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A minha vez chegou e eu travei. Eu não consegui entrar, então uma mão pousou em meu ombro.

- Eu vou com você - ele assegurou e eu respirei fundo. Limpei minha maquiagem borrada com um guardanapo e entrei. No momento em que a vi, meu coração perdeu uma batida. Ela tinha fios e tubos por todo o corpo.

- Ju-ju? - sua voz sai entrecortada e eu me aproximo rapidamente. Sua pele, antes rosada, perdeu a cor.

- Estou aqui - sussurro, engolindo o choro.

- Oi, de novo, minha florzinha - Alec beija sua testa.

- Posso pe-pedir a-algo antes d-de vo-vocês fala-larem? - engole sua própria saliva para conseguir falar.

- É claro, meu amor - assinto freneticamente.

- Se-sejam felizes - pede e sinto meus olhos marejarem. Alec aperta minha mão com força, ele não esperava por aquilo também.

- Pode deixar com a gente - ele se pronuncia e deposita um último beijo em sua testa. - Estarei aqui fora - ele sussurra em meu ouvido e nos deixa a sós.

- Está com medo?

- Um pouco - ela confessa e torce, agoniada com os fios em seu rosto - para onde e-eu vou?

- Você não precisa sentir medo, porque não vai sentir nenhuma dor. Um anjinho vai vim aqui e vai te mostrar o caminho para um lugar bem bonito. Eu soube que lá tem nuvens de algodão e um monte de crianças - explico e um nó se forma na minha garganta. Ela sorri fraco.

- Parece um b-bom lugar - ela sussurra - minha vi-vista está ficando escura. Por favor, canta. - pede com a voz fraca, fechando seus olhos. Eu repassei a cantiga, que costumava cantar para ela dormir, em minha cabeça.

- Se essa rua, se essa rua fosse minha. Eu mandava, eu mandava ladrilhar com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante para o meu, para o meu amor passar - suspiro, controlando as lágrimas que insistem em descer - Nessa rua, nessa rua tem um bosque que se chama, que se chama solidão. Dentro dele, dentro dele mora um anjo que roubou, que roubou meu coração. Se eu roubei, se eu roubei teu coração, tu roubaste, tu roubaste o meu também. Se eu roubei, se eu roubei teu coração é porque, é porque te quero bem - fecho os olhos quando a escuto suspirar e a máquina fazer um barulho ensurdecedor, avisando que seu coração havia parado de bater. Olho para meus pais que observam a cena pela janela de vidro e faço um sinal com a cabeça, indicando que ela se foi. Minha mãe começa a se debater e a gritar desesperada nos braços do meu pai, que chora a segurando. Deposito um beijo no rosto sem vida de minha pequena, deixando uma lágrima cair em cima do mesmo.

- Boa viagem, pequena - sussurro em seu ouvido e saio dali. Encaro o Alec que tem seus olhos avermelhados, o abraço com força.

- Eu quero minha bebê - minha mãe grita entre soluços. Me solto dos braços do Alec e seguro o rosto de minha mãe.

- Ela partiu, mãe - a abraço.

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Mil desculpas pela demora dos capítulos! E muito obrigada pelos 4K em visualizações. ❤️

Minha Querida JúpiterWhere stories live. Discover now