Capítulo 16

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Nosso casal estava em um momento de paz, Murilo havia se recuperado e estava ansioso por conhecer o Centro Espirita citado por Gabriel, ele tinha feito como fora instruído e passara a “Orar” para a recuperação de Diogo, ele sentia que cada vez que ele conversava em suas preces seu corpo e seu coração ficavam mais leves, mas ele não sabia que Diogo não se permitia ouvir as palavras de seu amado, em sua cabeça Murilo havia lhe traído.
Em seu carro a caminho da Fazenda Olhos D’água, Murilo está acompanhado de Diogo que persiste em se ressentir, vibrações de rancor eram direcionadas ao médico, palavras de rancor eram proferidas.
-“Lilo, você me traiu, você nunca me amou, traidor...”
Diogo se esgueirava sobre Murilo, os membros do médico começaram a tremer e seu peito a se oprimir, Diogo mais próximo de seu rosto com saliva saltando de seus lábios vociferava com seus dentes rangendo em fúria.
-“Traidor, sente alívio por eu estar morto Lilo, está feliz por eu estar morto e você poder aproveitar sua vida...”
Murilo massageava seu peito para aplacar a dor que estava sentindo, sua cabeça zunindo, o médico em uma rodovia com seu carro em movimento e seus sentidos sendo consumidos.
-“Você teria me abandonado de qualquer modo não teria Lilo? Traidor, traidor...”
Com o carro acelerado Murilo perde sua visão momentaneamente, e em um ato reflexivo seu pé bate em cima do freio parado o carro de uma vez, fazendo com que Murilo batesse com sua cabeça no volante, sua sorte era que ele estava com cinto de segurança e a via de acesso a Olhos D’água não era movimentado.
Com a parada brusca, Murilo tenta se controlar, ele respira profundamente, saindo do carro ele anda ao redor para ver se está tudo bem, Murilo encosta na lataria do automóvel e com seus olhos fechados ele coloca suas mãos em seus joelhos e deixa seu corpo agachar-se, Expira e respira, Murilo repete esse processo até conseguir se sentir bem e com suas emoções normais, ele desconfia o que causou tal transtorno, e com amor em seu pensamento direciona suas palavras a Diogo.
- Digo, se estiver comigo, não faça algo que vá se arrepender, por favor, meu querido.
Diogo vendo seu amado de joelhos se recuperando sente um desconforto, ele não entende o porquê ver Murilo abalado está fazendo com que doa em si mesmo.
-“Eu...eu...não...Lilo, eu não posso te perder novamente. ”
Após se recuperar do susto, Murilo entra em seu carro e segue seu trajeto a fazenda, lá chegando ele estaciona seu carro em frente à casa saindo e se direcionando a porta de entrada, ao colocar sua mão na maçaneta para abrir a porta a mesma se abre de abrupto e um Allan gritando se agarra a Murilo apavorado.
- Saia em nome de Jesus, esse corpo não te pertence Satanás... – Allan gritava segurando o médico como se sua vida dependesse disso.
- Hei... Allan, Allan, me solta... – Murilo tentava falar e se soltar de Allan, mas sem sucesso.
- Ela vai me matar, essa mulher não é de Deus. – O rapaz apontava se escondendo atrás de Murilo. Os olhos de Allan saltavam assustados
- Saia daí e me encara seu frouxo dos infernos. – Letícia com suas mãos na cintura gritava para o coitado apavorado. – Se você pensa que vai se safar está muito enganado, ou você assume a merda toda ou eu corto teus ovos fora.
Leandro, Victor e Renato apareceram atrás de Leticia na vã tentativa de controlar a baixinha, Leandro vendo Allan pendurado feito um coala em Murilo começou a gargalhar e se aproxima de seu amado colocando suas mãos em seu rosto e depositando um beijo em seus lábios.
- O que está acontecendo aqui? – Murilo pergunta quando enfim ele conseguiu desgrudar Allan de sua cintura com um tapa em sua nuca.
