Capítulo 14

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Leandro

Sozinhos no quarto reparo em Murilo, o homem forte, energético, brincalhão, não estava mais visível, em seu lugar estava apenas um homem vazio, engulo a bile, sei que sua tristeza é minha culpa, sei que lutei muito contra esse sentimento que existia em meu peito, por medo, por insegurança não o nomeei, eu neguei a mim mesmo a todo o instante, mas vendo meu amigo destruído me fez sangrar.

- Murilo...eu...- Não conseguia lhe encarar, seus olhos me queimavam, não via ódio em suas orbes, mas também na via mais o amor. – Sei que deve estar me odiando, não tiro sua razão e...- Murilo me interrompe antes de completar minha frase.

- Não te odeio Leandro, como eu poderia? – Murilo diz com seus olhos dourados brilhando com suas lágrimas represadas. – O amor que eu cultivei em meu coração não é apenas um sentimento carnal, que há a necessidade de sentir o seu toque, seu beijo, seu calor, não há a necessidade de ouvir palavras amorosas, não há necessidade de cobranças em querer que diga que também sente o mesmo, o amor que cultivei em meu peito Leandro não é aquele que aprisiona e acorrenta a um fardo que não é capaz de carregar. Que não suporta lutar para mantê-lo, o amor que senti por você é aquele que liberta, aquele que cuida pelo simples prazer de estar ao lado, aquele que fica feliz por um simples sorriso direcionado a você, aquele que desiste pelo bem de quem ama...- Suas lágrimas não estavam mais contidas, cada palavra proferida por Murilo era como se estivesse colocando um prego em meu caixão, estava me destruindo. – Depois de ver sua performance...eu...eu compreendi que você realmente não me ama, e eu cansei de insistir nesse erro, me enganei quando deixei meu coração escolher você para revive-lo quando ele estava morto...

- Por favor não diga isso, por favor eu me arrependo tanto por isso...- Nesse momento deixei meu orgulho de lado e me ajoelhei a seus pés, não suportava a ideia de perder Murilo, não aguentaria se ele deixasse de me amar, perderia minha alma se isso ocorresse. – Eu errei, me enganei, por favor, não se arrependa do seu amor por mim, por favor.

Murilo se levanta de sua cama e com seu polegar enxuga as lágrimas que deixavam meus olhos, seu olhar não havia mudado, estava decidido que ele iria eliminar o amor de seu coração, eu não podia permitir.

- Não precisa se preocupar Leandro, se para você se sentir bem precisa de meu perdão você já o tem, não se torture tanto, a culpa de tudo foi minha por sonhar muito alto, por esperar algo que não era possível, levante sua cabeça e seja o homem forte que sempre foi, não se abale por pouca coisa, você já se decidiu, e espero do fundo de meu coração que essa mulher não seja como a Júlia foi e não o faça sofrer, que dê valor ao homem que você é e não ao status que você representa.

Foi como levar uma punhalada no peito suas palavras, marcaram como ferro em brasa, sua voz cortava meus sentidos, cada entonação carregada de desilusão, abaixei minha cabeça por vergonha de meus atos.

- Não quero nenhuma mulher, confesso que a dúvida me cegou, cometi o pior erro de minha vida, não confiei em minha vontade, fui inseguro e isso me desestruturou, confundi meus sentimentos e deixei que minhas emoções fossem submersas pelo medo, fui covarde, Murilo fui covarde por temer me entregar a algo real e não saber lidar com isso, você não teve culpa de nada, você sempre me amparou e me sustentou, foi sempre a minha força, e eu cego nunca percebi que o que eu sempre senti por você não era apenas amizade e sim amor, precisei cair em um inferno de agonia para poder descobrir que é Amor.

Murilo me olhava sem dizer uma palavra, não sabia se o que dissera lhe atingiu de alguma forma, eu torcia para que ele acreditasse em mim e que me desse outra chance.

- O que você quer Leandro? – Com um suspiro profundo Murilo pergunta com sua voz quebrada.

- Quero você Murilo, com todo meu ser, eu quero você. – Respondi levantando de meus joelhos e ficando a sua frente, olhando fixamente em seus lindos olhos dourados.

Segunda ChanceWhere stories live. Discover now