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Peter

Trinta e quatro dias, três horas e vinte e sete minutos. É o tempo que estou nesse lugar. Já perdi a conta de quantos caras ameacei arrancar partes corporais se aproximassem de mim com a intenção que tinham. Violência parece que é costume por aqui. Não sei quantas vezes agradeci por ter recebido o "castigo" da solitária. O aniversário da Gwen é em poucos meses, e pensar na minha menininha comemorando o dia com a mãe drogada me dá vontade de ser sentenciado a pena de morte.

Pensei que sairia rápido quando o Terry contou da filha, mas ela diz que não é rápido assim. Me resta continuar aqui brigando com esses caras para ganhar a paz de ficar sozinho em um lugar vazio.

— Peterson Patrowski. — o guarda chama quando me sento no meio daqueles caras após uma noite sozinho.

Nem tentei corrigir a pronúncia do sobrenome, já estava acostumado. O cara mais recente do lugar geme.

— Você recebe visitas quase todos os dias e não pode pedir para alguma delas contatar minha mulher?

— Quando você está aqui por agredi-la? Não.

A recepção dele aqui não foi muito amigável pelo que o trouxe até a cela.

— Ela foi quem me bateu. — ele choraminga.

— Contrate um advogado, eu não sou advogado. Mal me formei no ensino médio.

Recebi as algemas e fui levado ao encontro da minha nova advogada, Julia, a melhor do estado da Georgia para defesa de crimes de pessoas inocentes acusadas, ou foi o que o Terry disse. É a primeira vez que conversarei pessoalmente com ela. Ver ela é olhar para uma versão feminina e menor do Terry. Será que ela pensa nisso quando se olha no espelho?

— Olá Peterson. Sou a sua advogada, Julia Rutherford. Assim que você me ligou fui atrás das provas que você citou, e procurei um juiz. Ele concedeu o habeas corpus após analisar tudo.

— Tão rápido?

— Rápido não, foram vinte e sete dias. Mas foi mais rápido que o Daniel Reagan faria. As vantagens de você finalmente ter contratado um advogado decente. Tive uma palavrinha honesta com uma juíza da primeira corte, apresentei provas e os novos depoimentos que surgiram.

— Novos depoimentos? — indago confuso. Quem faria?

— Sim, de testemunhas que se disponibilizaram ao saberem da sentença. Elena Cavion, a garota que você ajudou a sair do carro do Anthony, foi a primeira. Um barman da festa, que vive em um asilo agora, o segundo. Houveram outros menores, mas a palavra da Elena foi de grande peso.

— Eu liguei para ela assim que descobri do depoimento, através do Reagan ainda. Ela sabe que está correndo riscos, não sabe? Mesmo que trabalhe para o governo.

Lembro perfeitamente de ser avisado do depoimento dela, vinte e seis dias atrás. Fiquei dividido entre agradecer e pedir que ela retirasse o depoimento, porque as pessoas que passariam a ser acusadas não são muito queridas.

— Sabe, mas há quem ainda ache que a honestidade pode salvar o mundo. A juíza acatou sua liberdade após analisar as provas e conversar com as testemunhas, além de pedir que você entre para a polícia quando puder. — comecei a negar, mas ela não deixou — É uma grande oportunidade. O salário é estável para você cuidar da sua filha, você pode entrar em uma faculdade e inclusive ajudar a investigar algumas coisas dentro delas. É mais fácil quando se é um aluno.

Provocando Amor - Série Endzone - Livro 4Where stories live. Discover now