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Noelle

Quando as férias de verão chegam ao fim em setembro e todos os meus amigos enfim vão para as universidades, postando a conquista nas redes sociais, me sinto doente. O Peter, que sai comigo todo final de semana agora, percebe minha angústia e o por que dela e toma o meu celular de mim.

— Limites, Noelle. Limites.

Grunho, tentando pegar de volta, mas ele é mais alto.

— Isso está te deixando doente, você percebeu? Como se você não fosse incrível. Como se algumas pessoas não precisassem de um tempo antes de entrar na faculdade, para respirar, e tá tudo bem precisar desse tempo. Ninguém é obrigado a amarrar um ano de estudos ao outro, por vezes isso nem é saudável.

— Meu cérebro vai atrofiar e eu nunca vou aprender nada novamente. — resmungo.

— Quem te disse isso, gata? Seus neurônios vão continuar aí. É só exercita-los.

Resmungo, mas ele não cede. Irritada, ataco sem pensar:

— Como se você não quisesse ir para a faculdade antes de ser impedido de fazer qualquer coisa.

Me arrependo logo em seguida. Não foi culpa dele e ele perdeu tudo que poderia ser. Ele segura meu queixo.

— É claro que quero, mas não poderia antes ou agora. Faculdades são caras por aqui. Eu teria que trabalhar o dobro e não veria a Gwen mais.

— Você nunca vai para a faculdade, então?

— É claro que sim. Só não agora, pra quê ter pressa?

Balanço a cabeça.

— Eu queria ter a sua paciência, Patrowski. — resmungo.

— O mundo moderno tem obrigado as pessoas a quererem tudo o mais rápido possível. Pra quê a pressa, me diz? Para chegar aos trinta anos infeliz e insatisfeito, querendo poder ser jovem novamente? Viva um dia de cada vez, e use isso aqui — balança o celular — para te ajudar, não para te fazer desejar uma utopia. Posso te falar uma verdade, Noelle?

— Pode. — digo, apesar de ter medo do tipo de verdade que ele vai dizer.

— Você não precisa seguir os planos que fez para ser feliz. Na verdade, os planos que criamos nunca vão dar totalmente certo, sempre vai ter algo para te desviar do caminho e fazer você pensar que fracassou. Você não pode fracassar sem nem tentar. E mesmo se fracassar de verdade, faz parte. Cometemos erros não para fazer os acertos parecerem melhores, mas para entendermos que não podemos ser tudo.

Fico calada, olhando para o chão.

— Ei. — ele chama, e eu olho para cima — Eu acredito no seu potencial. Se este é o seu maior sonho, persiga ele então.

Dou uma risadinha sem graça.

— Quem me dera se o meu maior sonho fosse simples assim.

— Qual é então? Se for te fazer sentir melhor por dizer, o meu é ter um diploma em engenharia mecânica. Quase impossível, mas sonhar é de graça. — ele chuta uma folha no chão, parecendo triste.

— É mesmo muito difícil um cara inteligente entrar na faculdade. Você só precisa fazer a prova.

— Acontece, gata, que não é de graça. Não pule a vez, diga qual é o seu maior sonho. — insiste.

Provocando Amor - Série Endzone - Livro 4Where stories live. Discover now