Capítulo 1

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Murilo

"A 20 anos perdi um grande amigo, sinto sua falta até hoje, éramos amigos desde a infância, moramos um de frente ao outro, seus pais eram pessoas muito rígidas e religiosos fervorosos penso que eram intolerantes com o que eles não concordavam ou que não estivessem escritos no santo livro deles.

Não me levem a mal, tenho muita fé e acredito muito em Deus, ainda mais em minha profissão, tenho que acreditar em uma força sublime que nos protejam, caso não seriamos nada.

Voltando ao assunto, éramos muito grudados, estudávamos no mesmo colégio, frequentávamos a casa um do outro, nossa amizade sempre foi muito grande, quando estava para terminar meu ensino médio ele estava ainda no segundo ano, percebi uma mudança em seu comportamento, ele começou a usar roupas escuras, e de magas longas, mesmo em um calor escaldante ele sempre andava de camisas escuras de mangas cumpridas, seus olhos sempre vermelhos e inchados, se distanciou de mim, estranhei muito sua atitude.

Em uma tarde fui em sua casa para poder falar com ele e lhe perguntar o que estava acontecendo, porque essa subida mudança, ao chegar em frente à sua casa e quando estava preste a tocar a campainha escuto seu pai gritando com ele, sua mãe estava chorando, não cheguei a me anunciar e fui entrando de uma vez, já dentro da casa a cena que presencio meu fez para como uma estátua.

Seu pai estava socando sua cara, enquanto meu amigo estava jogado ao chão, cada soco seu pai lhe chama de aberração, impuro, que era melhor que ele morresse a ser o que ele era, dizia que sua vida não era nada, que ele era um lixo aos olhos de Deus, um pervertido asqueroso, eu não conseguia mais ouvir tanta atrocidade e empurrei o homem de cima de meu amigo.

Me abaixei e peguei em meus braços o corpo flácido de meu amigo, ele estava muito machucado e desorientado, olhei direto nos olhos de seu pai com muita raiva lhe disse.

- O que pensa que está fazendo com o Diogo, vou leva-lo para minha casa.

- Não vai sair daqui com esse veadinho, deixe onde ele está, ele vai aprender a virar homem nem que para isso eu tenha que matá-lo.

- O senhor não encostará um dedo em Diogo. – Dito isso eu me encaminho a porta e quando ia saindo sou parado por sua mãe.

- Por favor Murilo, cuide de meu filho. – Disse D. Lúcia aos prantos.

Não respondi nada, porque uma mãe vendo seu filho sendo violentamente espancado não o auxilia ao invés de ficar chorando, agora fica com remorso.

Digo estava recuperando seus sentidos, ele ficou um pouco alterado, mas ao perceber que era eu ele se acalmou, entrei em minha casa e fui direto para meu quarto, o deitei em minha cama e corri ao banheiro para pegar o kit de primeiros socorros e fui cuidar de seus ferimentos.

Sentei ao seu lado e comecei a limpar e desinfetar seus machucados e passar uma pomada em seus hematomas, eu estava em um turbilhão em meu interior querendo saber o motivo para tal violência, o que teria acontecido para que o senhor Pedro se alterasse dessa maneira, como abordaria esse assunto com Diogo.

- O que aconteceu meu amigo, me conta o que está acontecendo com você.

Diogo desvia seu olhar do meu deixando seus olhos fixos na parede, pego seu queixo e o viro para mim.

- Me diz Diogo, não me deixe no escuro sem saber o porquê seu pai lhe bateu dessa maneira.

- Quer saber mesmo Murilo? Meu pai me bateu porque descobriu que estou apaixonado, que amo uma pessoa e que isso não era para ter acontecido.

Segunda ChanceWhere stories live. Discover now