Prólogo

1K 95 59
                                    

Em minha mente nublada e confusa, olhos marejados em vermelhidão contínuo, respiração ofegante ao sentir o ar pesado e rançoso. Não consigo distinguir o local em que me encontro ou por quanto tempo estive preso em meu tormento. Olho em meu redor para tentar obter uma melhor definição de tempo e reconhecimento.

Nada! Nada me é familiar, estou jogado em um terreno aberto, escuro e lamacento, o cheiro a minha volta me remete a podridão, mais a frente percebo algo que parece com cavernas, o céu encoberto com densas nuvens, não passa nenhuma luz, plantas sem vida circundam a paisagem mórbida. Ouço lamentos, injúrias e gritos animalescos em toda a parte agora que estou conseguindo recuperar algumas de minhas faculdades.

Atentando ao meu próprio corpo sinto meus pulsos doerem, algo escorre por minhas mãos, sangue, minha carne está aberta e profundamente dilacerada, a dor é agoniante. O que aconteceu eu me pergunto.

Me levanto e tento andar para poder sair desse lugar deprimente e sombrio, chego a um leito de Rio. Me abaixo para saciar minha sede, algo impossível, a água tem gosto de lama podre, avisto outras pessoas, que maravilha elas poderão me ajudar a achar uma saída desse lugar.

Me aproximo de uma mulher com roupas rasgadas e cabelos desgrenhados, chego perto tentando chamar sua atenção, mas ela não me escuta mesmo eu estando a sua frente, me abaixo para um melhor contato. Antes não tivesse feito, a mulher estava com a garganta cortada e do corte saia sangue com vermes. Assustei-me e cai sentado com a visão. Como uma mulher nessa situação ainda está viva. Meu Deus, onde estou.

- Você está no Umbral Diogo.

Um homem com uma roupa leve e Branca com um semblante tranquilo me informa, seus olhos estavam tristes, mas seu sorriso pequeno tentava me passar tranquilidade.

- E o que é isso. Eu preciso voltar para minha casa, meu pai deve estar doido atrás de mim.

- Sinto muito Diogo, mas você não está preparado ainda para sair. Não antes que entenda que suas ações trazem consequências.

- Do que você está falando? Claro que posso sair daqui. E quem você pensa que é para me impedir?

- Oh meu querido, sou apenas alguém que lhe quer muito bem. Mas só cabe a você aprender a lição. Eu apenas posso te orientar. Você que escolhe seu caminho.

- Então está fácil isso. Eu escolho sair desse inferno. E o que diabos é essa Porra de Umbral?

Eu já estava nervoso com sua passividade, a mulher a muito esquecida ainda estava a minha frente, mas ela não ouvia nada parecia que estava vivendo em seu próprio martírio.

- Todos nós seres humanos recebemos de Deus a maior dádiva de todas, a Vida, esse é um bem muito precioso, e aos seus olhos o maior crime que podemos cometer e atentar contra ela com nossas próprias mãos, existem várias outras transgressões para com a vida, como o aborto, que tira o direito de uma nova vida nascer. – Explica o homem em seu tom apaziguador. – O direito de dispor de uma vida cabe somente a Deus e o Umbral é a região espiritual imediata ao plano dos encarnados, para onde vão onde estão todos os espíritos endividados, perturbados e desequilibrados depois da vida.

- Não estou entendendo onde você quer chegar com esse papo todo, ainda não sei o porquê de eu estar nesse tal de Umbral.

- Meu filho, você em vida cometeu a pior transgressão possível, você cometeu Suicídio, pondo fim em sua vida terrena.

Não conseguia entender o que esse homem estava querendo falar, como assim eu morri, eu estava aqui, respirando, falando, ouvindo, como poderia ter morrido, claro que posso ter me cortado como sempre faço para esquecer minhas dores, mas...

- Quanto tempo estou aqui? – Pergunto ao ser estranho.

- Você está preso no Vale a 20 anos, e em todo esse tempo você esteve entorpecido em seu tormento aqui no Umbral, nada podíamos fazer para te alcançar, não enquanto você não se arrepender.

- Saia de perto de mim, você é um louco por falar essas coisas, para mim, eu vou sair daqui, tenho alguém que está me esperando, suma daqui. – Eu gritei o mais alto que eu conseguia, minhas lágrimas deixavam rastro de sujeira por meu rosto, e meus olhos ardiam pela escuridão e meus sentidos voltando a desorientar pelas lamúrias e gritos trevosos ao meu redor.

Sai correndo sem ter noção de onde ir, eu precisava voltar para casa, eu precisava encontrar Murilo.

Sai correndo sem ter noção de onde ir, eu precisava voltar para casa, eu precisava encontrar Murilo

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

***************

Olá meus amores, senti muita falta de vocês, e como muitos pediram a continuação de "Em Silêncio", resolvi contar a história de Leandro e Murilo.

"Segunda Chance", um romance diferente, com obstáculos invisível, um amante obsessivo mas com um detalhe surpreendente, ele não está mais entre os vivos, como será que essa história será desenrolada?

Me acompanhem nessa nova aventura, aguardo vocês meus queridos.

Bjs... 

Segunda ChanceWhere stories live. Discover now