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Meus dias passaram se arrastando. Eles estavam negros e vazios, carregados de dor. Eu não conseguia dormir e nem comer bem, acordava em meio a pesadelos e não sentia fome. Na escola, apenas o meu corpo estava presente dentro da sala de aula, porque minha mente viajava para as lembranças ao lado da Emily.

Minhas amigas tentam me animar, mas sempre falham. O Alec manda mensagens todos os dias, mas eu as ignoro. Não tenho ido ao hospital com medo do impacto que sentirei ao passar pelo quarto em que ela ficava. Minha mãe se ocupa nas horas extras em seu trabalho. Meu pai não deu sinal de vida após o enterro e não o culpo, estamos todos muito abalados. A minha alma dói e isso transparece em meu estado físico. Estou mais magra, com olheiras fundas e o cabelo ressecado. Eu estou horrível.

(...)

Como nos outros dias, eu me encontrava deitada em minha cama com os olhos fixos no teto branco de meu quarto enquanto escutava o barulho irritante e quase inaudível do relógio funcionando. Alguém abre a porta sem bater, não me dou o trabalho de verificar quem é.

- Você está um caco! - reconheço o Alec por sua voz rouca e sincera.

- Oi para você também - respondo seca.

- Por que está fazendo isso consigo mesma? - senta em minha cama. Ajeito minha postura para encara-lo. Não consigo lhe responder pois um nó se forma em minha garganta.

- Júpiter, presta atenção - ele se aproxima de mim na cama - Como você acha que sua irmã ficaria te vendo nesse estado, quando o último pedido dela foi justamente para que fizesse o contrário? - meus olhos ardem quando relembro o nosso último momento juntas. As lágrimas escorrem e eu não as impeço. Ele me abraça com força.

- Por favor, não se destrói - ele sussurra em meu ouvido.

- É impossível, Alec. Eu perdi a razão para continuar com a merda da minha vida. - digo em uma tentativa falha de cessar as lágrimas.

- Eu sei o quão difícil isso é para você, mas ficar trancada dentro desse quarto pelo resto da vida não vai mudar o que aconteceu. Encontre um motivo pelo qual valha a pena viver novamente, Júpiter. Prometa que vai tentar levantar todos os dias mesmo que para você não faça diferença, mas porque é o que a Emily pediu. - pede enquanto enxuga minhas lágrimas com a manga de seu moletom. Apesar de tudo, ele está certo.

- Eu prometo que tentarei - sussurro e ele dá um grande sorriso, me puxando pelo pulso.

- Lave esse rosto, você está idêntica a um zumbi - me empurra para dentro do banheiro enquanto procura por algo. Faço o que pediu e enxugo meu rosto com uma toalha. O vejo voltar com um estojo.

- O que é isso? - ele arregala os olhos.

- Isso é seu e você não sabe o que tem dentro? - dou de ombros e abro o estojo.

- Maquiagem? - o encaro confusa.

- Está na hora de fazer uma make poderosa para tirar essa cara de sonâmbula, querida - afina a voz enquanto põe a mão na cintura, gargalho - Olha, você já está sorrindo. Temos um avanço aqui.

- Me desculpa, querido, mas eu só uso isso em ocasiões especiais - entro na brincadeira.

- Minha presença não é especial? Assim você me magoa - põe a mão no peito.

- Você entendeu, Alec - empurro seu ombro - Além disso, eu nem sei me maquiar - murmuro e reviro os olhos.

- Assisto o canal da sua amiga loira de vez em quando, aprendi a fazer uma make lacradora e vai cair perfeitamente no seu tom de pele - explica ainda usando o mesmo tom de voz.

- Nem pensar! - rebato de imediato enquanto dou um passo para trás.

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Jalec, o melhor casal que você respeita!

Minha Querida JúpiterWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu