28 - Origens

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O desejo às vezes pode até ser proibido pelos hipócritas, mas não pela sede.

- Valeriano Sousa

ESPANHA

4 anos depois

Havia algo belo e fascinante no cantar dos pássaros e no aroma das flores que emanava no ar, algo que lhe transmitia paz. Hipólita fechou os olhos e apertando a grama entre seus dedos sorriu , escutando a melodiosa risada de sua filha, que corria atrás das borboletas tentando alcançá-las.

O vento batia suavemente em seu rosto, o clima a agradava demasiadamente, principalmente por amar dias quentes. O jardim do castelo era de frente para o mar, o que deixava a vista mais encantadora, lá embaixo na extensão de areia as ondas quebram no mar azul, batendo suavemente, deslizando na areia branca, céus, aquela brisa a fazia encolher-se nos braços de Louis. O contraste do sol com as nuvens deixava o céu tons de rosas e laranjas e gaivotas completavam aquele espetáculo único e memorável.

Não era só o lugar que a enchia de calmaria, mas sim o que encontrara ali, amor e afeto. Partira em uma longa viagem para Espanha a fim de reencontrar sua família, fez muitas paradas, dormiu em estalagens, priorizando o conforto de Amélia. Todavia, aquela afadigosa viagem havia valido a pena.

Abriu os olhos e mirou o queixo de Louis, ele olhava atentamente para a filha, mas as mãos estavam em seus cabelos, o polegar fazendo uma massagem em sua têmpora. Estava deitada com a cabeça nas pernas do marido.

- Eu moraria aqui se não fosse rei.

- Não é fantástico? - instigou o vendo assentir, então continuou. - É estranho, não me lembrava de quase nada de minha infância. Apesar de fazer um grande esforço para não me esquecer de casa, do meu lar. Estar aqui hoje me faz relembrar de tudo, é como se eu pudesse voltar no tempo. Se fechar os olhos posso reviver perfeitamente cada momento.

- Não me recordo de muita coisa da minha infância, mas sei que desde sempre meu sonho era ser um guerreiro.

- Queria ser muitas coisas, esposa não era uma delas. - Anunciou ela dando um sorrisinho - E olha aqui eu.

Mas não estava arrependida, mesmo que não fora planejado, casar-se com Louis lhe trouxe uma satisfação grandiosa.

- Sim, disso eu recordo, não queria casar até se apaixonar por mim.

- Foi tu quem me obrigou a casar, marido- gracejou.

- Viveremos nesse impasse?

- Sim, até que admita a verdade, que estava completamente apaixonado por mim, desde o dia em que fitou-me pela primeira vez.

Louis mordiscou sua boca em uma provocação silenciosa e excitante demais para ser ignorada.

Antes de vir à Espanha, Hipólita permanecia ciente de que poderiam se controlar e evitar que fossem pegos em uma situação constrangedora, no entanto, agora ao lado dele já não tinha tanta certeza, estar próxima de Louis era desafiador, especialmente por serem como fogo e lenha, um risco e tanto ao estarem juntos. Nos corredores do castelo, nos labirintos do jardim, a noite dentro do mar, quando as águas estavam aquecidas deixando o clima propício para o que desejam fazer. Correr riscos nunca fora tão excitante como agora, no melhor momento de seu casamento, já que após o nascimento de Amélia sua vida mudou drasticamente, mas de uma forma positiva, mal houve tempo para aproveitar o matrimônio, suas atenções estava naquele lindo bebê que chorava sem parar e que fez com que passassem várias noites em claro. Era admirável e ao mesmo tempo curioso, ver Louis um homem tão forte e imponente cuidar tão bem de sua filha e ser participativo em sua criação, a cena em suas lembranças ainda causava-lhe suspiros.

IRREVOGÁVEL [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora