18 - A ferro e fogo

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Cada colisão, é um espinho, de uma árvore, que plantei.

- Kronix

Ganância. Talvez fosse o pior dos pecados da humanidade, de todo modo ainda era incompreensível para Hipólita como alguém poderia ser tão desprezível como seu tio.

Entre todos aqueles velhacos acomodados, jovens com opiniões limitadas e lords que se assimilam a mesma repugnância do rei, estava ali, naquele baile, toda escória da Inglaterra.

- Fredis Hallwick, Barão de Villanueva. - Anunciou o rei - Eu, Anthonny I, como o rei e maior autoridade deste país, o nomeio o novo mestre da moeda.

A salva de palmas ecoou por todos os lados, o riso satisfeito de seu tio se escancarava por seu rosto. Byron como mão do rei saudava-o pelo seu mais novo título, agora ele já não era somente um barão, um servo leal ao rei, Fredis Hallwick era o mestre da moeda.

- É com grande honra que recebo este tão respeitável título, vossa graça. - Disse com aquele ar bajulador que as pessoas sempre faziam quando queriam agradar as outras - Desejo fazer um trabalho tão esplêndido quanto meu amado irmão fazia, que Deus o tenha.

Ela sempre o odiou, sim, ela desprezava Byron, mais seu tio, odiava com todas suas forças. Hipólita estava submersa em uma raiva rubra, presenciar seu tio receber o título que por direito deveria pertencer a ela dilacerou seu coração. Respirou fundo e com as pontas dos dedos limpou os cantos dos olhos evitando que as lágrimas caíssem, acabou falhando miseravelmente. Uma lágrima solitária desceu por sua bochecha e perdeu-se por sua boca. Hipólita soluçou o amaldiçoando mais uma vez.

Seu pai era o mestre da moeda, dono do banco de Londres. Hipólita sonhara em tomar conta dos negócios da família, mas sabia que o Anthony não permitiria mulheres em assuntos do tipo, tampouco solteiras, apesar de sonhar com o impossível, ver de fato seu tio usurpando seu lugar, fora o que mais a deixou triste e aborrecida.

- Oh, Lady Hallwick, estás entre um ninho de cobras. - Lady Irina comentou.

- Pretendo ser a mais venenosa delas, Joana. - Retrucou Hipólita enquanto sorveu um pouco de vinho.

Havia tão pouco tempo em que a conhecera, apenas alguns minutos, no entanto acabou criando um grande afeto pela assídua senhora. Joana Irina era uma mulher nada convencional, o rosto enrugado deixava claro o quanto ela tinha vivido, mas o que apreciava na senhora além de sua inteligência era justamente seu modo antipático, ela não fingia ser doce, tampouco elegante, Joana era hostil com quem merecia e tinha um humor negro que muito Hipólita se agradou.

- Sinto muito que tenha que suporta lord Byron.

- Sinto mais ainda, ao menos não terei que suporta-lo por muito tempo.

Joana a olhou de esgueira antes de lhe sorrir.

- O que o demônio tem de bonito, tem de cruel! - Erguera uma das sobrancelhas surpresa com a constatação da senhora, poucas pessoas sabiam disso, ela no entanto parecia saber de todos os podres que cercava a grande Londres.

- Como sabes disso?

- Minha experiência. Ainda és muito inocente, lady Hallwick, mas chegará um dia em que reconhecerá o mal somente ao vislumbra-lo. Foi obrigada a casar muito cedo, ainda era uma menina. O lord do qual fui prometida era um velho pançudo e ranzinza, mas para minha sorte na noite de núpcias conseguir me livrar do traste, o maldito morreu bem diante dos meus olhos.

Hipólita pestanejou, estava atônita diante de tamanha sorte que a senhora tivera. Lady Irina começou a rir cruelmente.

- Não criança, ele morreu do coração, estava bem velho o coitado. - Lamentou ela com sarcasmo.

IRREVOGÁVEL [CONCLUÍDA]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora