Provocando Amor - Série Endzone - Livro 4

Prólogo

Quando as coisas dão errado, eu pareço ser ruim,
Mas eu sou apenas uma alma cujas intenções são boas.
(Don't Let Me Be Misunderstood - The Animals)

2000
Peter

A minha vida pode ser resumida em duas partes: bons momentos e maus momentos. No primeiro grupo eu posso contar os momentos nos dedos das mãos. No segundo, eu posso escrever uma série de vinte temporadas, com vinte episódios cada. O piloto seria o momento em que tive que deixar a Alemanha, ainda muito pirralho para entender por que eu tinha que sair de casa para ir para outro lugar tão longe!

— Filho, por favor, não faz hora. Eu já expliquei o porquê de irmos para os Estados Unidos. — minha mama pediu.

Ela conhecera um novo namorado alguns meses atrás, e meu pai havia morrido pouco depois dela descobrir que estava grávida de mim, sim, eu sabia.

— Anda, Peterson. Você vai gostar do Marcus, eu juro.

— Eu gosto dele, mama. Pronto, é o que você queria, agora posso ficar aqui?

Ela sorri. Sorrio também porque achei que tinha vencido, mas...

— Não. Arrume suas coisas, pegaremos o primeiro voo da noite.

Achei minha mama louca. Por que ela queria ir para outro país por causa de um homem? Eu nunca viajaria tanto por causa de uma pessoa! É cansativo, e o outro lugar era tão feio que doía. A Alemanha era bem melhor que esse lugar laranja onde as pessoas falam uma língua que não é a minha.

Ela arrumou minha roupa para eu parecer bonito para o namorado dela, mas me desarrumei de novo. Se eu parecer feio, ele pode querer me mandar pra casa. O cara abriu a porta da casa, conversou com ela em inglês, uma língua que aprendi com o meu opa, e fez aquela coisa nojenta de colocar a língua na boca dela.

— Veja só, um garotinho. E aí campeão?

Continuei na tentativa de parecer feio, mesmo levando um tapa na cabeça da mama. Por que os adultos acham que bater me fará fazer o que eles querem?

— O jet-lag deve tê-lo deixado cansado. — ela explicou.

— Sim. Você já contou da Heaven para ele? — ele tocou a barriga da mamãe, e bufei.

Ele precisa mesmo ficar encostando nela? É a minha mama, ele tem a dele.

— Não, eu estava esperando chegar aqui pra você me ajudar. Faça as honras.

O cara se abaixou até a minha altura, com um boné escrito "futebol" em inglês na cabeça e o desenho de um ovo estranho. Fechei a cara mais ainda. Só um tipo de futebol existia na Alemanha e a bola era redonda, não um ovo de uma galinha torta.

— Eu sou o Marcus. Seu novo pai, e da sua irmã, que está na barriga da sua mãe.

Olhei para a mamãe confuso. Por que ela engoliu minha irmã? O papa nunca deixaria isso acontecer! Olhei mais feio ainda pro cara.

— Acho que não está funcionando, Helena. — ele disse.

— Peter, você vai ter uma irmãzinha! Não é o máximo? — a mama falou.

— Você não deveria engolir minha irmãzinha se quiser que eu a ame! Agora ela vai virar cocô. Esse cara é doido, mama. Eu quero meu papa, quero a minha casa!

O olhar que ela lançou me disse que eu deveria correr, e foi o que fiz. Abri a primeira porta que encontrei e vi um quintal com uma árvore grande. Subi o mais rápido que consegui, com medo que o chinelo dela me alcançasse, e fiquei quietinho lá em cima. Ouvi passos, e me encolhi para ela não ver nenhuma parte minha lá embaixo.