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É hora de se libertar, sair e começar de novo.
(High Hopes - Kodaline)
Peter

Na hora do almoço daquele mesmo dia, todos sentam do lado de fora, conversando sobre temas aleatórios entre si. Quando sento, a Heaven me encara com aqueles olhos da mamãe e mostro a língua para ela. Ela levanta o dedo do meio sutilmente para o meu gesto, e finjo estar ofendido, conferindo se a Gwen não viu isso, mesmo que esteja em um lugar separado.

— Então, hm, Peter. — o Zack limpa a garganta — Nós temos algumas dúvidas quanto ao que você fez.

Desço o garfo que estava na direção da boca, apesar do estômago reclamar.

— É só dizer.

— Do que você foi acusado, quanto você fez e não fez?

Inclino a cabeça.

— Saí da prisão, não saí? Não teria ganhado a liberdade se tivesse feito algo.

— Certo. Fico feliz por isso. Todos ficamos. — diz honesto — Eu queria pessoalmente pedir desculpas por cada briga que tivemos, e queria, hm, recomeçar com você.

Encaro ele.

— Vamos recomeçar com você quase me beijando de novo? Acho que a Brittainy não gostaria disso.

A Heaven engasga com o aipo, recebendo ajuda do namorado para desengasgar.

— Uma vez. Foi uma vez que nós trombamos e eu caí em cima de você. Tínhamos oito anos, por favor. — resmunga.

Sorrio, mas ainda me lembro da sensação repugnante de ter a bochecha babada pelo Zack naquela queda que quase nos matou, mas nos tornou amigos. A baba acabou escorrendo para a minha boca e eu... digamos que só fui querer saber de beijar meninas aos quatorze anos, lembrando do gosto nojento de salgadinho de milho. Como ele se tornou meu amigo depois disso não sei explicar, crianças são estranhas.

Pensando em crianças, encaro a minha filha que aproveita a distração da ruiva sentada ao lado para jogar todas as ervilhas no prato dela.

— Gwen. — chamo, e ela me olha inocente — O que você está fazendo?

— Eu e a tia Noelle fizemos uma troca. Eu dou as ervilhas, ela me dá o frango.

A ruiva olha para a minha filha, não para mim, ao dizer:

— Sou vegetariana, não vi que tinha frango no macarrão.

As duas parecem inocentes demais para uma discussão. A Noelle talvez por não ter filhos.

— Bem, mesmo assim você vai comer as Erbsen. Pode comer este frango, mas você precisa comer algo verde também, senão seu arco-íris perde uma cor.

Nessa coisa de ser pai, inventei que crianças têm um arco-íris a se colorir em toda a refeição, de cinco cores, mas ainda assim. A Gwen ainda está descobrindo o que não gosta, mas rejeita algumas coisas pela aparência. Os outros continuam conversando, mas eu me desligo deles para observar a interação entre a minha filha e aquela garota francesa.

Como a Gwen não gosta das ervilhas,  a garota serve brócolis para ela. Minha filha devora o brócolis e sorri para mim, e isso faz com que eu ganhe um olhar com sobrancelhas laranjas arqueadas. Me afasto para levar o meu prato para a lavadora quando o almoço termina, e estou jogando o que sobrou no lixo quando sinto uma presença atrás de mim.

Provocando Amor - Série Endzone - Livro 4Where stories live. Discover now