Epílogo

1.1K 97 35
                                    

O amor nasce de pequenas coisas, vive delas e por elas às vezes morre.

— Lord Byron

Hipólita mordeu o lábio inferior, e com cautela delineava o pincel sob o tecido posto sobre a madeira de álamo.

Apesar do frio, o sol brilhava com força na chuvosa e fria Escócia, acordara com um clima agradável, especialmente por saber que neste lugar, raramente as temperaturas esquentavam. Otimista, resolveu não pôr as muitas camadas de roupas e, descalça, juntou seu material e deslocou-se até o jardim para realizar algo que a muito tempo ansiava por fazer: Pintar. Era um hobby que praticava sempre que sentia-se feliz, pintar era como uma poesia silenciosa, que ganhava vida a cada novo traço. Era seu coração quem ditava cada traço na tela.

— Então estás aqui! — A voz de seu marido reverberou atrás dela.

— Oi — respondeu, e olhando em sua direção sob o ombro, lhe sorriu.

Louis se aproximou, observando seus ombros nus. A boca dele entreaberta em um quase sorriso.

— Estás desviando a atenção de meus homens.

O castelo mantinha-se em obras, mas o vai e vem de homens de um lado para o outro, e o barulho incessante não tiravam-lhe a concentração.

— Não sei do que estás falando.

Ele caminhou até ela, passou os braços ao redor de sua cintura, envolvendo-a. Beijou sua bochecha, depois o pescoço, e inspirando sentiu o cheiro de sua pele.

E a cena rapidamente atraiu olhares de todos, o que a deixou um pouco constrangida.

— Este traje.

Havia vestido somente um corpete branco sobre a camisola de seda e renda branca.

— Não imaginei que iriamos ter companhia, vossa graça.

— Oh, não provoque — ele avisou.

— Não estou provocando.

Depois de uma longa temporada, marcada por diversos combates, perdas e vitórias. Ela e Louis resolveram que deveriam sentar com o rei da Itália e através da conversa chegarem a um acordo. Todavia, o homem exigiu que antes de propor qualquer acordo, só seria possível conversar se dormisse com Hipólita, e depois de satisfazer suas vontades, o tratado de paz seria feito unicamente entre ele e Louis, o que excluiria Hipólita, que até então era ativa na tomada de decisões políticas da Escócia.

O demônio deveria ter embebedado todos os sentidos daquele ser promíscuo, para lhe ocorrer que algum dia tornaria sua esposa uma moeda de troca.

A fúria escorreu por todas as veias de Louis, agitando seus nervos, levando um gosto amargo de ira e ódio à sua boca.

Assim que recusou a pretensão de Vincenzo, tornou a relação entre Itália e Escócia ainda mais fatídica, e o desgaste entre ambos os reinos se acumulou. Até que uma mensagem foi enviada por um dos homens de Vincenzo. Um confronto entre ele e Louis. Os dois homens lutariam bravamente, sem a necessidade de seus exércitos.

Então se quisesse governar e fazer com que homens a respeitassem como líder, Hipólita permanecia ciente de que deveria mostrar sua força. Governar com conduta requer correr riscos, e estava mais que disposta a correr-los. Portanto, viu nessa situação a oportunidade de dar a Escócia a vitória.

Sabia que seu marido iria se opor à sua decisão, convencê-lo seria a parte mais trabalhosa. Mas não desistia! O que ocasionou diversas brigas, até chegarem a um consenso.

IRREVOGÁVEL [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora