Capítulo 111 - Descalça

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— Perdeu o juízo de vez, Geraldinho? Cai fora, cara! – Betinha disse agressiva. Não iria se deixar intimidar por ele.

— Estou sabendo que você está indo lá para a agência voltar a brincar de ser modelo.

— Está me espionando?! Ah, mas era só o que me faltava. Minha mãe me contou que já teve um que ficou um tempão me espionando debaixo do meu nariz e agora você é outro que se acha no direito de fazer o mesmo? Mas é muita cara de pau. Eu não sou nada tua! Me deixa em paz. Vai viver a tua vida!

— Tão estressadinha. Bem, eu só vim dar um recado e é um bem direto e simples. Eu não vou deixar que você trabalhe como modelo em buraco nenhum até que aceite ser minha.

— Mas quantas vezes será que eu terei que repetir seu maldito?! EU---NÃO---SOU---TUA! Nunca vou ser! Esquece que eu existo.

— Você é teimosa. Isso sim. Bastava aceitar ser minha, só uma vezinha sequer, que eu deixava você ter de volta aquele monte de joia que ganhou e está lá no casarão. Eu deixava você trabalhar de modelo em paz, você pagava as suas dívidas, melhorava a sua vidinha de mulher de presidiário, tendo que fazer visitinhas, mas você não facilita.

— Vai à merda! – Betinha disse por fim e saiu andando a passos largos.

— Vai mesmo arriscar tentar ir brincar de ser modelo mesmo depois da minha proibição? Vai pagar pra ver?! – Geraldinho gritava e Betinha escolhia ignorar.

— Eu acho que eu estou enlouquecendo. Faz uma boa massagem em mim. Estou precisando muito – na boa casa onde eles viviam atrás do bordel, Binho pedia para Tábata deitado na cama.

— Como assim enlouquecendo, meu amor? – Tábata perguntou e começou a fazer massagem nos pés de Binho, fazendo o papel da boa esposa.

— O bordel está falindo. Você sabia?

— Falindo? Mas isso é impossível. O bordel fica cheio todas as noites.

— Então cadê a porra do dinheiro? Pra onde está indo? Eu não sei! Então consegue entender agora porque eu tenho certeza que estou enlouquecendo?!

Tábata ouvia o lamento do seu angustiado marido e sendo a verdadeira culpada pelo roubo constante do dinheiro, apenas se sentia cada vez mais e mais culpada e apenas seguia com a massagem em seus pés.

— Você me irrita, sabia? – dentro da cela da prisão, um dos 12 presidiários que ficavam ali junto de Dalton disse do nada para ele.

— Ei. Que papo é esse agora? Mas o que foi que eu fiz? – Dalton perguntou todo nervoso, inocente.

— Não sou só eu não. A rapaziada toda aqui está ligada em como você fica recebendo visitas constantes da tua mulherzinha que traz comidinha boa pra você, recebe visitas de advogado granfino, que usa terno e gravata cara. A rapaziada e eu não temos nada dessas mordomias não. Então irrita, sabe? Dá nos nervos!

— Eu não estou a fim de provocar ninguém – e Dalton foi se afastando dos homens dentro da cela, com medo agora, se sentindo encurralado.

— É a primeira vez que eu estou percebendo que você tem esses olhos verdes aí e essa boca pequenininha. Acho que se eu fechar os meus olhos e me concentrar pra valer, se eu pegar você de jeito eu até consigo imaginar que estou com uma gata na real – o presidiário tão esquisito e assustador disse para Dalton e tentou tocar os lábios dele com o seu dedo sujo.

— Ih, sai pra lá, cara! Porra! – Dalton brigou e o empurrou.

— Agarrem ele! – o presídio esquisito ordenou.

Logo Dalton foi dominado. Ele foi segurado por quatro presidiários ao mesmo tempo e o restante formou uma fila. Eles curvaram Dalton, abaixaram a sua calça e o presidiário esquisito que era o primeiro da fila abaixou a calça que usava também. Todos estavam preparados para abusar de Dalton.

Na agência, Betinha já estava usando o delicado vestido branco de noiva, um tanto curto, para as fotos que faria.

— É engraçado voltar a usar um vestido de noiva, mesmo que seja só para tirar fotos a trabalho. Já faz tempo que me vesti de noiva e não foi necessariamente um dia muito feliz pra mim – Betinha disse para Robert.

— Então é por isso que você está com essa carinha de quem comeu pudim passado e não gostou com razão? – Robert a perguntou em retorno.

— Não é nada, não. Besteira minha – porque o que Betinha não iria contar para ele é que não parava de pensar na ameaça que Geraldinho havia feito se ela se atrevesse a trabalhar como modelo como ele incrivelmente havia a proibido.

— Bem, então vamos correr com essas fotos porque grávida desse jeito você pode começar a inchar bem na minha frente a qualquer segundo dentro desse vestido – Robert disse e fez Betinha rir.

Robert e Betinha foram para o saguão da recepção da agência. O saguão estava cheio. Havia as duas recepcionistas e mais nove modelos que fariam fotos logo após Betinha. Todos conversavam e riam até que aconteceu. Um carro passou ao lado da agência e TRÁ-TRÁ-TRÁ-TRÁ-TRÁ! Homens armados dentro do veículo passaram metralhando a agência pela parede de vidro. Betinha se jogou no chão, foi para trás do balcão de mármore, mas ainda assim o delicado vestido branco que ela usava para as fotos foi todo manchado pelos riscos de sangue de todos os outros que foram metralhados.

Quando o som das metralhadoras se calou, Betinha levantou-se tremendo, chorando, gritando. Ela mesma não havia sofrido nenhum arranhão, mas ao olhar para os lados, para o chão, via Robert, as duas recepcionistas, todas as nove modelos, todos atingidos.

Betinha saiu correndo para fora da agência.Agora ela estava descalça, assustada, correndo no meio dos carros, realmente no meio da rodovia, balançando os braços no ar, com o vestido todo riscado de sangue alheio, clamando por ajuda.     

     

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Aviso do autor: com este capítulo de nº 111 a novela chega oficialmente na METADE da sua duração total.


> > > Continua . . . 


Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200Onde histórias criam vida. Descubra agora