Leandro entrelaça sua mão a de Murilo e o conduz até a sala, ambos se sentando, em seguida os jovens entram, Renato está segurando Leticia e Victor servindo de escudo para Allan.
Renato se aproxima de seu padrinho e segura sua mão lhe beijando e pedindo sua benção, sorrindo pelo costume de seu pequeno que mesmo depois de se tornar um homem lindo não perdeu a humildade de pedir a benção aos mais velhos.
- Estávamos fazendo os preparativos do casamento, quando comentamos sobre os padrinhos, onde surgiu uma discussão sobre qual lado a baixinha e Allan ficariam. Bem como nossa baixinha é pratica ela disse que simplesmente não poderia escolher um lado, então era melhor Allan e ela ficarem no centro com Victor e eu...- Renato olha para Victor e o mesmo estava tentando separar Leticia do pescoço de Allan. - Transformando assim em um casamento duplo.
Murilo suspende seus olhos e encara Leandro que estava rindo da situação, quando ele percebe o olhar morteiro de Murilo o fazendeiro engole o sorriso na hora.
- Mas porque Letícia está querendo esfolar o Allan então. – Murilo pergunta.
- Porque todo homem que presta é casado ou é gay heim? Essa porra de mundo é injusto para caralho, olha aqui, na minha próxima encarnação eu quero nascer com um pau, quem sabe assim eu encontro um homem que me assuma e não um homem apenas para comer e não querer nada mais que isso. – Letícia estava visivelmente nervosa.
- Amor não fale assim Polly Pocket da minha vida. – Allan falava e a baixinha avançava em sua direção.
- Polly é a minha mão na tua fuça seu infeliz, é o seguinte ou casa ou caia fora, ou caga ou saia da moita, simples e fácil. – Leticia falava com seu dedo em riste e dando tapas em Victor para que o loiro saísse de sua frente.
Murilo abraça Leandro que estava sentado ao seu lado e fala em seu ouvido.
- Você é um péssimo pai, como deixou que algo assim chegasse a esse ponto?
- Tenta controlar essa criatura, se conseguir lhe dou um prêmio. – Leandro responde com um sorriso malicioso em seus lábios.
- Vou cobrar isso Sr. Leandro. -  Murilo diz mordendo o lóbulo do ouvido de Leandro.
Murilo bate as palmas de suas mãos chamando a atenção de suas “crianças”.
- Allan, qual é o problema em se casar agora ou até mesmo depois com a Letícia, uma garota adorável, tranquila, responsável, agradável e compreensiva, será uma excelente esposa.
- Murilo, você sabe que está falando da Letícia né? – Pergunta Allan, assim que as palavras saem de sua boca um objeto não identificado atinge sua cabeça. – Essa mulher me assusta como um inferno, mas eu a amo muito, minha Polly Pocket é tudo na minha vida, mas antes de casar eu preciso encomendar uma camisa de força, será que você sendo médico poderia me ajudar nisso?
- Olha aqui seu lezado, camisa de força você coloca na senhora sua mã...
- Dona Leticia olha sua boca, se controle. -  Leandro repreende a baixinha antes de terminar sua frase.
- Desculpe, caramba tio, eu amo esse idiota, e não me vejo sem ele mais, mas se ele não quer se casar tudo bem, eu não vou insistir. – Leticia se afasta de Victor e Allan e abraça Renato, com sua cabeça no peito de seu amigo.
- Meu amor...Minha baixinha...- Allan chama Leticia sem sucesso, mas ele não desiste. – Minha Polly Pocket, olhe para mim minha esquentadinha.
Letícia com um suspiro se afasta de Renato e se vira para olhar Allan, quando seus olhos se encontram, Allan estava de joelhos a sua frente com uma caixinha de veludo em mãos e um sorriso apaixonado em seu rosto.
