26 - Um toque de amor

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Uma mulher perdoará um homem por tentar seduzi-la, mas não o homem que perde essa oportunidade quando ela lhe é oferecida.

- Charles Talleyrand

Ainda que estivesse exaurido da noite anterior, Louis acordara cedo e pôs-se a velar o sono de Hipólita, que ressonava baixinho com as duas mãos juntas embaixo do rosto enquanto dormia, assemelhava-se a um anjo. Nem em mil anos imaginou que um dia estaria rendido, como um louco à uma mulher. E, ali estava, com o coração acelerado e com um sorriso que se atrevia a brotar em seus lábios, não sabia como controlá-lo, sentia-se tão feliz que poderia até morrer de extrema felicidade, pois seu coração palpitava açodado em seu peito.

Beijou-a e, entre beijos, murmurou palavras de amor. Ela ria enquanto bocejava, acordando de seu descanso.

Amá-la foi algo mais natural que fizera. Ela estava sozinha, e por mais que fosse forte, precisava de cuidados, em gratidão ela o amou, cuidou, levou estrelas brilhantes para seu céu que a muito tempo estava escuro. Tudo se tornou tão intenso e maior com ela.

Hipólita rolou sobre as cobertas e olhou para o teto. Parte de seu corpo desnudo ficou à mostra e de imediato Louis sentiu uma fisgada em seu membro.

- Se o pecado assumisse uma forma sólida, sem dúvidas seria a tua.

Nem mesmo com os cabelos bagunçados e rosto amarfanhado conseguiam tirar-lhe a beleza daquela criatura. Ela se aninhou à ele beijando seu peito.

- Isso soou profano.

Sorriu rente a observação de Hipólita.

- Lembras de quando ficamos juntos pela primeira vez? Estava deitada, toda dura, parecia desfalecida, como uma defunta.

Nunca esqueceria da imagem de uma outra Hipólita deitada em uma cama, acanhada e cheia de incertezas. Ela percorreu um longo caminho até tornar-se a mulher forte e corajosa com quem compartilharia o resto de seus dias. Sim, entendia os receios dela, pois Hipólita, assim como todas as outras mulheres, viviam em um mundo hostil, dominado por homens que além de comandar os seus negócios, comandavam de igual forma a vida de suas esposas e filhas, tirando-lhes todo direito de falarem por si, de decidirem o rumo de suas vidas. Ela devotou sua vida para mudar seu destino, mesmo correndo riscos. E estava ciente de que Hipólita não sossegaria, ela viveria para salvar os que careciam de segurança.

E, por Deus, estava disposto a fazer todas suas vontades, se fosse preciso entrar em guerra, ele entraria e mataria cada tirano, se essa fosse a vontade de sua esposa.

- Não exagere. - Retrucou com gracejo. Ergueu o rosto para fita-lo.

- E não estou, você me temia.

- Eu não o temia.

- Como não, suas mãos tremiam, estava pálida como uma vela.

- Ora, não seja metido. Estava exasperada com a possibilidade de os homens de Byron ou de meu tio me encontrarem. Mas não temia você, se temesse não teria aceitado aquela proposta.

- Estavas sozinha, usou o raciocínio.

- Aliás, fostes muito cretino em ter me feito aquela proposta.

IRREVOGÁVEL [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now