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Noelle

Eu e aquele cara assistimos a série, cada um em um sofá, por duas horas durante a madrugada, até que a exaustão de não ter dormido a madrugada passada preparando aplicações universitárias me derrubou. Ele deve ter me carregado, porque quando abro os olhos estou no quarto. A cama é tão confortável que decido dormir mais, fazendo jus ao apelido que ganhei dos meus pais - urso - por dormir como posso, quando posso, mas bato a mão em algo que me faz pular de susto.

Um papel. Um bilhete. "Você estava dormindo profundamente, não consegui te acordar. Tirei seus sapatos, estão ao lado do guarda-roupas. P. P."

Meus tênis estão lá de fato. Me preparo para embolar e jogar fora, mas vejo algo atrás.

"Você faz uns barulhos enquanto dorme. Não sei o nome em inglês, mas é bonitinho."

Sorrio e vou me trocar, descendo e encontrando o cara dando comida para a prima do Zack, enquanto os outros estão espalhados pela casa.

— Ronco. Os nomes dos sons são roncos. — digo sem olhar para ele.

— Quem ronca? — a menina pergunta.

— Ela. — o sorriso está na voz dele — Mais uma, Gwen.

— Não, papai. Já comi um caminhão de maçã.

Isso me faz virar para trás de maneira brusca, e derrubo um copo no chão no processo. A colher com a papinha de maçã cai na vasilha quando ele se levanta para me ajudar.

— Não desça da cadeira, liebe. — pede a ela.

Enquanto estamos agachados, sussurro irritada:

— Você é o pai da Gwen?

— Sou. — dá de ombros.

— Ela já é uma criança! — engulo o grunhido que chamaria atenção da menina.

— Eu nunca disse que não era.

Não sei o que fazer. Tento não esboçar nenhuma emoção, mas ele percebe um sinal.

— Sua pálpebra está tremendo de raiva? — indaga.

— Não. Preciso fazer algo. — antes que eu traumatize uma criança fazendo alguma besteira.

Ele não faz objeções, provavelmente ao lembrar que sou uma pessoa com impulsos agressivos. Vou até a academia que o Zack me mostrou ontem, sabendo que eu poderia precisar para me acalmar de alguma crise. Não sinto como se estivesse prestes a explodir, mas no caminho para isso.

O único cara por quem me interesso de verdade nos últimos anos tem uma filha. Assim como o meu pai biológico me tinha, e fingia que não quando estava enganando minha mãe biológica. Pedalo mais rápido ao lembrar do rosto dele, do dela. Da casinha no interior da França na qual vivi enquanto ele ia até a família real dele em Toulon.

Então diminuo a velocidade quando me digo que este cara não é o meu pai. Que a filha dele não é da família que acabou com a minha infância. Que ela é só uma criança, e que eu conheço ela e que ela nunca me fez mal. Só paro de pedalar quando sinto que tenho o controle novamente. Bebo água e esbarro na Brittainy na saída do lugar. Um olhar para o nariz ainda meio torto dela e nada está na minha mente mais.

— Bom dia. Vamos jogar um pouco lá fora, quer se juntar a nós?

Sei que ela já me acha muito esquisita sem me conhecer, mesmo que tenhamos nos aproximado um pouco desde que ela soube que não quebrei o nariz dela por razões pessoais e sim impulsivas, mas não consigo fingir animação.

Provocando Amor - Série Endzone - Livro 4Where stories live. Discover now