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Peter

A Noelle estava certa. A Jeanne deu açúcar para a Gwen num nível que a minha menininha pediu para voltarmos lá durante três semanas, e mesmo eu levando todas as três, sem toda a quantidade de açúcar, ela ainda pediu uma quarta.

Claro que tive que contar uma hora como a Gwen surgiu na minha vida, e a mera menção à Vivian fez caretas surgirem no rosto dos anfitriões. Isso me deixou curioso para saber o que a ruiva tinha dito sobre isso, só não mais que a rotina da Noelle estava me deixando. Ela não estuda tanto mais, mas em todas estas quatro semanas ela sai da mesa antes de terminar a sobremesa, pedindo desculpas e indo para a casa dos fundos, e não volta. A Gwen reclama de sono logo depois disso e tenho que ir com ela para casa. Mas esta noite foi diferente. A Gwen dormiu no meio da janta e está em um quarto, por isso, assim que a Noelle sai, eu me levanto e peço que os pais dela fiquem de olho na minha filha.

— Pode deixar. Você cuida da nossa menina, nós cuidamos da sua. — a Jeanne garante.

— Vocês não notaram nada de estranho?

— O mesmo de sempre. — o Maurice responde. — Dorme cedo, acorda tarde, come pouco, essas coisas que já te falamos.

Atravesso o caminho até a casa apagada e entro em silêncio. Ela está deitada na cama em um pijama de bolinhas, encolhida como um tatu. Fico o mais quieto possível ao tirar os sapatos para entrar no quarto dela, e sento na cama. Ela vira com um pulo.

— Ah meu Deus, que susto! Você pode fazer algum som, sabia? — reclama.

— O que está errado, liebe? Você vem agindo estranho ultimamente.

— Eu não. — contrapõe, e arqueio uma sobrancelha.

— Você sim. Na semana passada seus pais me perguntaram se você não estava fazendo nada proibido. Sei que não, então também não faço ideia da razão para as saídas sorrateiras do jantar. Não conto a eles se você não quiser, mas alguém precisa saber.

— Estou muito cansada. Só isso. Estive estudando bastante nas últimas semanas, e mesmo sendo saudável quanto a isso, me cansa fazer provas e trabalhar.

Esfrego as costas dela, procurando os pontos de tensão. Ela grunhe quando aperto um.

— Muito bom, mas isso não é tudo. Eu estudo com você, lembra? Sei o quanto isso te cansa, e apesar disso, não é tanto quanto você tem mostrado. Gata, vou fazer uma pergunta e quero a resposta verdadeira, tudo bem? Você está vendo o terapeuta?

— Não tanto quanto antes, mas você também não vai mais. — tenta me usar como exemplo, e isso me deixa de cenho franzido.

— Ele me liberou naquele dia. É por isso que não vou mais. E mesmo assim, penso em voltar, muita coisa aconteceu e eu não sei lidar com tudo sozinho. É para isso que ele trabalha, sabia? Para nos ajudar. — cutuco ela, que se afasta com cócegas.

Ficamos em silêncio, e eu mantenho meu rosto perto da cabeça da Noelle.

— Você é doido de ter mantido a sua personalidade real escondida por tanto tempo. É um cara tão legal. — muda de assunto.

— Eu nunca fui nada menos que eu mesmo, Noelle. Talvez o meu jeito meticuloso e arbitrário de lidar com a vida tenham me prejudicado, até por não serem características combináveis na maior parte das vezes, mas é assim que eu sou.

Provocando Amor - Série Endzone - Livro 4Where stories live. Discover now