- Indicado ao 1º Prêmio Wattpad Brasil ( #WBr2018 )
- 2 indicações ao ADA2018 (Prêmio Da Academia De Artes Literárias)
Betinha é uma jovem que vende vassouras pelas ruas para garantir a compra da sua passagem para uma viagem internacional. Ela plane...
Maria tinha 24 anos e era uma linda mulher. Ela havia nascido em uma família pobre. A sua bisavó havia sido uma empregada, assim como a sua avó e a sua mãe também. Maria estava acorrentada a uma linhagem de mulheres que haviam sido empregadas por várias gerações. Assim, apenas com 22 anos ela se tornou empregada da família DellaVinie. A esposa era uma famosa atriz do teatro e cantora de ópera, enquanto o marido era um produtor de espetáculos. A combinação perfeita. Eles eram tão ricos, mas ainda assim não tinham o que mais queriam: uma filha. A senhora DellaVinie descobriu bem jovem que era incapaz de engravidar.
Foi no seu aniversário de 23 anos, no dia quando ela completava um ano como principal empregada dos DellaVinie, que Maria foi atacada logo após sair do mercado cheia de compras no fim da tarde e num beco anônimo foi estuprada por uma gangue de cinco homens. Horrorizados pelo fato, os patrões DellaVinie a deram todo o apoio, a internando em uma clínica caríssima para que se recuperasse e então um mês depois daquele episódio de violência Maria descobriu que havia engravidado. Ela considerou imediatamente fazer o aborto, mas os patrões DellaVinie insistiram para que ela seguisse com a gestação: eles queriam aquela criança. E assim foi feito. Maria deu à luz a pequena menina em um parto muito torturante que durou 20 horas e o senhor e a senhora DellaVinie a acolheram como filha a dando o nome de Anja.
Mas o casal DellaVinie só viveu a felicidade junto da filha que sempre desejaram ter por pouco tempo. Quando Anja completou quatro anos de idade, os seus pais adotivos sofreram um acidente de carro e faleceram. De repente a empregada Maria era a única família que Anja tinha. A menina Anja cresceu para ser dona de toda a fortuna de seus pais e nunca ficou sabendo que era adotada, nunca soube que a sua verdadeira mãe era aquela empregada que sempre esteve ao seu lado durante o tempo inteiro. Nunca.
De volta ao presente
- Então a senhora se chama Maria – Dalton a disse agora tão impressionado após ouvir toda a história. – A senhora sempre se recusou a dizer o seu nome.
- A Anja nunca poderia saber. Mas eu me arrependo. Eu me arrependo daqueles quatro primeiros anos da vida dela, porque só em quatro anos aqueles dois esnobes a quem ela chamava de pai e mãe conseguiram estragar a menina para sempre. Foram eles. A culpa foi toda deles pelo que ela se transformou. Precisava ver como eles a mimavam, senhor Dalton. Além de não negar nada para a Anja, eles ainda a incentivavam a humilhar os empregados e ser essa figura arrogante e má que todos conhecem. Eu nunca tive uma chance...
Agora Betinha e Dalton apenas se olhavam, absorvendo todo aquele relato.
- Tábata, vem já aqui – no bordel, Binho chamou por sua esposa.
- O que foi agora? – Tábata perguntou sem paciência se colocando ao lado de Binho atrás do balcão. Os dois olhando para a caixa registradora.
- Tábata, sumiu uma quantia boa de dinheiro daqui.
- E...?
- Você pegou?
- COMO É QUE É? Homem, você está me acusando?!
- Com o seu histórico sendo uma mentirosa de primeira, você ainda se surpreende com uma acusação desse tipo?
- Binho, você está me ofendendo. E muito!
- Olha, desculpa, mas... Caso você tenha pegado o dinheiro porque está precisando de alguma coisa, era só você ter me falado e...
- Não fui eu! NÃO---FUI---EU! Você que deve ter contado errado. Conta tudo de novo, seu cabeça de amendoim. E para de me acusar assim, de me humilhar. Eu já disse que eu mudei. Eu não mereço isso, hein! Não mereço! – Tábata disse saindo, expressando ser a mulher mais injustiçada do mundo, quando era a verdadeira culpada.
Enquanto Dalton e Betinha estavam no hospital esperando pela liberação para entrar na salinha onde reconheceriam o corpo encontrado, Eldora havia recebido a autorização no prédio onde ficava a cobertura para subir com os seus pertences, fazia a sua mudança. Quem a ajudava com tudo era o seu amado Jocler.
Depois que subiram tudo até à cobertura, Eldora e Jocler se abraçaram, se olharam.
- Eu vou sentir a sua falta – Jocler a disse.
- Jerônimo, para com isso. Não é uma despedida. A Betinha já disse que você pode vir aqui todos os dias se quiser para me ver.
- Eldora, você é muito especial para mim, é a mulher mais incrível que eu já conheci. Eu preciso te dizer que... Que...
- Diga.
- Eu sou... Eu... Eu sou apaixonado por você – Jocler disse quando na verdade o que tentou fazer foi confessar que era um detetive infiltrado pela inimiga de Betinha para prejudicá-la, mas não teve a coragem necessária.
O médico finalmente liberou a entrada deles na sala para fazer o reconhecimento do corpo. Entraram Betinha, Dalton, Maria e Verônea veio cabisbaixa logo atrás.
- Quem será aquela ali? – Betinha perguntou baixinho para Dalton sobre Verônea.
- Eu não sei. Talvez alguém da família do Dom Lazar.
Todos ficaram de pé em volta a uma mesa onde o corpo misterioso estava coberto por um lençol cinza muito grosso e pesado. O médico estava pronto para levantar o lençol e fazer a revelação, mas foi quando dois policiais chutaram a porta da sala, arrombaram e invadiram gritando causando um susto enorme em todos ali.
- Afasta! Afasta! Ele está aqui! Nós rastreamos – gritava um dos policias e os dois apontavam as suas armas.
- Quem está aqui?! – Betinha perguntou assustada.
- VAI MORREEER! – quem gritou foi Cachorro Brabo que levantou, pulou debaixo do lençol e já foi logo atirando.
Os policiais agora trocavam tiros com Cachorro Brabo. Maria, Verônea e Betinha se jogaram no chão para se proteger. Dalton faria o mesmo, mas quando Cachorro Brabo pôs os olhos no amado de Betinha, ele fez questão de dar tiros bem na barriga de Dalton. Já os policiais acertaram tiros bem no peitoral de Cachorro Brabo.
Tudo então parou; se calou e se acalmou e Betinha se levantou. Ela olhou para a esquerda e jogado no chão estava Cachorro Brabo, ensanguentado. Ela olhou para a direita e lá jogado estava Dalton igualmente ferido. Os dois homens da sua vida gravemente baleados e à beira da morte.
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