Se elas são suas melhores amigas, vão entender. Afinal, você não contou porque eu pedi isso - ele tenta me acalmar e eu assinto, talvez ele esteja certo.

- Então, Julliard, hein?

- Pois é. Não sei para quê tanta empolgação, se só é uma audição - reviro os olhos.

- Júpiter, não é apenas uma audição, é A audição. Milhares de pessoas matariam para estarem em seu lugar, porque todas tentam mas são poucas escolhidas como você.

- Só de pensar que isso fica em NY, dá uma agonia aqui dentro - ponho a mão no peito e sento ao seu lado.

- Por que?

- Ficarei longes dos meus pais, da Emily, das minhas amigas e - o encaro - de você - sussurro a última parte.
Por um momento seu olhar se divide entre meus olhos e minha boca. Talvez eu esteja ficando louca, mas senti seu rosto se aproximando do meu. Minha barriga se revira e gela por dentro, de repente sinto meu coração disparar e minha respiração ficar irregular. Ele estava muito perto e eu continuava imóvel, por que meu corpo estava reagindo daquele jeito?

- Meninos, venham me ajudar com a mesa - minha mãe grita do andar de baixo, fazendo com que nosso transe acabasse.

- É melhor nós descermos - murmura sem graça enquanto se levanta.

- É - concordo sentindo minhas bochechas ruborizarem.

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Favoritem e comentem para que eu saiba se estão gostando ou não.

Minha Querida JúpiterWhere stories live. Discover now