Capítulo 25 - Para a Floresta

131 114 2
                                    

No Planeta Mater

No meio da vegetação o silêncio é quase completo. Portla olha para a pequena tela de seu aparelho de comunicação. A imagem vem da câmara de vigilância escondida perto da trilha.

A imagem mostra a criança alienígena tentando ficar de pé, ela está fraca e tem muita dificuldade ao dar os primeiros passos.

Ele percebe que ela é da mesma raça dos soldados que ele enfrentou nas montanhas do outro planeta.

O comunicador toca. É Dora:

- Temos havas chegando. Vamos ter que mudar o local da operação. Pegue a criança e a leva para a posição que estou marcando no seu mapa. Um veículo vai se encontrar com vocês lá. E Portla, seja cuidadoso com essa menina, se você a machucar eu vou machucar você. Execute a ordem agora.

Portla sai andando pelo mato, a trilha fica a menos de duzentos metros.

Ele chega a trilha e a menina começa a gritar. Ela tenta correr e cai. Portla pega uma corda em sua mochila e amarra a menina, a qual não tem forças para resistir. Ele pega as rações e as coisas dela e coloca em sua mochila.

Ele sai andando carregando sua pequena prisioneira e logo chega a uma área descampada. O veículo terrestre autônomo já o esperava.
Ele embarca e coloca a menina amarrada no assoalho do pequeno veículo, o qual entra em movimento.

---x---

Os soldados humanos guiam os refugiados até a floresta. Felizmente são só novecentos metros até a vegetação começar a ficar mais fechada.

Nina usa sua habilidade em lidar com as pessoas para apressar os refugiados, porém sem os levar ao pânico.

Esther carrega Michel no colo. Drica vai um pouco a frente, ela se vira e sorri, querendo transparecer que não está com medo.

Esther se lembra que mais de uma vez Drica falou que queria ser uma soldado corajosa quando crescesse, e que Maia se preocupava com isso. Ela preferiria que Drica fosse uma civil como ela.

Carlos fica aliviado ao ver os primeiros refugiados adentrarem na floresta.

Fernanda e o grupo dela estão chegando. Ela carrega um menino de três anos no colo. Carlos suspeita que aqueles soldados são algum tipo de unidade especial, a conversa que eles estavam tendo com Aline não era um bom sinal.

Fernanda diz:

- Precisamos nos afastar o máximo possível, sempre é possível que um dos lados use uma arma de destruição em massa.

- Sim, mas temos que ter cuidado para ninguém se perder do grupo. – disse Carlos.

Os refugiados pararam assim que chegaram na floresta como haviam sido orientandos.

- Certo, vamos organizar isso. Vamos deixar os refugiados no meio.  – disse Fernanda.

---x---

As nuvens de chuva aparecem no horizonte, iria chover naquela tarde. Trivio sobrevoava o acampamento humano. Ele não entendia as relações entre aquelas espécies alienígenas. Se diziam aliadas mas não confiavam uma na outra. E ainda tinham facções internas que as vezes entravam em conflito.

Então Dora chamou no rádio:
- Inimigos chegando em cápsulas. Se preparem para atacar.

---x---

Truto está na cápsula que acaba de sair do hiperespaço. O paraquedas se abre normalmente. Ele tem a esperança dessa ser uma missão sem incidentes.

Na mesma cápsula está Rotre, um dos comandantes da missão. Ele se prepara para fazer uma transmissão para o campo de trabalho, porém um chamado de rádio chegou primeiro. Uma voz hava fala ao rádio.

- Atenção cápsulas que chegaram a esse planeta. Nós o dominamos e em breve dominaremos todos os mundos hava. Se rendam e suas vidas serão poupadas. Depois que suas cápsulas pousarem saíam sem armas e com as mãos levantadas.

Rotre aperta um botão do rádio e o equipamento passa a emitir um código simples e continuo. Aquilo sinalizava para todas as cápsulas que eles estão sob ataque. Janelas são abertas nas laterais das cápsulas e os guerreiros se posicionam com as armas.

Pelo rádio um hava diz que avistou uma aeronave. Rotre diz:

- Pode abrir fogo!

Truto está na janela quadrada de trinta centímetros de lado e aponta sua arma de feixe de partículas iônicas.

Ele vê a aeronave passar em alta velocidade. Ele tenta mirar a
arma, mas o alvo já havia saído seu ângulo de tiro.

Outra cápsula consegue atirar, porém erra o alvo. Outras aeronaves chegam. Um feixe de partículas atravessa a cápsula. Rotre é atingido na cabeça e uma porção de massa encefálica fervente atinge o peito de Truto queimando sua pele.

Enquanto Truto joga a água de seu cantil sobre a queimadura, ele vê pela janela que um feixe de partículas atingiu um paraquedas, o qual se incendeia deixando a cápsula despencar.

Outro feixe de partículas atinge a cápsula de Truto, passando a dez centímetros das costas dele.

Pelo rádio Truto percebe que os havas estão sendo dizimados. Um hava grita enquanto a cápsula em que ele está despenca pelo ar. Os inimigos perceberam que os paraquedas são feitos de material extremamente inflável e passam a atirar neles.

Truto imagina que a cápsula dele terá o mesmo destino. Ele usa o corpo de Rotre, cobertores, pacotes de roupas e tudo que fosse macio, para fazer um colchão improvisado no piso da cápsula e se joga sobre ele, um instante depois o paraquedas é atingido.

---x---

A aeronave de Trivio passa por entre os paraquedas em chamas. O Riva acha que as melhorias feitas em sua aeronave funcionaram muito bem, as asas foram remodeladas e o ângulo delas foi alterado. A estrutura foi reforçada e os motores foram vetorizados.

Ele ganhou muito mais manobrabilidade, e agora fazia manobras que ele achava impossíveis anteriormente.

O sistema de mira agora funcionava muito bem, a retirada de uma das armas alterou o centro de gravidade da aeronave e melhorou o desempenho dela nas curvas fechadas.

Os novos POCs também participaram do ataque. As asas e novos sistemas deles eram ótimos. Eles não eram tão ágeis, mas eram muito rápidos, com os quatro motores podiam facilmente quebrar a barreira do som.

Então uma nova série de cápsulas saiu do hiperespaço. Porém os paraquedas não abriram.

Trivio pensou por um instante que podiam ser bombas. Porém pequenas asas retráteis se abriram e elas passaram para um voo horizontal.

As aeronaves que eram mais ágeis iniciaram a perseguição. Trivio se aproxima de um dos objetos, ele percebe que ele não tem motores, está apenas planando.

A arma de Trivio atira e atinge o objeto que perde o controle e se espatifa contra o solo.

Outros dois objetos são atingidos por outras aeronaves.

Os objetos voadores planam até áreas de mata fechada e diminuem a velocidade e altitude.

Então paraquedas saem de suas caudas e os objetos são freados e descem sobre a floresta.

Dora entra em contato:

- Joguem bombas nos locais de pouso dessas coisas.

- Só temos seis bombas.

- Certo, lancem elas e atirem com as armas nos outros.

Trivio se aproxima de um local de pouso. Ele vê o buraco na copa das grandes plantas alienígenas. Ele marca o local com um laser e trava a bomba guiada. Ele libera o armamento e poucos segundos depois uma grande bola de fogo se levanta na floresta.

O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora