Capítulo 15

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Sem a influência possessiva de Diogo e presença de Heloisa e Claudio, Murilo recuperou um instante de paz e suas emoções começaram a se estabilizar, com a ajuda de passes direcionado a ele pelos bem feitores, Murilo pôde sentir o corpo de Leandro em seus braços e seu cheiro o inundava, com sua mente mais clara ele poderia dar o que Leandro tanto pedia, seu coração aflito para atender ao homem que amava.
Murilo separa-se de Leandro para poder olhar para ele, o fazendeiro estava ofegante pelo beijo, sua tremedeira não havia cessado, ele estava apavorado com a possibilidade de perder Murilo, justo agora que ele aceitou seus sentimentos para com seu amigo, seus olhos imploravam a Murilo.
- Leandro você tem certeza de que é isso que realmente deseja? – Murilo perguntou tomando uma certa distância de Leandro.
- Com todo meu coração, corpo e alma, não posso viver sem você comigo, não posso mais me impedir de amar você, por favor Murilo, vamos viver isso, você ainda me ama? – Leandro perguntou, mas em seu interior tinha medo da resposta do médico.
- Não é fácil arrancar o amor de um coração Leandro, ainda mais quando ele tão enraizado quanto o meu está, eu ainda te amo sim, mas a ferida está aqui também.
- Por favor, não me condene por um erro que cometi, eu me arrependo por aceitar tarde demais meu amor, mas não desista de nós por culpa de um erro, não posso prometer a você que não farei mais nenhuma cagada, você me conhece isso seria impossível, mas em relação a nós eu espero que você fique ao meu lado assim como eu ficarei ao seu, se eu fazer alguma merda saberei que você está comigo e faria qualquer coisa para não perder você, serei fiel a você eu quero apenas você.
Murilo sabia que Leandro era um homem atrapalhado, mas não era fraco, sempre quando tomava uma decisão ele a mantinha, o médico respirou profundamente e acenou com sua cabeça, com seu coração leve deixou seus olhos dourados encontrar os verdes de Leandro.
- A porra da verdade é que te amo infeliz, te amo tanto que dói para caralho, mas te aviso agora Leandro, é sua chance de desistir e ir embora... – Murilo falou sério e sempre lhe encarando sem nenhum sorriso. – Se você voltar a me colocar um par de chifre eu juro que tiro suas bolas sem usar um bisturi.
Leandro sorriu em alívio, seus olhos se iluminaram, a pressão em seu peito se desfez e seus braços agarraram o homem que ele amava, sua boca em pressa alcançou a de Murilo e suas línguas iniciaram uma dança em entendimento.
Estaria tudo resolvido para esse casal apaixonado? Estaria se não houvesse um ser completamente destruído presenciando a cena do lado de fora da casa, na janela do quarto de Murilo Diogo chorava, suas lágrimas amargas lhe sufocando, seu peito arfando em rancor, tudo que ele fazia para separar Murilo de Leandro falhava, o que ele poderia fazer para separar definitivamente eles? Em sua mente doentia ele sabia qual seria a maneira definitiva.
O recente casal sorria um para o outro em perfeita harmonia, suas pendencias com muito esforço haviam sido resolvidos, nem a ameaça de ficar sem suas bolas deixavam Leandro incerto de sua decisão, ele estava feliz por finalmente estar com Murilo.
Após seus corpos se separarem e se acalmarem, Murilo com seu jeito carinhoso abraçou Leandro e com o calor se misturando falou em seu ouvido.
- Preciso de um bom banho e comer alguma coisa de verdade, estou faminto.
- Sua febre passou? – Leandro pergunto, lembrando apenas agora que o homem a sua frente estava febril.
- Estou bem melhor, os remédios fizeram milagre.
- Teu milagre sou eu, pode confessar. - Leandro se aproxima de Murilo deixando leves beijos em seus lábios.
- Não se ache tanto Sr. Leandro, pelo que me lembre você foi o causador de minha convalescência, então se me der licença, vou tomar um banho, e o Sr. pode me esperar na sala. – Murilo começa a empurrar Leandro em direção a porta a abrindo para que o fazendeiro saísse.
- Oh! Pensei que poderíamos tomar banho juntos, hun... – Leandro arqueia a sobrancelha para Murilo e lhe dá um sorriso de lado.
- Não, você me espera comportado junto com a Letícia.
Dizendo isso Murilo fecha a porta na cara de Leandro, o fazendeiro derrotado vai em direção a sala, lá chegando encontra a baixinha e Gabriel conversando distraidamente.
- O que faz aqui ainda? – Pergunta Leandro a Gabriel.
- Quero conversar com Murilo. –Respondeu simplesmente Gabriel.