- Letícia Whider você é a mulher mais deslumbrante, amorosa, carinhosa, louca e desvairada, mas todas essas qualidades e defeitos é o que fazem você ser você, não poderia ter a imensa sorte dessa incrível mulher ser minha, eu sou muito sortudo por ter tido a honra em tê-la, e eu seria o homem mais feliz do mundo se essa mulher maravilhosa aceitasse ser minha esposa.
Letícia coloca suas mãos em sua boca para segurar o soluço que escapou de sua garganta, assim que Allan abre a caixinha de veludo e de lá retira uma aliança em ouro branco com um lindo diamante encrustado suas lágrimas transbordam, e pela primeira vez a baixinha não conseguia dizer uma palavra sequer.
Allan levanta-se de seus joelhos e se aproxima de Letícia com seus olhos cálidos e seus lábios sorridentes, ele segura a mão direita de Letícia e introduz a aliança com carinho, a baixinha faz o mesmo com Allan, Letícia e Allan se abraçam e se beijam para selar seu mais novo compromisso.
Murilo e Leandro sorriam com a felicidade de suas crianças, Leandro descansa sua cabeça no peito de Murilo e com um suspiro diz ao seu amado.
- Nossas crianças estão crescendo.
- Sim, eles estão. E você me deve um prêmio. – Murilo beija o pescoço de Leandro.
- O combinado foi para você controlar a Leticia, e não foi isso que aconteceu. – Leandro responde sorrindo enquanto sentia os lábios de Murilo em sua pele.
- Isso é indiferente, o que importa é que tudo está resolvido, e acabou tudo bem.
- O Sr. está trapaceando Dr. Murilo.
- Com certeza eu estou. – Murilo gargalhou e girou Leandro em seu corpo para que o fazendeiro ficasse de frente para ele.
- Mas eu te dou uma chance hoje para pensar no meu prêmio. – Murilo abaixa sua cabeça e encontra os lábios de Leandro, sua língua é sugada e chupada, as mãos de Leandro abraça o pescoço de Murilo e Murilo o enlaça pela sua cintura, apertando seus corpos um ao outro em uma entrega total.
- Vai ficar aqui essa noite. – Leandro pergunta após separar seus lábios.
- Hoje não meu amor, tenho um compromisso. – Responde Murilo.
- Que compromisso?
- Vou me encontrar com Gabriel, temos um assunto para resolver. – Murilo falava e depositava beijos pela face de Leandro, não preciso dizer que Leandro estava com sua cara fechada.
- Que porra de assunto você tem com esse cara. – Leandro pergunta saindo dos braços de Murilo.
Murilo sorri e puxa o fazendeiro emburrado novamente para o aperto de seu abraço.
- Meu amor, não há motivos para ter ciúmes de Gabriel, ele é meu amigo e isso não irá mudar, tenho algo importante para fazer e ele vai me ajudar, isso é tudo, amanhã estarei aqui com você, não se preocupe.
- Esse assunto é tão extenso que levará a noite toda? – Leandro bufa em frustração, e um sentimento agoniante em seu peito.
- Amor...Esse assunto é importante para mim, por favor tente entender, tudo bem!
Murilo suspende seu queixo e seus lábios macios beija Leandro, eles não conseguiam ficar longe dessa sensação, eles necessitavam o contato um do outro.
- Tudo bem, eu não gosto de Gabriel, mas confio em você, quando terminar esse “assunto” você pode pelo menos me ligar?
- Claro que sim, amor... – Murilo busca a orelha de seu amado. – Você fica lindo quando está com ciúmes.
Enquanto as “crianças” estavam discutindo detalhes de um casamento duplo, Murilo e Leandro estavam na lagoa de mãos dadas apreciando um entardecer, minutos após Murilo se despede de seu amor e retorna para seu carro indo para sua casa e se arrumando para se encontrar com Gabriel.
Murilo e Gabriel estavam a caminho do local que ajudaria seu querido Diogo, ele espera de todo seu coração que Diogo conseguisse encontrar sua paz, encontrar seu caminho, encontrar sua Luz.

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