Capítulo 146 - Piranha

136 21 3
                                    

Anja, segurando a bebê Sabrina, e pisando bem na beirada do telhado, tão lá no alto, escorregou.

Anja perdeu o equilíbrio, mas conseguiu continuar a caminhar. Ela viu aquela portinha, uma entradinha ao lado da caixa d'água e entrou. Assim, Anja acabou encontrando um caminho alternativo por dentro da mansão, saiu pelos fundos, deixou os limites do quintal amplo ao atravessar a cerca feita de arbustos, de plantas, de verde. Escapou.

- Eu vou ver se a Sabrina continua dormindo mesmo – ainda lá fora no jardim, bem na entrada da mansão na companhia de Dalton e Jocler, Betinha disse, secou as lágrimas de seu rosto com as mãos, respirou fundo e entrou.

Ao entrar no quarto de Sabrina, ao olhar dentro do berço e não encontrar a sua filha, Betinha sentiu o seu coração parar por um instante.

- DAAAAALTOOOOON!

Ao ouvir o grito, o clamor, tanto Dalton quanto Jocler correram para dentro da casa.

- A ANJA LEVOU A SABRINA!

Dalton então correu para dentro do salão onde Anja havia levado a grande surra de Betinha, onde ainda deveria estar desmaiada, desacordada no chão. Mas não havia ninguém mais lá.

Anja já andava a certa distância da mansão. Ela caminhava à beira da estrada deserta com a bebê nos braços, a estrada que dava para a mansão, até que o carro de Malvin veio. Ele freou violentamente ao entender que era a sua esposa caminhando ali. Malvin saiu tão alarmado de seu carro que nem fechou a porta. Apenas correu até Anja e então parou de boca aberta ao ficar ali, de pé, de frente para Anja e encarando o seu estado. Os olhos inchados, os cortes, os inchaços pelo rosto inteiro. Ela toda curvada por toda a dor que sentia nas costelas. Um trio de dentes faltando em sua boca agora e até uns bons tufos de sua cabeleira loira retirado.

- Anja... Amor... Mas o quê...?

- Foi o Dalton – Anja disse e fingiu o choro no ato como era especialista em fazer. – Foi horrível, amor. Eu fui enganada e depois agredida de uma forma que... Meu Deus, nenhum ser humano merecia isso.

- Enganada? Do que você está falando? Por que você veio até aqui assim na noite, droga?! E essa criança nos seus braços?

- Amor, eu não quis contar nada para não te alarmar, mas já fazia um tempo que o Dalton estava me telefonando sem parar fazendo ameaças, dizendo que iria fazer uma emboscada para voltar a me agredir como ele sempre fez enquanto éramos casados. Daí hoje ele telefonou todo diferente, dizendo que havia mudado, que havia entendido todo o mal que me fez e que dessa vez só queria me ver para se desculpar de verdade e encerrar com toda essa perseguição.

- E você acreditou naquele monstro?!

- Eu sei. Eu sei. Eu fui muito ingênua em ter bondade no meu coração e ter acreditado no melhor lado das pessoas e eu paguei por isso. Foi uma armadilha. Ao chegar à mansão dele, eu já o encontrei batendo na Betinha, a sua atual esposa. Eu tentei fugir, claro, também para pedir ajuda, mas ele me agarrou e... Meu amor, foi horrível. Ele bateu tanto em mim que... Eu achei que... Achei que eu não ia sobreviver – e Anja fingiu mais choro.

- Ah, eu acabo com aquele monstro!

- Daí depois que ele me bateu tanto, eu aproveitei uma distração dele e ia tentar fugir novamente, mas... Eu ouvi o choro da bebê. Malvin, o Dalton tem maltratado a bebê também, a própria filha dele. Você acredita num horror desses?

- Mas como a Betinha permite que...

- Ela é uma vítima também, Malvin! Assim como eu fui. O que a Betinha pode fazer pra impedir? Então você me entende, amor? Entende porque eu não podia fugir daquele inferno sem levar essa bebê? Só Deus sabe o que aconteceria com a pobrezinha se eu tivesse a deixado lá para continuar vivendo todos esses maus tratos.

- Anja, mas agora o que é que a gente faz com...?

- Temos que fugir – ela foi firme e direta em dizer. – E tem que ser agora, Malvin. Já. Pra fora do país. Abandonar tudo sem nem olhar para trás.

- Partir com uma bebê que não é... Anja, você roubou essa bebê! Eu não posso...

- Então prefere que eu a devolva para as mãos daquele monstro do Dalton?

- Nós denunciamos.

- O Dalton mata essa bebê antes que a justiça lenta desse Brasil aja, meu amor. Entenda! E se a gente continuar por aqui... Ele vai nos encontrar, vai tomar a coitada da bebê de volta. Vamos fugir para o exterior, amor. Agora. Agora!

- Todos os aeroportos já foram avisados. É claro que aquela piranha maníaca vai tentar fugir para fora do país – Jocler disse para Dalton e Betinha.

- Dalton, ela levou a nossa bebê. É a nossa filha, é a nossa Sabrina – Betinha disse arrasada e apertou Dalton tão forte naquele abraço. Mais do que nunca ela precisava sentir como se Dalton fosse a sua âncora enquanto ela se sentia afogando no meio do oceano mais turbulento que já existiu.

Música-tema do amor de Betinha por sua filha, Sabrina.


> > > Continua . . . 



Os Corações Sobreviventes - Capítulo 001 a 200Место, где живут истории. Откройте их для себя