- O que você tem para falar com ele.
- Como você mesmo disse, o que tenho para conversar é com ele e não com você. – Gabriel o encara e sorri.
- Eu acho que nã... – Leandro foi interrompido por uma baixinha nervosa.
- Mais que caralho, tio larga mão de ser intrometido, se o Gabriel tem que falar com o Murilo qual o problema, vocês já não estão resolvidos? Então sossega a pica e senta tua bunda no sofá e espera.
- Minha filha, esses são modos de uma moça?
- Que? Vocês dois ficam aí iguais idiotas disputando um pedaço de carne, e tio, o Murilo te ama para caralho então confia nele, pois se ele quisesse ele já teria ficado com o Gabriel faz tempo, mas não, ele esperou até você tomar vergonha na cara e reconhecer que gosta dele como homem, então meu tio amado não faça merda.
Leandro bufou como uma criança que acabara de ser repreendido por sua mãe e senta-se ao lado de Leticia com um bico enorme em seus lábios, a baixinha vendo a birra de seu tio o abraça e sorri.
Os minutos foram passando em silêncio, quando ouviram passos vindo em direção a sala, Leandro vira sua cabeça para encontrar Murilo com os cabelos molhados, barba feita, vestido em um jeans e camiseta branca, em seus pés um all star surrado, sem perceber Leandro sorri para o homem que acabara de entrar, Murilo retribui o gesto e senta-se ao lado dele no sofá.
- Pensei que já havia ido embora Gabriel. – Murilo fala e segura as mãos de Leandro entrelaçando seus dedos em sua mão calejada.
-Não...Eu precisava, quer dizer, eu preciso falar com você.
- Pode falar. – Responde Murilo sem soltar as mãos de Leandro.
- Poderíamos falar em particular? – Pergunta Gabriel.
Leandro olha para Murilo e com seus olhos verdes tenta transmitir a Murilo a sua inquietação sobre isso, o médico aperta a mão do fazendeiro em uma tentativa de acalmar o mesmo, ele se levanta de deposita um beijo em seus lábios, onde ele diz.
- Não demoro.
Com isso ele chama Gabriel e ambos vão conversar na cozinha, Leandro se levanta com o intuito de seguir pelo mesmo caminho, porém, ele não contava com uma baixinha muito rápida que se colocou à sua frente com uma cara nada boa.
- Senta sua bunda naquele sofá e espera que Murilo já volta, que insegurança frouxa é essa tio?
- Gabriel é apaixonado por Murilo, você acha mesmo que posso ficar tranquilo sobre isso. – Leandro diz exaltado.
- Gabriel pode ser apaixonado por Murilo, mas Murilo amo você, que insegurança, parece adolescente com sua primeira namorada, bem, no seu caso namorado né.
- Você se refere a isso tão naturalmente, não te incomoda que Murilo e eu estejamos juntos dessa maneira? – Leandro pergunta intrigado.
- Tio todos nós sabíamos que o Murilo amava você, apenas você que não via, torcíamos para que caísse um raio na tua cabeça para que ela se abrisse, quem sabe assim você seria mais atento. – Letícia gargalha e olha carinhosamente para Leandro. – Tio não escolhemos que iremos amar, escolhemos se iremos retribuir a esse amor, você demorou muito a reconhecer, mas o que importa é que você reconheceu, então apenas viva esse amor intensamente, sem amarras, sem medo, estaremos ao lado de vocês sempre, somos uma família, e família apoia um ao outro.
Diogo não precisava ser esfaqueado em seu coração com essas palavras, família apoia um ao outro, ele não teve esse prazer, ele não teve uma família que o apoiasse, se ele tivesse ele estaria onde Leandro está, ao lado de Murilo.
Diogo desistiu de voltar a procurar a mulher para tentar seduzir novamente Leandro, isso não adiantaria, Leandro era protegido pela “coisinha” e sua influência fortalecia o “coisinho”, ele não entendia como ele conseguiu influenciar Leandro antes.
-“Nada acontece se não era para acontecer, o que você fez para Leandro, foi o que ele precisava para aceitar o que ele sentia por Murilo. ”  - Heloisa respondeu seu questionamento sem palavras de Diogo.
-“ Então foi graças a mim que o coisinho decidiu assumir Murilo...”
- “Irônico não é mesmo, você deveria estar feliz, você foi um instrumento para que eles se acertassem. ”
- “Coisinha, nesse momento eu quero muito que você suma de minha frente. ”
- “Meu querido não fique zangado, seria mais fácil se você aceitasse nossa ajuda, você não está cansado de sentir dor, seu corpo está tão maltratado, peça que ajudaremos a curar suas feridas. ”
- “Podem curar meu coração? Não, essa dor ninguém pode curar. ”
Diogo suspira e desaparece seu coração estava começando a amolecer? Ele aceitaria suas condições, o qual ele próprio escolheu? Diogo estava inquieto e confuso, ele estava cansado.
