Capítulo 5 - Discussão na Colina

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No Planeta Atlas

Calixto entra na sala do comandante Jordão carregando uma mochila. A especialista em Stalls é uma linda mulher de pele negra. Apesar de já ter quase quarenta anos ela tranquilamente passaria por uma jovem de vinte e poucos anos.

Jordão a recebe de forma protocolar, ele não está com muita paciência para ser um bom anfitrião.

Felizmente Calixto também não quer perder tempo e já começava a falar.

- Comandante, assim que recebi os relatórios e vídeos dos alienígenas, eu fiquei dias analisando o material minuciosamente. Eu vi os vídeos do Quatro Braços, e alguma coisa pareceu ser familiar. Demorei muito para perceber o que era.

Calixto então tira um terminal portátil de sua mochila e o põe sobre a mesa. E continua a falar.

- Eu só mostrei a minha descoberta para Thalia, o senhor entenderá o porquê.

Jordão faz um sinal afirmativo com a cabeça e Calixto prossegue:

- Provavelmente o senhor vai se lembrar, que há alguns anos atrás, conseguimos tomar uma base Stall no Planeta Novax. O local estava quase que totalmente destruído. As bombas geralmente não deixam muita coisa para a gente estudar.

Na base em questão eles tinham umas câmaras subterrâneas que quase não foram atingidas pelas explosões. Uma delas era claramente um local religioso. Não sabemos que proporção da civilização Stall é religiosa, mas certamente uma parte dela é composta de crentes.

Calixto usa o terminal e na tela do aparelho aparecem imagens da base Stall e da câmara descrita. A próxima imagem mostra o que aparenta ser um altar. Então Calixto fala:

- Nossos peritos acreditam que neste altar havia pequenas estátuas. Possivelmente duas. Uma explosão arremessou uma grande rocha contra os artefatos religiosos. As peças sagradas foram esmigalhadas. Esse pó aqui junto a parede era delas, eram feitas de uma espécie de cerâmica muito delicada. Apenas pequenos fragmentos sobraram, dois pés de um indivíduo stall, possivelmente do sexo feminino, e também isso aqui. Não sabíamos o que era até agora, pensaram na época, que talvez fosse algum tipo de chapéu ou adorno de cabeça, mas você vê que não é isso.

A imagem do pequeno fragmentos estava em um lado da tela, e do outro lado havia uma imagem do Quatro Braços.

O artefato encontrado na base Stall, há alguns anos, era exatamente igual a crista que aquele crow possuía no alto da cabeça. O exato padrão das listras, dimensões, curvaturas, até mesmo as cores. Calixto continuou.

- Eu não sei como não percebi isso antes, acho que era tanta informação que eu não vi algo tão óbvio. Eu estudei esses fragmentos na época de seu descobrimento, mas fiquei anos sem vê-los. Enfim, eu peço desculpas, minha falha pode ter comprometido o esforço de guerra. Acho que eu sou uma especialista de merda afinal.

A verdade é que Jordão não prestou a mínima atenção ao desabafo de Calixto. Ele estava totalmente absolvido em seus pensamentos. Ele pensava "como aquele filha da puta conseguiu nos enganar assim, esse Quatro Braços Stall de merda, mas eu vou arrancar as tripas desse desgraçado".

---x---

O Quatro Braços se aproxima do grupo de prisioneiros humanos. Eles inicialmente não dizem nada, mas ele percebe as expressões nas faces de seus "aliados". Eles estão com ódio.

O Quatro Braços sabia que os humanos eram capazes de qualquer coisa quando dominados pelo ódio.

Estela é a primeira a falar:

- Eu exijo que nós liberte seu alienígena de merda!

- Está bem. - diz o Quatro Braços enquanto faz um sinal para Bule.

As cordas são cortadas pelos havas e os humanos não sabem o que fazer. Eles se afastaram alguns metros, um deles, que atende pelo nome de Ismael, se afasta um pouco mais, e ameaça sair correndo, mas parece lembrar que não saberia para onde ir.

Augusto então diz:

- Exigimos ser levados para Atlas imediatamente!

- Eu não terminei de montar o teletransportador ainda, assim que ele estiver operacional eu envio vocês. - disse o Quatro Braços.

- Você está louco se achar que eu entro em uma cápsula novamente, mande a posição desse planeta para Atlas para eles mandarem uma nave nos resgatar! - disse Estela.

- Isso seria um problema, esse planeta é muito distante de Atlas. Uma nave de vocês levaria cerca de nove ou dez anos para chegar aqui, e o mesmo tempo para voltar. A capacidade de viagens interestelares de sua espécie é muito precária. Mas se você quiser esperar, tudo bem, eu aviso Atlas.

- Onde está a "caixa", você vai devolvê-la para nós! - disse Augusto.

- Dora está em um lugar seguro. Ela está acompanhando o que dizemos pelos microfones dos batalhoídes. E eu não vou devolvê-la. Ela não é um objeto para ser devolvida, ela é um ser consciente e nós temos uma aliança. - disse o Quatro Braços.

Os alto falantes do batalhoíde mais próximo começaram a funcionar e e a voz familiar de Dora saiu por eles:

- Saudações humanos. Esqueçam esse negócio de me levar de volta. Não tenho ressentimentos. Podemos até trabalhar juntos, agora se quiserem um novo inimigo eu estou aqui com meus batalhoídes e quase mil POCs na órbita desse planeta.

Os batalhoídes se movimentaram, cercaram os humanos e apontam as armas para eles. Os humanos levantam as mãos em sinal de rendição e Augusto ficou a frente do grupo e disse:

- Vamos nos acalmar, nós retiramos o que dissemos sobre você Dora. Eu vou levar a sua mensagem para o comando de Atlas.

Os batalhoídes recuam e deixam de apontar as armas para o grupo humano.

Então Estela fala:

- Quatro Braços? Você não vai explicar o motivo porque nos traiu? Que porra de planeta é esse? O que você pretende com tudo isso? E o que tem naqueles prédios ali adiante? Você não vai explicar nada?

- Você ainda não tinha perguntado sobre esses assuntos. - responde o Quatro Braços.

O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora