IRREVOGÁVEL [CONCLUÍDA]

23 - Família

Todos os MacEhdach haviam se reunido durante a refeição no recinto do castelo. Hipólita ficou consternada com o clima familiar que se instalou no cômodo, dos risos, das conversas, dos olhares apaixonados entre Amália e seu marido. Até mesmo as brigas entre as irmãs de Louis, Aileen e Tarisha, ela achará divertida.

Ter uma família, viver cercada de pessoas que te amam, Hipólita se perguntava como Louis conseguira viver longe disso. Um dia, isso foi tudo o que ela mais sonhou em ter de volta. Durante as refeições era o momento em que mais sentia a falta da sua família, na época em que seus pais eram vivos, sempre compartilhavam desse momento juntos, amava como o gênio forte de sua mãe funcionava em contraste ao humor de seu pai, Katharine e Edgar eram perfeitos um para o outro.

- Então, Hipólita, irá mesmo casar-se com meu irmão? - principiou Tarisha.

- Sim, irei.

- Espero que não se sinta desapontada quando souber da fama de libertino de meu irmão. Ele por acaso já contou que adorava frequentar bordéis e encher a cara?

- Tarisha, querida, não pode perguntar esse tipo de coisa à noiva de seu irmão. - Amália, constrangida, repreendeu a filha.

Hipólita deu de ombros antes de repontar:

- Sim, inclusive fomos a alguns juntos.

Amália quase engasgou com o vinho diante da confissão. Robert e Louis tentaram segurar o riso.

- Louis! - Amália dessa vez usou um tom severo com o filho - Não acredito que tenha levado Hipólita a esses tipos de lugares.

E havia gostado - pensou Hipólita.

Apesar de amável, a bela rainha também sabia ser assídua quando queria, exemplo disso foi há duas semanas atrás quando após todos jantarem ela chamara o filho para uma conversa. Louis lhe revelou que a reprimenda de sua mãe fora por ele ter a deflorado, e exigiu do filho que eles se casassem o mais rápido possível. Hipolita rira da reprimenda que ele havia levado e aproveitou para provocá-lo, beijando seu pescoço e esfregando seu quadril no dele, que ficou excitado de imediato. Uma vez que não haviam tido mais momentos íntimos desde que Byron havia a sequestrado, cada dia que passava fazia com que a tensão entre os dois aumentasse. Mas Hipólita estava, com muita força de vontade, tentando seguir as regras impostas por Amália, os dois só poderiam dormir juntos após o casamento. Mesmo achando que a regra imposta fosse incoerente pois já haviam dormido juntos inúmeras vezes, tanto que agora tinha um fruto dessa união em seu ventre.

- Mamãe, me poupe desse falso pudor. O que tem de mais em um bordel além de pessoas se divertindo?

- Muita coisa Louis, muita coisa mesmo. - Tarisha respondeu com um ar presunçoso.

- E como sabes disso, Tarisha, já que nunca fostes a um? - A irmã mais nova perguntou com as sobrancelhas arqueadas, as maçãs do rosto rosada dava contraste à pele pálida. Apesar de Tarisha ser a mais velha delas, as duas meninas pareciam gêmeas, ambas tinham cabelos dourados e olhos azuis, completamente o oposto do irmão.

Todos olharam para a jovem esperando que ela desse uma resposta convincente. Ela apenas deu de ombros ao responder:

- Eu sei porque li em alguns livros, e acredite, o tipo de diversão de um bordel é apropriada apenas para alguém libertino e cafajeste.

- Não deveria ler essas bobagens.

- Foi um presente seu, irmão.

- Vou me certificar de não lhe dar mais livros. - Rebateu Louis.

- Ah, não irmão, não faça mais isso. Assim me restará apenas ler os bilhetes da senhora MacKay, ela estava muito preocupada com sua partida.

- Louis é ótimo em consolar pobres viúvas. - Hipólita ouvira o comentário de Aileen e virou-se com as sobrancelhas arqueadas para Louis que a mirava de volta impaciente, como se quisesse fugir do assunto. Seu sorriso era diabólico em retribuição à pitada de humor das irmãs dele, as três estavam se divertindo ao vê-lo sem graça. A garota disse aquilo na intenção de provocar o primogênito, mas a expressão rubra no rosto de Louis a fez parar e muchar os ombros.