Na cozinha Murilo senta-se a mesa assim como Gabriel, Murilo enche uma caneca com café e leite, Leticia havia deixado um lanche pronto para Murilo, e começa a saborear o sabor do liquido quente.
- O que era tão importante para você me falar? – Pergunta Murilo, descansando a caneca em cima da mesa.
- Você sabe que sou espirita, não sabe? – Pergunta Gabriel sem rodeios.
- Sim, mas o que tem a ver com o que você quer me falar.
- Letícia me contou que quando você era mais jovem, você teve um namorado e esse namorado de matou.
Murilo baixou seus olhos e respirou profundamente.
- Sim, meu primeiro amor, Diogo, era seu nome, ele...bem você sabe o que ele fez, mas enfim, o que tem isso?
- Murilo eu acredito que esse Diogo está obsidiando você, creio que como ele é um espirito suicida, ele não aceitou seu estado, e para piorar ele não aceita que você siga sua vida, pelo que pude entender, ele teve uma vida conturbada e foi violentamente torturado por seus pais, e chagar a um ponto de tirar a própria vida mostra o tão transtornado ele deve estar. – Gabriel olha atentamente a Murilo para ver se o mesmo está acreditando em suas palavras. – Murilo um espírito suicida muitas vezes acorda no Umbral, isso é como se fosse o inferno, ele carrega todas as memorias do que passou em sua vida, ele ainda continuará a sentir as dores do que foi a causa de sua morte, muitos deles se tornam espíritos obsessores, e acredito que esse Diogo se tornou um.
- Como pode ter tanta certeza disso, Diogo seria incapaz de machucar alguém.
- Murilo eu acredito em você, mas tente entender, ele deve estar transtornado em ver o primeiro amor dele com outra pessoa, pelo que eu vi quando você estava desacordado, você chamava pelo nome dele, você pedia para que ele te deixasse em paz, você ficava alucinado falando com sombras em seu quarto, até que eu mesmo comprovei, eu o vi ao seu lado, uma sombra sinistra e distorcida, e você delirando.
Murilo lembrou de seus pesadelos, do local sinistro que ele viu Diogo, a maneira que Diogo estava, em seu estado emocional, seu desiquilíbrio em afirmar que Murilo seria sempre dele, um arrepio percorreu seu corpo.
- Se por acaso eu acreditar em você, o que posso fazer para ajudar Diogo, como posso fazer com ele encontre finalmente a paz que ele tanto desejava?
Gabriel sorriu e segurou as mãos de Murilo apertando em um acalento brando.
- Já escutou a frase “ Orai e Vigiai”, ore para que Diogo abra seu coração aos bem-feitores que querem lhe ajudar, vigie sempre, não baixe sua guarda, vou te levar ao centro que frequento, lá você conseguirá retirar todos os resquícios de influência de Diogo e com você indo ao centro Diogo encontrará em breve a luz que ele necessita.
Os dois homens combinaram o dia em que Murilo iria ao centro espírita com Gabriel, ele pensou muito e resolver não falar nada sobre isso a Leandro, isso era um assunto dele, e ele iria resolver sem envolver o fazendeiro, passado algum tempo Gabriel abraça Murilo em despedida.
- Gabriel eu te agradeço por tudo que está fazendo por mim. – Murilo diz a Gabriel enquanto lhe acompanhava até a porta de saída.
- Não precisa me agradece a Murilo, afinal de contas, eu amo você, mesmo que você tenha escolhido o idiota do Leandro, ainda amo você. – Gabriel deposita um beijo em seu rosto e em seguida lhe dá as costas indo embora de sua casa.
- Isso era para me fazer sentir melhor? Mais seguro? – Leandro pergunta, ele estava encostado na porta à espera de Murilo.
Murilo sorrindo caminha em direção a Leandro, ficando em sua frente Murilo pergunta ao pé de seu ouvido.
- Me diga Leandro, o que somos uma para o outro agora? – Murilo fala baixo em seu ouvido, causando arrepios em Leandro.
- Somos o que você quiser que sejamos. – Leandro ofega e procura a boca de Murilo, eu um sugar de lábios e uma mordida Murilo responde em seguida.
- Me surpreenda. – Murilo sussurra.
- Você é meu homem Murilo, o único, você é meu tudo.
Com isso um beijo apaixonado foi iniciado, e uma baixinha enxerida chorando escondida com um celular em mãos gravando esse momento lindo de seus tios.

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