13 - Segredos confessos

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Confie no seu coração, mas use sua cabeça.

- Julie Garwood


Hipólita pestanejou com assombro tentando assimilar a notícia. Deixou que seu corpo caísse na cama, deu graças a Deus por estar deitada pois sentiu as pernas bambearem.
De uma hora para outra não sabia mais o que pensar, ou o que fazer.

De repente começou a tocir como se estivesse engasgada. Bom, talvez houvesse engasgado com a própria saliva, ou com o que Imogen acabara de lhe revelar. Parecia que havia engolido algo e que se não o expulsasse morreria sufocada.

- Acho que a senhorita não estar bem. - Concluiu Imogen compadecida, pegou um pouco de água e oferecera a Hipólita - Beba um pouco, e respire calmamente.

Assim Hipólita o fez, mas a sensação pesarosa não se dissipou.

- Tenho certeza de que estás enganada, minha querida! - Tentou negar descaradamente. Colocou as mãos sob a barriga apertando-a - Isso aqui é pança, eu como tanto quanto aqueles selvagens lá fora, tenho certeza que nessa barriga só tem resquício da cerveja e do churrasco de ontem.

Imogem balançou a cabeça negativamente.

- Posso afirmar que não! Aí também tem um bebê.

- Oh, céus! - Rumorejou Hipólita - De esperanças? Como irei cuidar de um bebê se vivo como uma andarilha, uma fugitiva?

A sensação era que o ar faltava-lhe nos pulmões toda vez que pensava na possibilidade de estar a espera de um bebê. Nunca na vida tivera contato com alguma criança, não sabia como cuidar ou educa-las, pior, não sabia como iria contar isso à Louis, como ele reagiria? Se perguntava Hipólita.

Havia tão pouco tempo que se conheciam, ainda tinha o modo de vida que eles levavam, como criariam uma criança vivendo como nômades, de um lado para o outro?
Deixou os ombros caírem em desânimo e soltou um gemido pavoroso.

- Acalme-se, tenho certeza que Louis te apoiará. - a ruiva disse tentando aplacar o nervosismo de Hipólita - Ou não pensa em ter filhos?

- É complicado! Eu nunca quis casar-me, sempre pensei que da forma como vivemos casamento se tornam uma prisão, saímos do domínio de nossos pais e passamos a ser domínio de nossos maridos e, uma vez que isso acontece perdemos a liberdade de fazer nossas próprias escolhas, de seguir nosso rumo, devemos submissão e obediência aos esposos. - Explicou ela - Acho que não vale a pena casar-se com alguém apenas por conveniência, de que serve o casamento se não há amor? Ser forçada a deitar-se com um homem apenas por uma obrigação me parece hediondo. Queria poder ter a liberdade de escolher e decidir o meu futuro, por isso fugir, não é que não queira ter uma família, mas como nunca pensei em me casar com alguém, filhos me pareceu algo impossível. Me entendes?

- Perfeitamente! - Afirmou Imogen alisando seus cabelos - Mas agora não há casamento, só um bebê.

Ambas sorriram.

Desejou que sua mãe estivesse aqui, ela a aconselharia e apoiaria. Além de tudo, ainda implicava o fato de que seu filho seria um bastardo, nunca se importara com o que a sociedade pensava, mas sabia o quanto as pessoas eram maldosas, filhos fora de um casamento eram mal vistos e menosprezados, como se tivessem alguma doença contagiosa, lepra, eram proibidos de frequentarem certos lugares pois ofendiam a honra de cidadãos "decentes", o hilário era que as pessoas desconheciam o significado daquela palavra pois agiam de forma inescrupulosa, como se o errado fosse correto. Nenhuma mulher poderia criar um filho bastardo e permanecer na sociedade vivendo normalmente, tampouco as criadas que trabalhavam na casa de nobres, elas eram banidas e muitas para se sustentarem recorriam a bordéis, os bebês ou eram dados para adoção ou a mãe jurava que era casada, que o pai havia sumido, ou que ela havia sido, de alguma forma, ludibriada por algum homem que prometera que se casaria com ela. O que não era seu caso!

IRREVOGÁVEL [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now