- Indicado ao 1º Prêmio Wattpad Brasil ( #WBr2018 )
- 2 indicações ao ADA2018 (Prêmio Da Academia De Artes Literárias)
Betinha é uma jovem que vende vassouras pelas ruas para garantir a compra da sua passagem para uma viagem internacional. Ela plane...
— Eu não estou acostumada com essas coisas não, cara. Isso de turbulência eu só vi em filme – Betinha disse para Dalton ainda abraçada a ele.
— Calma, mocinha. Calma. Isso passa.
E passou. Apenas um minuto depois. Foi quando Betinha se percebeu abraçando Dalton. Percebeu o quanto parecia frágil da forma como odiava parecer e logo se afastou.
— Já fico feliz se eu fui capaz de acalmar você.
— Ih, não vai se achando – Betinha disse e cruzou os braços.
— Por que você é assim tão briguenta? – e Dalton permanecia a olhando, maravilhado.
— Você não sabe nada sobre mim.
— Isso é uma grande verdade. Não sei mesmo. Então me conta. Me fala sobre você. Para começar... O que te leva até Nova York?
— Como assim o que me leva? O meu desejo de ganhar bem, ter condição de dar uma vida boa para a minha mãe. Quero encontrar emprego lá, fazer a minha vida. O que mais seria? E você vai fazer o que lá, por acaso?
— Bem, eu só tenho 20 anos, mas já sou dono da minha empresa. Sou sozinho nesse mundo. Logo, eu foco a minha cabeça só nos negócios e estou abrindo agora a primeira filial dos meus negócios lá em Nova York.
— Ah, claro, claro. Está indo até lá alimentar o seu pônei americano e passar um tempo no seu castelo com paredes de cristal. Claro.
Dalton riu bastante.
— Você é incrível – Dalton continuou e pela primeira vez conseguiu até mesmo ter um sorriso dela em retorno.
Passou mais uma, uma hora e meia e Dalton e Betinha já riam e passavam bons momentos juntos. Falavam de seus sonhos, seus gostos, compartilhando seus objetivos. Mesmo sendo tarde da noite, Dalton solicitou que a aeromoça trouxesse vinho e amendoins e assim foi feito.
— Então é isso. Acho que já é hora de voltar para o meu assento – Dalton disse.
— Já se cansou de mim?
— O meu sono chegou realmente. É só isso.
— Que elogio, hein? Eu te dei sono? Como sou interessante. Parabéns para mim.
— Sua doidinha – ele disse se levantando. – Conversamos mais pela manhã?
— Vai lá dormir, dono de pôneis que comem ouro. Até amanhã – Betinha disse implicante e de forma surpreendente até aceitou o beijo que ele deu em sua bochecha.
Dalton retornava para a sua poltrona na primeira classe, feliz e pensando em Betinha a todo instante, até que aquela mulher loira, com ares de miss de campeonato de beleza o puxou pelo braço e o obrigou a se sentar ao lado dela.
— Opa! Desculpa, eu... Nós nos conhecemos? – ele a perguntou confuso.
— Todo mundo me conhece, gatão.
Dalton olhou bem para a mulher então. Claro. Era Anja DellaVinie, a atriz principal da novela das 21 horas.
— Anja DellaVinie. Uau. Eu...
— É um fã? Claro que deve ser. Também gosta de mim? Porque então esse é o seu voo da sorte, gatão – Anja seguia falando bem baixinho, só para ele. – Estou de olho em você desde o embarque. Você é um gato! Está aprovado no meu controle de qualidade. E olha que eu sou bem exigente, hein? Topo ficar com você. Vamos?
A famosa Anja simplesmente se jogou sobre ele. Ela já beijava o seu pescoço, mas Dalton, meio desconfortável só pensava na briguenta Betinha lá na classe econômica.
Betinha tentava dormir, mas o homem gordo e abusado que tentou tê-la a força antes passou caminhando no corredor bem ao lado dela. O homem ainda ousou encará-la. Betinha, destemida como sempre, ainda mostrou o seu punho para ele, balançou o punho no ar ameaçando como quem dizia "Vem tentar gracinha de novo. Vem que tem!" e ele seguiu o seu caminho. Betinha notou que o outro homem careca e de olhos azuis, aquele sim que lhe dava medo, continuava a espiando. Ele se levantou agora. Não! Vinha na direção dela e agora Betinha não sabia o que fazer. Chamar a aeromoça, encarar o estranho sozinha, chamar... Dalton?!
O homem careca exibiu um sorriso de maníaco para ela, estava prestes a tocá-la quando o avião balançou inteiro de novo e dessa nova vez balançou tão forte que derrubou o homem careca no corredor e acordou ao mesmo tempo todos os passageiros.
Betinha agarrou a poltrona a sua frente em desespero. As máscaras de ar caíram do alto e todo mundo gritava agora.
— Não é turbulência. Está caindo! O avião está caindo! – Betinha gritou.
— Meu Deus! Meu Deus! – a atriz Anja abraçava Dalton apertado, colava o seu rosto desesperado no pescoço dele.
Mas Dalton levantou, correu de volta para a classe econômica. Os olhares de Dalton e Betinha se encontraram em meio aquele caos. O avião desceu de uma só vez, todo mundo foi atirado para frente, voaram para fora de seus assentos com violência. Caiam.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.